Análise: DNF Duel (Multi) é um bom jogo de luta, mas poderia ser mais rico

Baseado em uma famosa franquia oriental de RPG, o título aposta em uma jogabilidade sólida, mas esquece de fazer proveito do seu universo de origem.

Dungeon Fighter Online é um RPG de ação com quase 20 anos de vida e um sucesso estrondoso não só na Coreia do Sul, seu país de origem, como em diversos lugares do mundo. Logo, já era de se esperar que fossem gerados diversos spin-offs, como animes, mangás e outros jogos.

DNF Duel é um jogo de luta que vem para juntar a dinâmica da porradaria 2D da Arc System Works com este universo bastante vasto. O título já passou por dois períodos de testes para refinar o seu desempenho em rede e agora, finalmente, podemos ver o que pode ser oferecido offline também.

Convertendo perdas em ganhos

Logo de cara, o principal atrativo de DNF Duel é sua jogabilidade. O funcionamento básico dos botões já é tradicional para quem está acostumado com franquias como Guilty Gear ou Under Night: um ataque fraco, um médio, um forte e um golpe que gasta um pouco da barra que acumulamos ao longo da luta. Entretanto, é o uso da barra de MP que torna as coisas mais interessantes, graças à habilidade de conversão.

Quando tomamos dano, nossa barra de vida diminui em duas cores: branco e vermelho. O vermelho é fatal, já o branco pode ser recuperado, caso as investidas inimigas cessem e nós dominemos a tomada de ações. Os golpes especiais esgotam rapidamente nossa barra de MP e isso pode interromper um combo e nos deixar vulneráveis, e é aí que entra a conversão. Com apenas um comando – e bastante confiança de que iremos botar nosso oponente para dormir -, podemos sacrificar a parte branca da barra para preencher a barra de MP e assim continuar uma série de ataques que pode se tornar fatal.

Como DNF não possui muitos recursos defensivos, contando apenas com o bloqueio simples e a esquiva, além de ser bem mais lento que os demais jogos do seu estilo, esse artifício consegue ser bastante influente na estratégia de batalha. Isso se torna ainda mais drástico quando um combate está nos seus instantes finais, pois cada lutador tem uma característica passiva, chamada Awakening, que entra em vigor quando lhe resta apenas 30% de vida. Dependendo do personagem escolhido, essa junção pode levar a uma virada sem precedentes.

Os combos também são bastante criativos, mesmo que estruturalmente similares de início. Cada um mostra uma variedade interessante, que não se atém somente às características de luta. Um exemplo: Ranger, por mais que seja um personagem de projéteis e combate à distância, dispõe de recursos que o tornam um perigo de perto também. Grappler e Striker, por outro lado, que são golpeadores de proximidade, também não deixam a desejar de longe, com investidas carregadas.

Dá para se ter uma boa noção disso pelos desafios de combos e missões de cada personagem. Para todos há uma lista de oito combinações que farão o jogador aprender muito bem como utilizar cada habilidade do seu preferido. Já as missões são as mesmas para todos, porém, as características de cada um farão com que elas sejam concluídas de maneira diferente.

Básico e seguro… até demais!

Em questão de modos de jogo, DNF Duel não surpreende. Na verdade, ele aposta no básico de todo jogo de luta e isso acaba se tornando até um pouco insosso, pois ele poderia trazer muito mais do universo de Dungeon Fighter Online, a exemplo do que GranBlue Fantasy: Versus fez.

Para o offline, temos os tradicionalíssimos Arcade, Story e Survival, além do Tutorial, onde estão incluídas as missões citadas anteriormente, e uma Galeria. Sem sombra de dúvidas, o Story é o mais fraco de todos. Nele, escolhemos qualquer um dos 15 personagens e passamos por nove capítulos de uma narrativa xoxa, que mesmo com interações diferentes entre cada um deles, tem o mesmo início e o mesmo desfecho.

Fora essas cenas de abertura e encerramento, que são belas animações, toda a interação é feita com modelos estáticos. Apenas os lutadores do elenco têm uma ou outra movimentação. Algumas ilustrações bacanas também são mostradas, mas nada além disso. Para completar, não é possível nem pular os diálogos, o que torna tudo um pouco arrastado.

Por outro lado, o Survival consegue ser bem instigante. Estão disponíveis três níveis, com um número fechado de batalhas: 15, 30 e 100. O esquema clássico foi mantido, mas o diferencial é que temos à disposição itens que podem recuperar nosso HP, aumentar nossa força ou melhorar a defesa. Entretanto, só é possível comprar um por vez e eles vão ficando mais caros. Pode parecer bobagem, mas pelo menos é um lampejo que faz uma conexão com as raízes de RPG da fonte original.

As lutas online não trazem muitas novidades fora do que foi visto nos testes beta, além da melhora considerável nas conexões em lobby. Sem contar que agora sim dá para achar a sala de um amigo sem grandes dores de cabeça. Há também opções para lutas diretas casuais e partidas ranqueadas. Entretanto, não faria mal implementar a possibilidade de duelos entre os jogadores de PS4/PS5 e PC no meio das melhorias feitas.

Por fim, vale uma citação para a Galeria, que é um pouco agridoce em DNF Duel. Se por um lado ela traz belíssimas ilustrações da lore de Dungeon Fighter Online, com diversos personagens que seriam muito interessantes de serem adicionados ao elenco, o grinding para comprar tudo é bastante excessivo.

Inclusive, além de ilustrações, vozes de anúncio fora das lutas, avatares online, ícones e músicas têm que ser comprados. Nem mesmo as ilustrações que aparecem no meio do modo Story escaparam e têm que ser adquiridas com ouro mesmo após serem desbloqueadas.

Dentro das expectativas, mas nada além disso

DNF Duel é um bom jogo de luta, mas nada além disso. Ele tem belas animações entre as lutas, principalmente nos golpes mais elaborados, e um universo muito rico para usar a seu favor. Além disso, a jogabilidade faz com que os combatentes utilizem ao máximo sua criatividade nos combos. Mas ainda assim, parece que todo o esmero da mecânica não foi estendido aos modos de jogo e todo o restante da experiência que um jogo de luta pode dar aos seus fãs.