No menu da televisão, a função futebol permite que seu televisor tenha imagens com mais nitidez, e o modo cinema propicia maior resolução ao que é visto, ao passo que softwares de edição de imagem, como Photoshop, processam a imagem dando melhor legibilidade. Em telas, sejam em monitores de computador, celulares, tablets ou televisores, quanto melhor os “quadros” que enxergamos, melhor é a experiência. Uma tecnologia inovadora desenvolvida por cientistas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) é útil justamente nesse momento do processamento da imagem, melhorando-o sob certos aspectos.
“O objeto do pedido é um método de processamento de imagem, feito por simulações computacionais para analisar o efeito de uma proposta de solução de processamento de imagem. Ele possui aplicação em processamento de imagens digitais, a exemplo do condicionamento de sinal para melhoramento de imagem para display em TVs. Então é uma invenção bem típica da engenharia contemporânea, que parte da análise matemática de um modelo físico e passa por simplificações e considerações a fim de conseguirmos propor uma solução para resolver determinado problema. A solução é um método, que tipicamente é implementado computacionalmente ou em hardware, eficaz para remoção de realce especular”, frisou Vítor Saraiva Ramos, um dos inventores.
Em linguagem técnica, de acordo com o modelo de reflexão dicromática, uma luz refletida de um objeto não homogêneo é uma combinação linear de componentes de reflexão difusa (de corpo) e especular (de interface). A luz refletida do objeto é o que faz ele ser visto, diga-se, enquanto a aparência visual das reflexões especulares é conhecida como especularidades ou realces especulares. Em visão computacional, elementos de reflexão especular podem interferir na obtenção de informações em imagens.
Desta forma, algoritmos podem incorporar reflexões especulares para os tornar mais robustos e, por conseguinte, ter a perspectiva de modificar a imagem. “Então, esse método que nós desenvolvemos pode ser usado em específico para o aprimoramento do brilho da imagem e entraria em um leque de métodos que são aplicados para gerar uma imagem final que é mostrada em um display. A título de ilustração, quando a gente entra no menu da TV e vai na aba de ajustes de imagem, cada opção que aparece lá é um método de processamento de imagem que faz a funcionalidade acontecer. Esse método que desenvolvemos potencializa uma das funções, relativa principalmente ao brilho da imagem”, colocou Vítor Ramos, atualmente aluno do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica e de Computação.
O patenteamento
Por possuir as características de novidade, atividade inventiva e aplicação industrial, requisitos para que o invento seja protegido por patente, os pesquisadores depositaram o pedido para o registro de propriedade intelectual da descoberta científica, sob a denominação Método e aparelho de processamento de imagem para reduzir reflexão especular em uma imagem de entrada. Ao lado de Vítor, são autores do pedido Luiz Gonzaga de Queiroz Silveira Júnior e Luiz Felipe de Queiroz Silveira, ambos docentes da UFRN.
“O objetivo em patentear é de obter novas parcerias em engenharia de pesquisa e desenvolvimento nessa área de processamento de sinal na UFRN, através de acordos de licenciamento e transferência de tecnologia. No caso de TVs, por exemplo, os interessados são Samsung Research, da Coréia do Sul, e as japonesas Sony e Toshiba, no caso de software de edição de imagem, é Adobe Research”, listou Vítor.
Na tecnologia desenvolvida, o método, não é preciso um sistema de aquisição de imagem tampouco mais de uma imagem de entrada, além de utilizar pouco tempo de processamento. Essa conjunção de características é amplamente desejável, pois facilita a integração em demais sistemas de processamento de imagem. Segundo o professor Luiz Felipe de Queiroz Silveira, o método proposto alcança resultados de melhor qualidade com muito menos custo computacional, permitindo assim a viabilidade em sistemas com poder de processamento limitado. “O diferencial da nossa invenção é que ela é muito mais rápida, o que permite integrar mais facilmente em sistemas maiores sem perda de desempenho geral”, realçou.
Os inventores explicam ainda que muitos dos objetos da engenharia contemporânea não são produtos monolíticos no sentido de um registro de propriedade proteger a descrição dele inteiro. Um exemplo é o iPhone, aparelho que possui cerca de 500 patentes que fazem o escudo legal nos países em que é comercializado. Contudo, no desenvolvimento, não surpreende que mais de 50 mil patentes já foram registradas envolvendo todos aspectos dele. Outro exemplo é o da televisão que temos em casa, com um display, processadores de imagem, áudio, vídeo e radiofrequência, em todas essas frentes há registros de propriedade, e existem métodos a respeito de funcionalidades que, em conjunto, conferem as qualidades do produto.
“Nós conferimos também que, com o surgimento de novos displays de alta resolução, alta gama dinâmica (high dynamic range), desenvolvedores e fabricantes de dispositivos de displays de eletrônica de consumo, mais notadamente de televisores, estão registrando novos métodos de tratamento de imagem pra poder ter uma qualidade de imagem diferencial. Então Toshiba tem patente desse tipo de método, Samsung e Hitachi também. É bom que fique claro que o produto é o valor agregado do uso da invenção a uma aplicação, e é nesse sentido que o patenteamento desse método de processo de imagem é muito pertinente”, finalizou Vítor Ramos.
Fonte: Agecom/UFRN