O Rio Grande do Norte desponta como um dos melhores lugares no mundo na produção de energias renováveis e de produtos verdes (Power-to-X). Porém, o crescimento desse setor no estado é dificultado pela inexistência de uma infraestrutura exclusivamente dedicada a fazer proveito dessa vantagem. Foi para remediar isso que o grupo de pesquisa Inovação de Produtos e Processos para Energias Renováveis (Creation), vinculado ao Centro de Tecnologia (CT), estudou e desenvolveu o modelo conceitual de um porto-indústria verde para o estado.
Desde 2017, o Creation estuda possibilidades e diretrizes para o desenvolvimento do porto no Rio Grande do Norte. Em 2019, o grupo apresentou ao Governo do estado um projeto com o objetivo de definir bases e ações para o desenvolvimento da economia renovável no estado, visando à exportação de produtos verdes. O Governo, então, juntou forças com a UFRN, e, por meio de um convênio de 2021 a 2023, foram alcançados resultados, como a identificação da demanda portuária pelos setores econômicos do estado, a avaliação da localização geográfica para um novo porto e o projeto conceitual do porto-indústria verde e um estudo de viabilidade.
Uma pesquisa do Instituto de Sistemas de Energia Solar (ISE) Fraunhofer, da Alemanha, aponta que, apesar de o Rio Grande do Norte ter um bom potencial eólico devido à localização costeira em que se encontra, os portos do estado não favorecem a produção de energias verdes por serem usados apenas para transportar carga. Portanto, há a necessidade da construção de um novo porto voltado para a fabricação de produtos verdes que utilizem energias renováveis.
De acordo com Mario Gonzalez, líder do Creation e professor do Departamento de Engenharia de Produção (Dep), o porto vai ser um centro industrial. “Serão fabricados os principais componentes de um parque eólico offshore, como também produtos como hidrogênio verde, e-metanol e fertilizante verde”, afirma. O engenheiro aponta que esses produtos requerem agregação de valor local e possuem grande demanda no mercado internacional. Além disso, o porto será usado para expandir a produção de mercadorias que já beneficiam a economia do Rio Grande do Norte, como mineração e pescados.
Pesquisas extensas realizadas pelo Creation com a parceria de pesquisadores do Reino Unido e da Dinamarca apontaram a área entre os municípios de Caiçara do Norte e Galinhos, no interior do estado, como a localização ideal para a construção do porto-indústria verde, com uma retroárea de mais de 13 mil hectares. A obra está prevista para iniciar em 2026. A construção será fundada por uma parceria público-privada, com o Governo já tendo garantido acordos com investidores. O poder Federal incluiu, em agosto deste ano, o projeto do porto-indústria no novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Para melhor estudar as possibilidades de um porto-indústria no Rio Grande do Norte, os pesquisadores do Creation também visitaram infraestruturas desse tipo em países como Inglaterra, Dinamarca, Bélgica, Holanda e Alemanha. Posteriormente, o grupo divulgou os resultados em publicações e eventos de importância mundial.
Imagens: Divulgação
Fonte: Agecom/UFRN