Apesar do risco que imóveis fechados apresentam quanto à possibilidade de desenvolverem focos da dengue, é nos domicílios habitados onde esses focos são encontrados em maior quantidade. Em Natal, 70% está nos imóveis abertos. Somente neste ano, o boletim mais recente da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) contabiliza 442 notificações por dengue com 71 casos confirmados, até o dia 17 de fevereiro quando encerrou a 7ª semana epidemiológica de 2024. A equipe da SMS observou um aumento de 62,5% na contagem de ovos coletados, quando comparado ao mesmo período do ano de 2023.
As chuvas que estão caindo nesses últimos dias devem aumentar a atenção da população, pois é na água parada e limpa, mesmo em pequenas quantidades, que o mosquito Aedes aegypti, transmissor das arboviroses como dengue, chikungunya e zika, se reproduz. “O que preocupa são os imóveis habitados porque quando a gente faz o nosso levantamento de índice, a gente vê que 70% dos focos que a gente encontra está dentro dos domicílios que a gente visita. É um dado que corrobora com os do Ministério da Saúde, que diz que 75% dos focos estão dentro dos domicílios”, explica o chefe da Unidade de Vigilância de Zoonoses (UVZ) da capital, Jan Pierre Araújo.
A preocupação aumenta quando se observa que desses focos encontrados nas casas com moradores, cerca de 60% estão em depósitos que a secretaria classifica como “extremamente evitáveis”. “Vai desde a garrafinha pet, que as pessoas ainda insistem em deixar no interior de seus imóveis; potes de sorvetes, de manteiga, que eles reutilizam para outras atividades, mas acabam descartando de forma incorreta e virando criadouros; garrafas de vidro. Tudo isso ainda é a problemática principal”, conta.
As maiores incidências de dengue, que é a quantidade de casos, dividida pelo número de habitantes e multiplicada por 100 mil, aparecem em bairros da zona Norte, como Redinha (147,36%), Pajuçara (112,74), Salinas (86,81%) e Lagoa Azul (80,34%); zona Leste, tendo a Ribeira (147,06%) e Tirol (69,61%) com maiores índices; e zona Oeste, onde Planalto (115,18%) e Felipe Camarão (73,47%) lideram o número de casos.
Para combater o problema, um trabalho coordenado, que envolve a vigilância de zoonoses, vigilância sanitária e Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb), tem sido intensificado. As visitas dos agentes às casas continuam acontecendo e, quando o imóvel está fechado, há todo um procedimento a ser adotado. “Nossos agentes identificam no trabalho de rotina, ou chegam informações através de denúncias. É colocado um aviso para que o dono tome providências e depois o agente retorna para verificar a pendência”, relata Jean Pierre.
No caso de não haver moradores, a Secretaria de Tributação é acionada para identificar o imóvel e seu proprietário.
As denúncias sobre locais que possam estar favorecendo focos da dengue, seja por abandono ou por negligência, podem ser feitas pelo aplicativo Natal Digital, na aba Zoonoses e Denúncia de Arboviroses. Pode ser feita, ainda, pelo telefone oficial (3232-8235) que também é cadastrado para mensagens via whatsapp.
Arboviroses
De acordo com o boletim da SMS, no que diz respeito ao comportamento das arboviroses circulantes na capital (dengue, chikungunya e zika), foram notificados 493 casos. Os de dengue representam maior volume com 89,7% das notificações, seguidos de chikungunya (11,4%) e zika (1%).
Comparando-se as sete primeiras semanas epidemiológicas de 2023 e 2024, há um aumento de 67,8% nos casos registrados. Contudo, segundo a SMS, o município de Natal possui uma alta taxa de subnotificação onde, para cada um caso de arbovirose notificado, estima-se oito que não foram notificados para alguma das arboviroses circulantes.
Os sintomas dessas doenças são semelhantes. Ambas podem apresentar febre e dores de cabeça, nos músculos ou articulações. Porém, a pessoa acometida pela dengue pode apresentar ainda dor nos olhos, mal-estar, náusea, falta de apetite e manchas vermelhas no corpo. Essas manchas são semelhantes em quem está com Zika e que pode apresentar conjuntivite também. Erupções na pele é um sintoma de Chikungunya, acompanhado de fadiga, calafrios e náuseas.
Para as três arboviroses a prevenção é a mesma: evitar que o mosquito transmissor se prolifere, eliminando água parada e limpa. É recomendável acondicionar bem os depósitos de armazenagem de água e evitar deixar lixo, água da lavanderia ou caixa de gordura expostos. Pode ainda se proteger com barreiras físicas, como mosquiteiros, no momento de descanso noturno e usar repelente.
Bairros com maiores incidências de dengue em Natal
Redinha – 147,36% (15 casos)
Ribeira – 147,06% ( 2 casos)
Planalto – 115,18% (22 casos)
Pajuçara – 112,74 (57 casos)
Salinas – 86,81% (1 caso)
Lagoa Azul – 80,34% (46 casos)
Potengi – 74,19% (42 casos)
Felipe Camarão – 73,47% (38 casos)
Tirol – 69,61% (11 casos)
Igapó – 67,37% (19 casos)
N. Sra da Apresentação – 64,75% (45 casos)
Guarapes – 63,76% (4 casos)