O dia 28 de maio chama atenção para uma importante temática de saúde pública, a redução da mortalidade materna. O Dia Nacional da Redução da Mortalidade Materna traz luz aos diferentes problemas e situações clínicas que podem causar a morte de gestantes. A Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC-UFRN), vinculada à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), é uma instituição com papel ativo nesse combate, desenvolvendo assistência segura e ações de monitoramento.
Segundo explica Maria da Guia de Medeiros Garcia, Ginecologista da MEJC, o conceito de morte materna se refere à “morte de mulheres durante a gestação ou dentro de um período de 42 dias após o término da gravidez, devida a qualquer causa relacionada com ou agravada pela gravidez ou por medidas tomadas em relação a ela, porém não devida a causas acidentais ou incidentais”. As principais causas de morte materna, elenca Maria da Guia, são as síndromes hipertensivas, hemorragias, infecções puerperais e as complicações do aborto que, segunda a profissional, são responsáveis por 66% das mortes maternas no país.
“As síndromes hipertensivas, principal causa de morte materna, ainda não se conhece detalhadamente o seu mecanismo na gestação, contudo há um consenso de que ela e suas complicações resultam, entre outras causas, da má adaptação do organismo
materno à sua condição de gestante. A alimentação desequilibrada, a obesidade, o excesso de sal e o sedentarismo são motivos que contribuem para o surgimento do problema. O começo dele, contudo, parece estar na formação anormal da placenta”, explica Maria da Guia.
De acordo com a médica, os fatores de risco para hipertensão gestacional incluem: raça negra; nuliparidade; gravidez gemelar; pré-eclâmpsia na gravidez prévia; hipertensão arterial; doença renal crônica; diabetes mellitus tipo I ou tipo II; diabetes gestacional; obesidade; história de trombofilia; fertilização in vitro; história familiar de pré-eclâmpsia; lúpus eritematosos sistêmico, baixo nível socioeconômico e idade materna avançada. “A resolução desses problemas depende da frequência e da qualidade do pré-natal e da qualidade da assistência ao parto”, ressalta.
Estratégias para combater a morte materna
Maria da Guia destaca que o pré-natal de boa qualidade é a principal arma para evitar a morte materna. “Para que o pré-natal seja considerado efetivo, a recomendação da OMS, é que sejam realizadas, no mínimo, seis consultas, por um profissional habilitado e no terceiro trimestre da gravidez, período risco aumentado para as complicações, há necessidade de uma vigilância mais assídua”.
O pré-natal também possui a função de orientação, além da ação preventiva e terapêutica, proporcionando suporte para diminuir a ansiedade materna durante a gestação, parto e puerpério. Maria da Guia destaca que as mulheres que recebem orientações sobre o período gestacional, parto e puerpério, em geral, apresentam menor ocorrência de complicações no ciclo gravídico puerperal.
A profissional ressalta que a mortalidade materna continua sendo uma epidemia que atinge os países em desenvolvimento especialmente mulheres de classe econômica menos favorecida e pela desigualdade social. “Para redução destas mortes devem ser propostas um planejamento familiar adequado, que impeça a ocorrência de gravidez indesejada, assistência ao pré-natal de boa qualidade, acesso aos exames e terapêutica em momento oportuno, equipe qualificada e vinculação a maternidade com estrutura adequada. A gestação é um processo fisiológico, porém passível, a qualquer momento, de complicar e ceifar a vida da mãe e do feto”, alerta.
Imagem: Divulgação
Fonte: Agecom/UFRN