Um dos aspectos importantes para o desenvolvimento do empreendedorismo é a questão de ter ou não sócio. O tema faz arrepiar os cabelos dos empreendedores. Para além da questão financeira, por vezes, o empreendedor tem consciência de suas limitações técnicas e que sozinho não tem como gerenciar as várias funções da empresa a ser constituída que irão exigir além de conhecimentos técnicos uma dedicação quase que exclusiva, especialmente, nos primeiros tempos. Ter uma boa ideia, ou seja, um produto ou serviço que tenha viabilidade comercial, é importante, mas não é o suficiente para o êxito de um negócio. Afinal, pode haver a necessidade de recursos financeiros. Acontece também o inverso em que o empreendedor tem o capital financeiro, porém falta a ideia de um bom negócio e competências técnicas para executar o projeto.
Para o professor universitário e consultor empresarial, Manuel Barreiros, a ideia de ter um sócio pode surgir para um empreendedor como uma solução viável embora a escolha desse parceiro não seja muito fácil e por isso deve ser feita com cuidado. “A primeira coisa que um empreendedor deve fazer antes de decidir se deve ou não ter um sócio, é analisar seu plano de negócios e se autoanalisar, para ver se há condições de assumir sozinho o projeto ou se é necessário ter um sócio e qual o seu perfil”, observa Manuel Barreiros.
Segundo o consultor Manuel Barreiros, a principal razão para um empreendedor ter um sócio é de natureza financeira, porque tem uma ideia, encontra uma oportunidade, mas não tem a possibilidade de executar por falta de recurso financeiro. “Esse sócio dará aporte de dinheiro passando a deter uma parcela do negócio e consequentemente direito a participar das decisões da empresa. Seja qual for o tipo de sociedade, em que ambos irão efetivamente trabalhar na rotina da empresa ou em que um deles tenha o seu capital financeiro envolvido, mas não participando no dia a dia da organização, é preciso avaliar os valores éticos do sócio e sua personalidade que devem estar presentes em ambos os casos, além de saber o que o futuro sócio espera ao entrar na sociedade, e se está disposto a assumir riscos e enfrentar obstáculos”, destaca.
Barreiros chama a atenção para um aspecto importante. “As pessoas são naturalmente diferentes, sendo possível que as diferenças se manifestem ao longo do desenrolar do negócio, especialmente considerando que os sócios irão tomar decisões em conjunto. Neste sentido, é fundamental que o contrato social contenha detalhadamente todos os aspectos relativos à sociedade, que muitas vezes são negligenciados, porque sempre se acredita que tudo irá dar certo”, frisa.
Dois aspectos relevantes a serem considerados, de acordo com Barreiros, baseiam-se na premissa de que gostar de uma pessoa não é suficiente para fazer uma sociedade. “Um dos casos é fazer uma sociedade com um amigo, porque o conhecimento que o empreendedor tem dele normalmente é de um relacionamento social, e na empresa, têm que enfrentar problemas a serem resolvidos racionalmente. Outro ponto a ser considerado é o risco de parceria com familiares como sócios ou tê-los como funcionários. É difícil as pessoas conseguirem separar as relações profissionais numa empresa, das emocionais que se encontram presentes no ambiente familiar”, considera Barreiros.
De acordo com Barreiros, numa sociedade que pretende ser duradoura, não há espaço para vaidades e nem egocentrismo, porque irá gerar atritos. “Se um empreendedor tiver essas características, assim como se tiver um perfil mais conservador que pode se manifestar resistindo a assumir riscos e o sócio ser mais ousado, certamente haverá problemas no relacionamento. Para que uma sociedade obtenha êxito e se prolongue através do tempo, é fundamental que exista entre os sócios afinidades técnicas e comportamentais, mútuo respeito e confiança, e que os interesses da empresa se sobreponham a interesses pessoais”, ensina Barreiros.