As estudantes cearenses do ensino médio Cellina Landim e Raissa Loana, ambas de 15 anos, fogem da regra da maioria dos alunos. Apaixonadas pela matemática, elas estão na crista da onda da ciência. Isso porque, desenvolveram um modelo matemático que explica a evolução das órbitas celestes e estão colecionando reconhecimento científico no Brasil e no exterior. Com o título “Construção de padrões do sistema caótico de órbitas relativa entre astros numa matriz de multiplicação radial”, o estudo das pesquisadoras adolescentes está despertando a atenção da comunidade científica mundial.
Em função do rigor científico e da sua aplicabilidade nas leis que regem o universo, o projeto está classificado como finalista na Malaysia Innovation, Invention and Creativity Association – MIICA-2023, que ocorrerá no dia 12 de fevereiro e foi o único projeto científico do Brasil aceito como finalista em Matemática, na 21° Feira Brasileira de Ciências e Engenharia – FEBRACE -, que acontecerá no campus da USP-SP de 20 a 24 de março de 2023.
A dupla arretada explica que o projeto usa a matemática aplicada para resolução de questões pertinentes ao universo. Inclusive, já foi premiado na International Science Project Competition INTOC/Turquia, em 2022, com medalha de ouro e ainda participou do painel e mesa redonda no Festival Nacional da Matemática, realizado pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), que aconteceu em outubro do ano passado, no Rio de Janeiro. Que a astronomia é em sua essência a ciência da observação dos astros todos sabem, mas, Cellina e Raissa descobriram como esses astros estão evoluindo, usando para isso não um telescópio e, sim, a matemática.
“Normalmente vista como vilã, a matemática é o destaque do nosso projeto intitulado como ‘construção de padrões do sistema caótico de órbitas relativa entre astros numa matriz de multiplicação radial’. Somos apaixonadas por ciências, engenharia e matemática”, destaca Raissa Loana. Segundo ela, a órbita de dois astros pode ser regida por um número desconhecido de variáveis. Mesmo conhecendo quase todas essas variáveis, uma pequena porção desconhecida pode provocar mudanças drásticas na evolução das órbitas. “Dessa forma, percebemos a falta de modelos para descrever esse sistema caótico”, completa Loana.
“Conforme a pesquisa que desenvolvemos, os padrões podiam ser matematicamente descritos, através de uma matriz de multiplicação radial que construímos e após muitas observações, inúmeras similaridades entre padrões orbitais testados e padrões obtidos na matriz de multiplicação, foram percebidas”, explica Cellina Landim. O estudo desenvolvido por elas, lança novas possibilidades para contribuir com a investigação da teoria dos sistemas dinâmicos – atual campo matemático que estuda os sistemas caóticos – movimentos aparentemente aleatórios, mas que podem sim estar obedecendo certas leis. “Com abordagem nos movimentos orbitais de astros e melhor compreensão desse o comportamento caótico, podemos afirmar ser possível não só encontrar padrões perfeitos que correspondam a qualquer padrão orbital, mas, também, identificar como esses astros estão evoluindo se ampliando a capacidade computacional de suas pesquisas”, afirma Landim.
Cellina e Raissa iniciaram o estudo no início de 2022. Segundo elas, a pesquisa continua em desenvolvimento. “Nesse momento estamos mais focadas em apresentar nosso trabalho em eventos científicos e na divulgação, para que possamos chegar ao meio acadêmico e de centros de pesquisa, teremos mais capacidade computacional possa ampliar a nossa pesquisa”, conta Loana. As superpoderosas de Fortaleza comentam que a orientadora do estudo que realizam é a professora e coordenadora Alinne de Castro. “Ela é nosso suporte para tudo que precisamos. Contamos com a Aline para nos ajudar com material de pesquisa e também com os nossos pais que embarcaram nessa jornada de apoio”, destaca Cellina.
Quanto ao porquê de se aventurarem no segmento da pesquisa, Raissa e Cellina contam que sempre gostaram de usar o aprendizado de uma forma prática e, como são curiosas, olham o mundo como um grande laboratório. “A Cellina tinha visto alguns padrões orbitais e sabia que já tinha visto em outro lugar, aí me chamou para pensar junto com ela. Iniciamos uma caçada para entender as figuras e aí percebemos que era algo em relação aos fractais geométricos encontrados na natureza. A partir daí, iniciamos um estudo sobre a correlação desses padrões orbitais e dos padrões matemáticos”, lembra Loana.
Na prática, para as pessoas entenderem a importância do projeto, Cellina e Raissa consideram o trabalho como um avanço para a pesquisa científica. “Einstein não descobriu a teoria da relatividade do zero? Muitos cientistas contribuíram. Nós estamos colocando o nosso tijolo na construção do conhecimento”, define, emocionada, Raissa Loana. “Nossa ideia é incentivar cada vez mais jovens a pôr em prática suas ideias criativas e inovadoras para o entendimento de tudo que nos cercam”, finaliza Cellina.
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Fonte: Assessoria de Comunicação