Na era digital, a tecnologia se tornou essencial para promover soluções à sistematização de dados da indústria farmacêutica. Para informatizar o seu gerenciamento e controle de informações, o Núcleo de Pesquisa em Alimentos e Medicamentos da UFRN (Nuplam) realiza parceria com o Instituto Metrópole Digital (IMD) para construir o SigNuplam, sistema integrado de gestão que promove a digitalização de todos os dados da indústria farmacêutica.
O Nuplam é o laboratório farmacêutico oficial do Rio Grande do Norte que produz medicamentos para o Sistema Único de Saúde (SUS) e possui uma vasta quantidade de dados e processos que precisam ser gerenciados com demasiada coerência e responsabilidade. Por isso, buscou parceria com o IMD para a criação de um Sistema Integrado de Gestão que reúne os dados de produção, manutenção, almoxarifado, controle de qualidade, de contratos e informatiza os processos de trabalho: o SigNuplam.
“Ao ser solicitada pela diretoria da indústria, nossa equipe percebeu que o Nuplam possuía muitos desafios e soluções para o processo de digitalização dos seus dados. Após essa avaliação, realizamos um Programa de Residência em TI com duração de 18 meses, em que um grupo de 15 estudantes orientados por quatro professores, trabalharam em soluções para atender as demandas do Nuplam, ao mesmo tempo em que assistiram aulas do curso Latus Sensu e se capacitam com as atividades realizadas dia após dia”, comenta o diretor de projetos do IMD, Jair Leite.
A residência acabou em julho de 2020, resultando na criação do SigNuplam que atualmente vem passando por testes para validação do software, integrando o projeto chamado “Nuplam 4.0”. O sistema é hospedado no Data Center do IMD, central de armazenamento de dados do instituto, colaborando para uma parceria que elimina os custos do Nuplam com uma infraestrutura de TI e garante a integridade dos dados da plataforma.
Para o coordenador do Projeto e professor do IMD, Heitor Florêncio, o diferencial do sistema é que ele foi totalmente customizado e construído para atender às necessidades da indústria farmacêutica. “O SigNuplam é um sistema Enterprise Resource Planning (ERP), isso significa que ele gerencia todos os setores do Núcleo. O seu grande diferencial é que conseguimos desenvolver uma plataforma adequada às diversas necessidades e soluções que o laboratório farmacêutico exige”, destaca.
Jair Leite explica o porquê da importância de um sistema ser construído do zero para atender as demandas do Núcleo. “Quando um laboratório farmacêutico compra um software pronto, certamente haverá a necessidade de fazer adaptações à sua realidade, ocasionando custos e gastos. Ao fazermos um trabalho totalmente customizado e adaptado às demandas do Nuplam, economizamos tempo, dinheiro e geramos conhecimento”.
O coordenador do projeto acredita que a construção desta solução integrada é a semente para que o Nuplam se torne uma indústria farmacêutica 4.0, onde os seus dados são interligados por meio de sistemas que monitoram todos os processos realizados, proporcionando a automatização de algumas atividades. “Estes sistemas proporcionam um melhor desenvolvimento da gestão e da própria operacionalização das ações realizadas no processo produtivo, promovendo inúmeros benefícios e ajudando os profissionais na tomada de decisões por meio dos dados obtidos com as plataformas”, destaca.
O desafio da validação de sistemas computadorizados
O cenário de avanços na sistematização e melhorias de acesso aos dados do Nuplam também apresenta seus desafios. Por ser o Laboratório Oficial do Rio Grande do Norte, regulado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), todos os seus sistemas de tecnologia precisam passar por um processo de testes minuciosos e de verificação das documentações da indústria, atividade complexa denominada Validação dos dados computadorizados, que exige a criação de um setor específico para a realização dessas verificações.
“As exigências dos órgãos reguladores para o sistema são diversas e devemos garantir a integridade dos dados, ou seja, as pessoas não podem acessá-los indevidamente. Além disso, todas as informações devem ser rastreáveis, devemos saber quem fez tal ação, quando e por qual motivo. Mediante esses requisitos, o processo de desenvolvimento teve de se tornar mais completo e complexo”, explica Jair.
O diretor observa que essa etapa exige muito cuidado, pois é um processo trabalhoso. “Tivemos que realizar, exaustivamente, testes no sistema, depois homologá-lo e, posteriormente, validá-lo. Dessa forma, criamos o projeto Nuplam 4.0 que consolida a criação do SigNuplam e foca neste processo de validação dos dados”, acrescenta.
A iniciativa segue em processo de validação dos módulos e, após as análises do desenvolvimento do sistema, a equipe espera conseguir integrar ainda mais soluções ao SigNuplam. Também será realizado um workshop aberto ao público que vai integrar todos os conhecimentos obtidos por meio da atuação nos projetos parceiros entre o IMD e o Nuplam. Como consequência do projeto, o Nuplam constituiu o seu próprio setor de TI subdividido em equipes de desenvolvimento de software, testes e validação, infraestrutura de TI e automação industrial, que estão trabalhando em pleno desenvolvimento.
“Esta parceria promoveu inúmeros ganhos tanto para o Nuplam, que conseguiu gerenciar e promover melhorias no seus processos de validação, quanto para o IMD, pois, atualmente, a nossa infraestrutura no Data Center consegue hospedar um sistema de uma indústria farmacêutica facilmente devido a esta parceria”, conclui Jair Leite, diretor de projetos do IMD.
Promoção de ciência e conhecimento
Além de proporcionar o desenvolvimento de uma solução integrada e tecnológica, o processo de construção e de desenvolvimento do projeto Nuplam 4.0 fez com que os estudantes e profissionais envolvidos adquirissem novos conhecimentos e habilidades. “Houve aprendizado de ambas as partes, tanto do Nuplam que está estruturando o seu setor de Validação de Sistemas Computadorizados com mais rigor, quanto para o IMD, já que nós enquanto desenvolvedores tivemos de aprender a fazer um sistema que atendesse a múltiplas necessidades”, relata Jair.
O projeto aplicou o uso das novas tecnologias do mercado para soluções dentro de uma indústria. “Formamos uma equipe de 21 pesquisadores e cinco professores que estão fazendo pesquisas e estudos e aplicam os seus conhecimentos obtidos dentro do laboratório farmacêutico, o que não é um caso tão comum entre universidade e indústria, principalmente no ramo farmacêutico, que deve cumprir inúmeras normas”, complementa Heitor Florêncio.
Ele conta que esse trabalho realizado em conjunto entre profissionais de diferentes áreas proporcionou benefícios: “Constatamos por meio da parceria com o Nuplam a importância da junção da academia com a indústria, além de receber a solução, todos os profissionais são capacitados. Os projetos são responsáveis por integrar e gerar conhecimento tanto para a equipe de farmacêuticos que atuam no laboratório, quanto para os profissionais de desenvolvimento do sistema na área de tecnologia, do IMD”, finaliza o diretor de projetos do IMD.
Fonte: Agecom/UFRN