De acordo com a Associação Brasileira de Startups (Abstartups), existem aproximadamente mais de 13 mil startups em todo Brasil. Nesse cenário, os hubs de inovação desempenham um papel extremamente importante para o crescimento de todo o ecossistema. Além de serem responsáveis por ajudar a fomentar ideias inovadoras, oferecem mentorias, programas de aceleração e outras ferramentas, impactando agentes de diversos segmentos, tais como empresas, indústria, universidades e investidores.
“Os hubs locais são fundamentais para descomplicar a jornada empreendedora para as pessoas que querem montar sua startup. Muita gente ainda não sabe como começar ou quer ajuda para crescer seu negócio, e uma comunidade regional facilita muito o networking com potenciais clientes e parceiros, além de ajudar na construção de equipes fortes. A Liga tem contato com uma centena de hubs comunidades pelo Brasil, porque elas realmente movimentam o ecossistema empreendedor”, observa Guilherme Massa, co-fundador daHome – Liga Ventures, maior rede de inovação da América Latina
Para se ter uma ideia, segundo o relatório da Sling Hub, o volume de aportes na América Latina caiu 34% em 2022, totalizando US$ 12 bilhões. No Brasil, a redução foi ainda maior, cerca de 50%. Mesmo com a queda, empresas e startups têm investido nos hubs de inovação como forma de aprimorar seus negócios, independente da localidade. Nesse quesito, as cidades interioranas têm ganhado bastante relevância e chamado atenção de muitos players, por concentrar pólos universitários, considerados locais ricos em profissionais qualificados.
Atualmente, o grande desafio é justamente essa descentralização das grandes capitais, como São Paulo, ao passo que além da Faria Lima, existem inúmeros hubs e startups que merecem atenção. “Passou da hora de quem está fora dos grandes eixos da atualidade conquistar destaque, a fim de pulverizar ainda mais o setor, além de abrigar startups não tão setorizadas. Os hubs são fundamentais para criar densidade e um ecossistema saudável, por isso espalhá-los para diversas regiões trará mais oportunidades, desenvolvimento e inovação para o país”, afirma Tania Gomes, diretora de inovação do Ibrawork, um hub de open innovation.
A WOW é uma das principais aceleradoras de startups do Brasil, que contribui com capital financeiro e intelectual ao longo de toda jornada das startups e oferece capacitação e mentoria para diversos hubs no Brasil. Para Mariane Siqueira, Head de Relacionamentos da aceleradora, estes espaços de inovação são estratégicos nas cidades interioranas, permitindo que diversas pontas do ecossistema se conectem mais facilmente. “Isso fomenta pensamentos diversos e criatividade, contribuindo inclusive, para o desenvolvimento e economia de determinada região. Assim, negócios podem crescer, reter talentos e incentivar outras pessoas”, comenta.
Uma empresa que tem investido nesse tipo de ambiente é a GaussFleet, maior plataforma SaaS de gestão de máquinas móveis para construtoras, operadores logísticos e siderúrgicas. Recentemente, a startup inaugurou seu hub de inovação em Lavras (MG), que foi escolhida por se tratar de um espaço diferenciado, já que está localizado ao lado da UFLA (Universidade Federal de Lavras), que forma mais de 200 profissionais de ciência da computação e áreas correlatas, por ano.
“Nosso objetivo era ter acesso facilitado a mão de obra jovem, qualificada, com alto potencial para crescer e se desenvolver, mas que também pudesse ser treinada dentro da cultura da nossa empresa. Com isso, nós ganhamos mais dinamismo no recebimento, entendimento e entrega de demandas de clientes e novos negócios”, afirma Vinicius Callegari, cofundador da GaussFleet.
O InovAtiva, política pública de apoio ao empreendedorismo inovador no Brasil, tem redobrado seus esforços para atuar em ecossistemas regionais ao mesmo tempo que coordena programas, eventos e encontros com investidores no âmbito nacional. Um exemplo desse esforço é o Powered By InovAtiva, programa de aceleração de startups focado em negócios inovadores em estágio de ideação, realizado em parceria com entidades executoras locais de cidades promissoras para o empreendedorismo inovador.
O projeto piloto foi realizado no segundo semestre de 2022, em Campina Grande, na Paraíba. Chamado Impulse Campina powered by InovAtiva, o programa ofereceu capacitação empreendedora, mentorias e conexão com o ecossistema de inovação. Houve uma grande procura pelos empreendedores com mais de 60 projetos inscritos, destes 20 foram classificados e 15 concluíram o programa. “O projeto evidenciou o potencial empreendedor existente em ecossistemas de inovação do interior brasileiro. São municípios que possuem instituições de ensino superior, vocação econômica, mas que ainda carecem de programas e projetos para apoiar o empreendedorismo inovador”, diz Renan Hubert, gestor do projeto pela Fundação CERTI.
Laryssa Almeida, da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Inovação de Campina Grande (SECTI-PMCG), afirma que o programa pôde alcançar startups do litoral ao sertão da Paraíba. “Campina é Grande por vocação e se destaca no cenário nacional como a terceira cidade mais inovadora do Brasil. Mostramos nesta primeira edição que temos demanda e queremos desenvolver cada vez mais nosso ecossistema de inovação local, para tanto, continuaremos executando políticas públicas voltadas para o desenvolvimento do empreendedorismo inovador e o Impulse Campina Powered By InovAtiva é a principal delas.”
OSidia Instituto de Ciência e Tecnologia, é um dos maiores Institutos de P,D&I do Brasil e é responsável por implementar soluções tecnológicas e inovadoras para o mercado em geral. Com sua sede principal em Manaus, a metrópole dominante na Amazônia Ocidental,o Instituto assume a responsabilidade de ser um grande agente de inovação. Com esse objetivo, foi criado o Manaus Tech Hub, um espaço de inovação aberta criado e mantido pelo Sidia, que tem como principal objetivo conectar startups e empresas da região Norte e do Brasil, com a missão de aquecer ainda mais o ecossistema de tecnologia e inovação nacional.
De acordo com Daniel Goettenauer, especialista em inovação do Sidia, a presença dos hubs é fundamental para o desenvolvimento regional e para o crescimento de empresas menores, principalmente nas cidades interioranas, afinal, o investimento do Estado nas empresas de tecnologia é praticamente inexistente no Norte do país. Isso acarreta uma parceria entre as propriedades privadas, as quais se ajudam e usam do próprio capital para dar suporte às instituições ou startups com menos visibilidade no cenário.
“Os hubs de inovação têm um papel fundamental para o desenvolvimento das cidades interioranas, pois proporcionam um ambiente favorável para o surgimento de novas ideias e soluções tecnológicas, além de incentivar a criação de novas empresas e o fortalecimento do ecossistema local. Além disso, os hubs de inovação também contribuem para a formação de profissionais capacitados e qualificados para o mercado de tecnologia, o que é essencial para a sustentabilidade do ecossistema de inovação a longo prazo, sem contar no incentivo na criação de novos profissionais e pequenas empresas”, finaliza.
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Fonte: Assessoria de Comunicação