Essa história da Magazine Luíza mexeu com gente demais e com um assunto delicadíssimo e tratado de forma muito mais política do que realmente social.
O racismo existe e ninguém em sã consciência vai negá-lo. Como combatê-lo e destruir essa excrescência pode variar de pessoa pra pessoa e muito provavelmente, todas serão legítimas.
Não estou aqui para determinar ou discutir como devemos tratar o caso ou como não devemos, mas sim entender a lógica por trás de ações como a da loja, principalmente na seara da liberdade. Pense numa palavrinha difícil de entender.
Muita gente tem dito que a atitude da loja em convocar apenas negros pra um processo seletivo de treinées seria racismo. Bem, de acordo com o que se tem de leis sobre o assunto, sim, é racismo.
Mas vamos mais além, não quero aqui, apontar dedos ou pior, cortá-los.
De acordo com o presidente da empresa, Frederico Trajano, visualizando sua composição de empregados, chegou-se aos números de que a Magalu tem 53% de seus funcionários sendo negros, mas que apenas 16% dos cargos de liderança estariam com os mesmos. É nesse ponto que vem uma questão primordial e que demonstra como apenas o capitalismo consegue ser realmente inclusivo.
Vocês acreditam na bondade e no desejo da Magalu de inclusão dos negros em cargos de liderança ou que a empresa visou o lucro e uma boa jogada de marketing?
De acordo com o próprio Frederico, em entrevista ao Estadão, a ideia desse processo seletivo é simples: tendo mais negros tomando decisões, provavelmente a empresa terá um incremento de vendas para o público negro. Então, mesmo que o marketing gerado (justo) seja o de uma preocupação inclusiva, o fato é que o próprio presidente da empresa diz com todas as letras que a intenção da Magalu é o aumento de suas vendas.
Obviamente que teremos pessoas dizendo que não importa a intenção, o que interessa é que negros terão mais oportunidades, e eu concordo plenamente, mas entenda que isso somente é possível em uma sociedade onde o foco é o lucro, o aumento de vendas e o atendimento mais personalizado e direto. CAPITALISMO NA VEIA!
Agora vamos à parte espinhosa?
E se uma empresa acreditar que deva aumentar suas vendas para o público branco? Essa mesma empresa seria compreendida da mesma forma se abrisse uma seleção apenas para treinées brancos?
A minha opinIão é simples: dentro de uma empresa privada, as decisões devem claramente ser internas e obedecer o que é melhor pro desenvolvimento e crescimento da empresa.
Enfim, mais uma vez se prova que a única possibilidade de haver mobilidade social efetiva é através do capitalismo e sua sanha malvadona de acumulação sempre maior de capital.
Deixo a pergunta: é discriminação fazer uma seleção apenas pra brancos?
Eduardo Passaia
Consultor de empresa na área de tecnologia, turismólogo e liberal.
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