Muitos escritores pegam detalhes da vida para um ping-pong literário que possibilita inserção de coisas a serem ditas de maneiras criativas e diferentes.
Depois de usar o fumegar do café e outros babados mais, juntando o dote para apresentar na recepção aos sessenta anos, no portal que acolherá estadia nesta década tão esperada, vou agora incorporando o sessentanos aos escritos, informando que no caso presente, a ideia é relatar o Carnaval diferente que passo, sem as tribos de índios e papangus da infância, os trios Marajós e Tapajós dos carnavais com mortalhas na Bahia, os blocos de elite no corso da Deodoro e bailes do América, o Burro Elétrico em Pirangi, as canas grandes por aí, finalizando com a fase mais light colocando o Cores de Krishna com mantras indianos em Ponta Negra.
Quem tem a sorte de perpassar estes 59 carnavais, tem o privilégio de olhar para trás, para o meio e os mais recentes, podendo com a filha pequena historiar e, com o filho médio até também já curtir, mesmo que vestido de virgem nos furdunços do saudoso amigo Raimundinho das Virgens de Pirangi.
Se hoje, sentado na Toca do Caranguejo, sozinho, limitado por protocolos covidianos, jogo olhar carinhoso para os muitos carnavais que animaram minha existência, igualmente penso nos natais, juninas, réveillons, aniversários, carnatais, quantos auês, agitos, uma vez que tive um espaço cultural em Mãe Luiza, promovendo os inesquecíveis Lual dos Amigos, Festa dos Signos, dos cancerianos e natais memoráveis.
Costumo dizer a quem tem ouvidos para me ofertar, que se hoje desencarnar, não tenho absolutamente nada a lamentar, ter deixado de fazer, pois vivenciei, festejei, procriei, plantei, escrevi, produzi, amei muito, viajei, fundei ONG do bem, honrei pai e mãe, fiz muitos amigos, combati bons combates, não deixo os facínoras da política, a esquerda, centro ou a direita – livres de minhas críticas, não peco pelo silêncio, tenho participado, atuado, fotografo, escrevo, me posiciono, estou vivo e, beirando esse portal sessentanos, ainda me sinto apto a contribuir, fazer parte da vida, produzir conteúdo, ser autoral, astral, errar, acertar, pontuar, brigar, enfim, ser um ser que mesmo já um pouco carcomido em alguns aspectos naturais, físicos, psíquicos, cansado de certas babaquices tão fortes em alguns, mas estou cheio de disposição e desejo de ter voz e vez.
Não necessariamente em carnavais, embates políticos, produções literárias, mas em outras frentes, ou nessas mesmas caso assim revolva em desejo ardente, afinal sou adepto da afirmação, “a única coisa que não muda, é que tudo muda.”
O covid impõe protocolo, mas a mente livre, viaja sem máscaras e sem amarras.
Luzzzzzz
Flávio Rezende aos treze dias, segundo mês, ano dois mil e vinte e um. 14h01. Capim Macio.
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Crédito das Fotos: Arquivo Pessoal