Elas ocupam 14 postos de presidente em empresas juniores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Agora, em fevereiro, uma delas toma posse como presidente nacional da Brasil Júnior — Associação Nacional das Empresas Juniores — e outra passa a dirigir em 2022 o Movimento de Empresas Juniores no RN (RN Júnior). A presença feminina nas empresas juniores no RN tem ganhado espaço nos últimos anos. Além das alunas, o movimento vem tendo reforço das professoras, que passaram a ocupar mais funções de tutoras das EJs.
“Ao contrário do que existe no mercado sênior, o mercado júnior se orgulha por ter mais de 50% de participação feminina, o que é refletido também nas lideranças”, aponta a estudante de Direito da UFRN Vitória Júlia Azevedo Cavalcante, 22 anos, que foi eleita para o cargo da presidência executiva da RN Júnior no final de 2021 e participou da Consej — Empresa Júnior do curso de Direito da UFRN.
Outra estudante que está alçando novos voos é Ana Beatriz Nascimento, 21 anos, aluna de Administração na UFRN. Eleita para presidir a Brasil Jr, ela tomou posse no dia 4 de fevereiro. “É muito favorável estar olhando para essa diversidade nos cargos de liderança, até por causa do nosso propósito em formar lideranças empreendedoras, fomentando um Brasil empreendedor”, destaca.
Segundo Ana Beatriz, dos 33 mil jovens que estão participando das empresas juniores atualmente no país, boa parte é de mulheres em posição de liderança, o que considera bastante favorável para a participação feminina. “Historicamente, na RN Júnior, nos três últimos anos, foram mulheres que presidiram a federação, e aqui na Brasil Jr também. Eu sou a terceira mulher a ocupar a presidência da organização, desde 2020. É um espaço no qual as mulheres podem se sentir representadas e incluídas”, afirma.
Vitória Júlia Azevedo reconhece esse espaço conquistado pelas mulheres nas EJs e entende que a participação feminina no mercado de trabalho ainda tem muito a evoluir. Para ela, o Movimento Empresa Júnior tem o propósito de transformar o país por meio da educação, da juventude e do empreendedorismo, e no RN é possível vivenciar essa mudança.
Ela sabe que ainda existem preconceitos sobre o empreendedorismo feminino. “Quando escutamos a experiência dessas mulheres participantes do ambiente empreendedor, é de se notar situações machistas e diversos fatores da sociedade ainda patriarcal que interferem nessa vivência”, pontua. Vitória destaca ainda que os maiores casos acontecem, inclusive, quando as empresárias juniores lidam com o público externo, como clientes e parceiros da EJ. Ainda assim, “seguimos nos apoiando e criando uma rede de mulheres que incentivam umas às outras”.
Ana Beatriz Nascimento lembra que quando ocupou o cargo de presidente executiva da RN Júnior, em 2021, pensou que ter uma mulher em um cargo de liderança poderia estar empoderando outras mulheres. Agora, assumindo a presidência executiva da Brasil Júnior, ela coloca que essa conquista não é apenas dela, mas também de outras mulheres que vieram antes e conseguiram ocupar esse espaço.
“Ser uma liderança feminina dentro de uma empresa júnior frente às adversidades e conceitos pré-construídos do mercado é grandioso e desafiador”, considera Aline Vanessa da Silva Barbosa, 22 anos, atual presidente da 59mil – Criatividade em Propaganda, empresa junior do curso de Publicidade e Propaganda da UFRN.
Ela destaca que todos os dias há uma busca para acessibilizar cada vez mais o Movimento Empresa Júnior à sociedade e torná-lo possível para grupos minoritários, então assistir a crescente atuação feminina dentro de cargos formais de liderança em empresas juniores lhe dá muito orgulho.
“A 59mil carrega a diversidade em seus valores e é, sem dúvidas, uma casa para que lideranças plurais cresçam dentro de nossa área e tenham cada vez mais oportunidades de empreender a partir dos conhecimentos aqui adquiridos”, acrescenta. Aline revela que o caminho para a liderança sempre lhe foi bastante estimulado por todos que cruzaram sua trajetória no MEJ e, “por isso, ser uma mulher que hoje representa externamente a EJ é um privilégio gigantesco. Carrego no peito a honra de liderar a 59mil e o compromisso de formar cada vez mais lideranças femininas para o nosso Movimento”.
