Uma calçada com desníveis, um banheiro escorregadio ou até mesmo uma praça muito movimentada são ambientes propícios para acidentes e, quando tomamos a população idosa neste contexto, o perigo é ainda mais iminente e passa a ser necessário, cada vez mais, que soluções sejam pensadas para as necessidades das pessoas mais experientes. Nesse cenário, pesquisadores dentro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) acabam de conseguir a patente de um protetor de quadril, que pode ter dupla aplicação: atuar tanto na prevenção de fraturas decorrentes de quedas no terço proximal do fêmur – a parte de cima do osso –, bem como propiciar a redução da severidade de lesões, especialmente em pacientes idosos.
“O dispositivo foi desenvolvido utilizando materiais que permitem uma maior resistência ao impacto e absorção de energia e, ao mesmo tempo, é adequado à produção sob medida, de acordo com os padrões antropométricos dos usuários. Essas são características importantes para determinar a sua adesão por parte da população idosa”, contextualiza o cientista José Daniel Diniz Melo.
Para tanto, o protetor de quadril conta com um escudo rígido de material compósito de matriz polimérica com reforço de fibras e uma camada interna de espuma polimérica flexível, o qual deve ser posicionado através de cintas ou acessórios no nível da articulação do quadril. Entre as características das espumas poliméricas, estão a facilidade de confecção, baixo peso específico, disponibilidade de matéria prima e o baixo custo. Por sua vez, Ayrles Silva Gonçalves Barbosa cita que o dispositivo utiliza materiais que permitem uma maior resistência ao impacto e absorção de energia e, ao mesmo tempo, é adequado à produção de protetores sob medida, de acordo com os padrões antropométricos dos usuários.
Ao lado de Daniel Diniz e Ayrles Barbosa, que na época era mestranda no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica, está Ricardo Oliveira Guerra, docente do Departamento de Fisioterapia, completando o grupo de pesquisadores responsáveis pelo desenvolvimento da nova tecnologia. Eles pontuam que fatores como alterações na coordenação motora e no equilíbrio, combinados com redução na capacidade visual e na capacidade cognitiva, experimentados por alguns idosos, podem aumentar a possibilidade de quedas. Além disso, fatores como a osteoporose, aumentam a necessidade de cuidados.
“Fraturas localizadas abaixo da articulação do quadril estão entre as principais consequências dessas quedas. A depender da gravidade das fraturas e da combinação com outros fatores, como osteoporose, o processo de recuperação pode exigir longos períodos de internação”, destaca Ricardo Guerra. Além de elaborar conceitualmente a nova tecnologia, o grupo já fabricou e testou protótipos durante o desenvolvimento da pesquisa para a dissertação de mestrado.
“Vários dispositivos para proteção de quadril têm sido desenvolvidos ao longo dos anos. Contudo, essa nossa invenção tem espaço a partir da demanda para o desenvolvimento de um produto que pode ser customizado, elaborado com materiais duráveis, com propriedades mecânicas superiores e de baixo custo, que apresente um projeto que garanta a proteção do quadril e, ao mesmo tempo, apresente um desenho funcional que facilite a adesão por parte da população idosa quanto ao seu uso”, frisou Daniel Diniz.
O grupo recebeu na última terça-feira, 9, do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), o registro de propriedade intelectual do produto. A concessão da patente é o último estágio do processo de patenteamento de uma invenção, embora não seja condição para que a tecnologia já seja utilizada. Os pedidos de patentes e as concessões já realizadas pela UFRN podem ser acessadas através do site da Agir, mesmo local em que os interessados obtêm informações a respeito do processo de licenciamento. O diretor da AGIR Daniel de Lima pontes, esclarece que, mesmo durante a pandemia, a Agência está realizando atendimento e dando andamento aos registros de propriedade intelectual.
Fonte: Agir/UFRN