Na comunidade do Umarizeiro, localizada no município de Lagoa Nova, mulheres colocam a mão na massa para produzir alimentos e empreender. Para auxiliar essas empreendedoras, o projeto de extensão Formação sociopolítica e técnico-econômica na economia solidária atua há três anos, elaborando atividades e assessorando, gratuitamente, aquelas que produzem o sustento para suas famílias. Neste ano, a equipe está focada nas dez integrantes do grupo Sabores e Delícias do Umarizeiro.
O projeto faz parte da incubadora Oasis (Organização de Aprendizagem e Saberes em Iniciativa Solidária), vinculada ao Centro de Ciências Sociais Aplicadas. O objetivo é prestar assessoria com as demandas administrativas e nutricionais, visando a sanar problemas relacionados à oferta de alimentos de panificação na cidade e facilitar o acesso do grupo feminino ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Além disso, trabalhar o empoderamento e a qualidade da gestão das participantes para melhor resultado no negócio.
O grupo das Umarizeiras existe há nove anos. Formado por moradoras locais que viram na cozinha oportunidade de empreendimento. Além dos editais do PNAE em municípios do estado, elas também encontram oportunidade de venda em feiras da agricultura familiar de Natal e João Pessoa. Entre os produtos ofertados, estão bolos, pães, bolachas e biscoitos de variados tipos e sabores.
Maria Lindete é uma das integrantes e foi motivada a participar para somar economicamente nas despesas de casa. “O projeto nos ajudou muito, até porque foi depois que eles começaram a nos acompanhar, que conseguimos participar dos editais para o PNAE. Essa renda tem feito a diferença na minha casa”, diz a empreendedora.
“As mulheres estavam com dificuldade para fornecer para o PNAE do município, então a gente articulou com a prefeitura, com as equipes locais de nutrição e de saúde, porque elas precisavam de um aparato para fazer o grupo funcionar”, explica o coordenador do projeto, Washington José de Sousa, professor do Departamento de Administração Pública e Gestão Social da UFRN.
Somente em 2022, quando iniciou os trabalhos em Umarizeiro, os resultados foram proveitosos e significativos para a extensão universitária e para as famílias beneficiadas. “Quando a gente chegou, as mulheres tinham uma renda mensal de 30 reais por mês, mas, nos últimos três meses do ano passado, elas chegaram a ter renda média de 500 reais, então subiu significativamente”, destaca o coordenador.
Em cada mês, os universitários e coordenadores se reúnem com as mulheres para dialogar sobre o andamento das vendas, a realização do PNAE e o acompanhamento das chamadas públicas que elas participam. Também auxiliam na execução dos produtos e na elaboração das receitas com as fichas técnicas para melhor visualizar os custos e gerenciar a produção. Além disso, há momentos para debater temas a respeito da alimentação saudável, economia solidária e o que é o Programa Nacional de Alimentação Escolar.
Segundo Washington, a equipe de extensionistas trabalha principalmente com mulheres em situação de vulnerabilidade doméstica, apoiando e apresentando perspectiva de possibilidade de renda para esse público. “São pessoas reprimidas que vivenciam o machismo no dia a dia. Trabalhamos com a perspectiva da economia solidária, não apenas para a geração de renda, mas pensando na mulher dona de casa que se sente constrangida ou sob ameaça do marido”, explica o coordenador do projeto.
Imagens: Cedidas
Fonte: Agecom/UFRN