Crianças que demonstram agitação, não conseguem manter-se concentradas, durante as tarefas da escola, nem brincar por determinado tempo com um único brinquedo, demonstrando desinteresse rapidamente, possuem dificuldade em permanecer sentado à mesa, durante as refeições, e, na escola, conversam o tempo todo, chegando a atrapalhar os colegas, são sinais que podem estar relacionados ao diagnóstico de TDAH (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade).
Considerado um tipo de transtorno comportamental, o TDAH acarreta prejuízos importantes nas atividades cotidianas desses portadores. As relações sociais, escolares e familiares ficam prejudicadas devido aos sintomas comportamentais, que estão relacionados à falta de atenção, concentração, motivação, agitação psicomotora, prejuízos cognitivos e depressão. O convívio com portadores desse transtorno torna-se delicado, por apresentarem significativa desorganização nas atividades diárias, consequentemente, as relações interpessoais tornam-se mais intensas e complicadas.
Na vivência clínica da Casa Durval Paiva, há casos de pacientes que, além do processo de tratamento oncológico, possuem características de transtornos comportamentais. Pelo fato da terapia ocupacional estudar a atividade humana e utilizá-la como recurso terapêutico, para prevenir e tratar dificuldades físicas e/ou psicossociais, que interferem no desenvolvimento e na independência dos indivíduos, em relação as atividades de vida diária, trabalho e lazer, o TO é um profissional que está, diretamente, voltado para organizar as atividades do cotidiano de crianças e adolescentes com transtornos comportamentais. Estes objetivos são alcançados através do estabelecimento de regras e limites, por ser uma necessidade para a educação de qualquer pessoa e significa cuidado e afeto.
Crianças e adolescentes precisam de uma referência e um modelo de comportamento adequado. Além do ambiente familiar ser um contexto fundamental e facilitador às necessidades afetivas e educacionais desse público, a escola é um lugar de aprendizagem e continuidade das relações sociais. Diante destes fatos, é interessante que os pais comuniquem à escola as eventuais implicações que o transtorno causa, a comunicação precisa ser compartilhada entre os integrantes da família, através de uma mesma linguagem. A escola, em contrapartida, precisa estabelecer contatos regulares com os pais e profissionais da saúde, responsáveis pela assistência, pois, esta conduta é favorável a um prognóstico positivo.
Não existe um modelo de como lidar com este público, porém, o terapeuta ocupacional pode sugerir algumas estratégias, que auxiliem no quesito sociabilidade, alívio do estresse e da ansiedade de familiares, como: a organização de uma rotina, onde todos participem, considerando a família referência importante para o comportamento adequado do filho; manter a casa organizada, limpa, com pouco barulho, já que ambientes agitados podem ser prejudiciais e desfavorecer organização dos portadores; orientar e explicar, quantas vezes forem necessárias, a execução de tarefas diárias, sem pressionar, já que o planejamento é algo complicado para quem vive este transtorno.
O diálogo e o estabelecimento de vínculo são fundamentais, as regras e limites devem ser colocados com clareza, mas sem punições. É importante elogiar, diante de bons desempenhos e comportamentos, desta forma, os objetivos serão alcançados. Oferecer um ambiente acolhedor é extremamente favorável a esses pacientes, a fim de evoluírem nos aspectos sociais e cognitivos. Nas atividades diárias, minimização da agitação psicomotora, favorecendo a autoestima, a segurança e, consequentemente, promovendo autonomia e qualidade de vida.