Uma das desbravadoras no universo das empresas juniores na UFRN e que atualmente é tutora de uma EJ é Adrianne Paula Vieira de Andrade. Ela foi presidente da ADMConsult em 2013 e teve uma ótima experiência no universo empreendedor. “Envolvi-me bastante no movimento e no espírito empreendedor. Fiquei encantada com o movimento, participei de encontros e pude colocar em prática todos os elementos que vi no curso de Administração, o que foi essencial para todos os pilares de minha formação pessoal e profissional”, revela.
A tutora da empresa júnior Byte Seridó, criada no Centro de Ensino Superior do Seridó (Ceres), em Caicó, é professora no curso de Sistemas de Informação, do Departamento de Computação e Tecnologia (DCT), no Ceres. Para ela, o protagonismo feminino é muito forte, com uma ótima aceitação da mulher no mercado via empresa júnior.
Ela conta que a participação na ADMConsult foi essencial nessa nova etapa de vida como professora. Quando entrou na docência em Caicó, ela viu que os alunos estavam começando a pensar no movimento empresa júnior. “Dei todo o apoio inicial, com base na minha trajetória e experiência nas empresas juniores, motivando e participando da organização com os alunos, para conseguirmos criar a Byte Seridó”, lembra. Segundo Adrianne, a Byte tem uma atuação muito forte de mulheres e conta atualmente com uma delas no cargo de presidente, a estudante Vanessa Bezerra.
Protagonismo
Na UFRN, atualmente, as mulheres ocupam a presidência nas seguintes empresas juniores: 59mil, ACONT, ACTUAR, Biomedic Jr, Byte Seridó Jr, Cápsula Jr, Econsul, EJECT, EmQuadro Filmes, Inovatur, KJr. Consultoria Nutricional, LUMUS Engenharia, PanGeo Jr e Solidus Jr.
Para o coordenador da Central de Empresas Juniores (CEJr) da UFRN, Kleber Cavalcante de Sousa, essa presença feminina nas empresas juniores é um fato presente e constante no Movimento Empresa Júnior (MEJ) na UFRN. “No período de 2019 para cá, temos observado um engajamento muito grande das alunas no empreendedorismo universitário, assim como das professoras, que ocupam mais funções de tutoras nas empresas juniores”, destaca.
Isso representa, para Kleber, um interesse e um engajamento maior das mulheres com o Movimento Empresa Júnior, bem como demonstra esse poder e capacidade de inclusão do MEJ. “Tivemos três mulheres presidentes da RN Júnior em anos seguidos. Elas têm uma capacidade muito grande de articulação, negociação e uma liderança muito forte com as equipes”, evidencia. Ele espera que essas conquistas contribuam para dar oportunidades iguais às mulheres no mercado de trabalho.
Sobre a participação no MEJ da UFRN, Vitória Júlia Azevedo afirma que a Universidade abriu as portas e a fez perceber que a educação está para além da sala de aula. “O crescimento que estou tendo dentro do Movimento Empresa Júnior me empoderou como mulher e profissional e me faz crer que sou capaz de muito mais do que um dia sonhei. Espero continuar trabalhando para que mais pessoas tenham essa oportunidade e que a nossa realidade seja transformada diariamente, aqui e agora”, frisa. Ela lembra que quando entrou na UFRN tinha o propósito único de se formar e ser uma boa profissional no futuro, mas reconhece que pode fazer muito ainda como estudante.
A nova presidente da Brasil Júnior, Ana Beatriz, também não tinha ideia de até onde poderia chegar ao entrar para o curso de Administração da UFRN, em 2018, mas destaca o aprendizado adquirido na ADMConsult, que lhe propiciou novas oportunidades na área de Administração, com experiência como consultora de projetos e consultora de negócios.
As duas empreendedoras salientam o perfil empreendedor da UFRN, que em 2021 conquistou a 6ª colocação na 4ª edição do Ranking de Universidades Empreendedoras da Brasil Júnior. Esse foi o melhor desempenho no ranking, que colocou a instituição em 1º lugar entre as universidades do Norte, Nordeste, Sul e Centro-Oeste.
Para Ana Beatriz, são grandes feitos que vem acompanhando desde que entrou na instituição, em 2018. Além do mais, aponta que “o Movimento Empresa Júnior na UFRN já é muito bem visto e acredito que possa ser potencializado”, principalmente no que diz respeito às experiências dos alunos, que para ela podem ser equiparadas, fortalecendo o ecossistema empreendedor.
Já Vitória Júlia Azevedo se orgulha de fazer parte da UFRN, que apoia o MEJ, sendo a universidade que mais tem empresas juniores entre as instituições de ensino no RN. “Isso mostra que o MEJ é forte na UFRN e que o ecossistema é de colaboração para o desenvolvimento”, acrescenta.
Fonte: AGECOM/UFRN