A circulação de recursos oriundos de amparos financeiros repassados pelo governo federal será menor no Rio Grande do Norte ao longo deste ano. O número de beneficiados do Auxílio Emergencial caiu 48% em relação a 2020. Despencou de 1.282.230 recebedores para cerca de 666.104, segundo projeção feita com base nos dados da Controladoria-Geral da União (CGU). Caso o percentual de repasse aos Estados observado no ano passado se mantenha, aproximadamente R$ 827,2 milhões serão injetados na economia potiguar através do Auxílio Emergencial. Queda de 85,11% em relação aos R$ 5,56 bilhões circulantes em 2020. As informações são do Portal da Transparência do Governo Federal.
De acordo com a Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação (SAGI) do Ministério da Cidadania, em 2020, o Rio Grande do Norte ficou com uma fatia de 1,88% do total de recursos enviados a todo o País para o pagamento do Auxílio Emergencial, o que equivaleu aos R$ 5,56 bilhões mencionados. Para este ano, o governo tem reservados R$ 44 bilhões para o programa como um todo. Os pagamentos efetuados durante o ano passado variavam de R$ 600 a R$ 1.200, conforme perfil do beneficiário. De abril a julho deste ano, os recursos disponibilizados equivalem a menos da metade do menor valor pago em 2020.
Com menos dinheiro e mais restrições em relação à onda de pagamentos realizada ao longo do ano passado, a primeira das quatro parcelas do novo Auxílio Emergencial começou a ser paga semana passada em valores que variam de R$ 150 a R$ 375. O valor médio disponibilizado aos potiguares diminuiu de R$ 701,03 pago em agosto de 2020 para atuais R$ 298,67. Esse é o quantitativo médio das parcelas que serão liberadas ao longo dos próximos quatro meses (abril, maio, junho e julho). Em todo o Estado, o impacto financeiro do novo Auxílio Emergencial será quase sete vezes menor do que no ano passado.
Carestia
Com menos dinheiro circulando no Estado e consequentemente menor poder de compra, os potiguares precisam se desdobrar para driblar a alta dos preços no supermercado, o desemprego e a falta de condições básicas de sobrevivência diante da crise provocada pela pandemia de covid-19. É o caso da vendedora de bolos Rosana de Lima, de 37 anos, que viu sua renda mensal cair em 85% no período de apenas nove meses.
Ela recebeu cinco parcelas do Auxílio Emergencial de R$ 1.200 para mães chefes de família (abril a agosto) e outras quatro com metade do valor (setembro a dezembro), quando o benefício foi encerrado em 2021, com o abrandamento da pandemia. Desde janeiro, ela vem recebendo apenas R$ 180 referente ao Bolsa Família e aguarda a liberação da nova parcela de R$ 375 do Auxílio Emergencial 2021, que não está garantida.
“Tem sido muito difícil nesse período. Até agora não recebi nada, estou só esperando a resposta no aplicativo da Caixa. Por enquanto, estou vendendo alguns bolos para alguns clientes que resolveram abrir seus comércios, mas é muito pouco porque a pandemia ainda não acabou e todo mundo ainda está com muito medo dessa doença. É assim que a gente vem se virando, mas as coisas não estão muito boas”, relatou a boleira.
Rosana vive com o filho David, de 4 anos, em uma casa alugada no bairro de Nossa Senhora da Apresentação, zona Norte de Natal. Com a nova parcela de R$ 375, que espera receber até o dia 27 de abril por se encaixar no critério de “família monoparental dirigida por uma mulher”, a autônoma planeja complementar as despesas mensais que giram em torno de R$ 450 incluindo aluguel, água e energia. Na mesa, Rosana afirmou que precisou passar por uma readequação alimentar em virtude do baixo orçamento e da alta desenfreada do custo dos alimentos básicos. Em alguns supermercados, o quilo do feijão preto está custando R$ 14,49.
“A conta nunca fecha. Quando a gente recebia R$ 1.200 dava até para pagar aluguel, fazer umas compras e comprar gás, que hoje já tá quase R$ 100. Hoje, não tem mais como. Eu me mudei recentemente para uma casa com aluguel de R$ 300 porque a outra custava R$ 350 já para diminuir o gasto. Para comer, o jeito é sobreviver de doações. Tenho recebido ajuda de familiares e do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), que distribui sacolão. É desse jeito muito difícil que a gente tem tentado se virar”, relatou.
Confira datas de pagamentos do Auxílio
Crédito das Fotos: Adriano Abreu
Fonte: TRIBUNA DO NORTE