O projeto foi desenvolvido pelo professor Tommaso Macri, do Departamento de Física Teórica e Experimental (DFTE/UFRN), e promove a simulação e metrologia quântica com átomos de Rydberg. O docente participou da 2ª chamada pública de apoio à ciência, que selecionou 24 pesquisadores no ano de 2018. Na época, o projeto foi contemplado com um fundo de R$ 100 mil. Por conta da pandemia, os projetos receberam uma extensão de prazo do financiamento e os mais promissores foram reavaliados por um grupo de 15 cientistas vinculados a diversas universidades do país.
Além do projeto da UFRN, o Instituto Serrapilheira renovou por mais três anos o apoio a outros dois cientistas: a matemática Luna Lomonaco, do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), e o biólogo Paulo Teixeira, da Universidade de São Paulo. Cada um receberá R$ 700 mil e também poderá acessar um bônus opcional de R$ 300 mil, destinado à integração e formação de pessoas de grupos tidos como sub-representados na ciência.
Tommaso Macri é o líder do grupo de pesquisa Quantum Simulation and Technology (Quantech) do Programa de Pós-Graduação em Física (PPgF), é professor do DFTE e também pesquisador do CNPq. Sua pesquisa tem como foco promover a simulação quântica para aplicações em tecnologia quântica, investigando especialmente os sistemas com interação de longo alcance, nos quais partículas interagem mesmo distantes umas das outras, como é o caso dos sistemas de átomos de Rydberg.
Esse estudo, um dos poucos a aprofundar-se nessa temática no Brasil, demonstra um potencial que pode ir além da teoria, pois direciona para aplicações na tecnologia e simulação quântica: o resultado pode vir a ser aplicado em redes de comunicação quântica, giroscópios, relógios atômicos, sensores e computadores quânticos.
O professor se diz muito orgulhoso pela conquista. “Acredito que seja um excelente resultado que pode motivar a geração de jovens pesquisadores da UFRN e atrair novos alunos de pós-graduação brasileiros e estrangeiros. Isso me ajudará também a alcançar mais visibilidade nacional e internacional na área da Física em que atuo”, afirma.
Macri diz também que uma parte do recurso será usada para convidar pesquisadores da área reconhecidos internacionalmente e, com isso, reforçar as colaborações com grupos brasileiros. Outra parte será destinada ao incentivo à diversidade étnico-racial, de gênero e à inclusão de grupos de pesquisa mais diversos.
“Pretendo usar os fundos para aprimorar meu grupo de pesquisa na UFRN, o Quantech (Quantum Simulation and Technology), na área das tecnologias quânticas, uma área em forte expansão no mundo inteiro, e contratarei jovens doutorandos e pós-doutorandos na área de física atómica e molecular e matéria condensada”, planeja.
A simulação quântica, explica Macri, é um campo de pesquisa que abrange várias áreas da Física: atômica, molecular, óptica, da matéria condensada, nuclear, gravitacional e de alta energia, bem como a ciência da informação quântica. “O objetivo da simulação quântica é abordar sistemas físicos relevantes, ainda não resolvidos, sintetizando-os em plataformas quânticas experimentais, de modo a medir diretamente as propriedades desses modelos. Buscamos descobrir rotas para descrever simuladores quânticos genéricos com átomos que apresentam propriedades eletrônicas exageradas, os átomos de Rydberg”, finaliza.
Programa de apoio à ciência
As pesquisas apoiadas pelo Serrapilheira, esclarece o Instituto, “buscam responder a questões fundamentais da ciência, ainda que envolvam estratégias de risco”. Para isso, oferecem a liberdade e flexibilidade demandadas pela atividade científica, de modo que os cientistas possam desenvolver seus projetos a longo prazo. Os projetos escolhidos nas áreas de ciências naturais, ciência da computação e matemática devem “abordar perguntas fundamentais, serem criativos, inovadores e audaciosos”.
Desde sua criação, o Serrapilheira já apoiou 123 projetos de pesquisa e 36 projetos de divulgação científica. A UFRN vem tendo pesquisadores selecionados em todos os editais. No primeiro, em 2017, cinco receberam financiamento de R$ 100 mil, cada um, para tocar suas pesquisas na primeira etapa do projeto.
Em 2019, o professor Guilherme Ortigara Longo, do Departamento de Oceanografia e Limnologia (DOL/UFRN), foi o único das regiões Norte e Nordeste a receber a bolsa principal, de R$ 1 milhão. Sua pesquisa, ainda em andamento, busca avaliar os potenciais impactos globais, especialmente relativos ao aumento da temperatura e à diminuição do pH (escala de acidez) nos oceanos sobre organismos marinhos, como os corais, os peixes e as algas.
No ano passado, o pesquisador Rafael Chaves, da Escola de Ciências e Tecnologia (ECT/UFRN), também foi contemplado com uma bolsa de R$ 1 milhão para conduzir sua pesquisa. Ele busca compreender as implicações de se processar informação em computadores de forma quântica e investiga como se dão as relações de causa e efeito na mecânica quântica.
Fonte: Agecom/UFRN