Desde segunda-feira (20), quando acende a luz vermelha do semáforo entre as avenidas Salgado Filho e Antônio Basílio em Natal, Geovane Guimarães Ferreira, de 20 anos, aparece com um cartaz pedindo um emprego aos que passam pelo cruzamento, que é um dos mais movimentados da cidade.
Geovane trabalhava como auxiliar de serviços gerais em uma empresa contratada pela Prefeitura de Natal, mas foi demitido em fevereiro após rompimento do contrato entre o Executivo e a terceirizada por causa da pandemia de Covid-19. Desde então, ele segue desempregado e se mantém com ajuda de amigos e familiares.
A decisão de ir para as ruas pedir ajuda para arrumar um emprego foi tomada após conversas com a mãe e a companheira de Geovane, que está grávida de seis meses. No entanto, o jovem conta que o grande incentivador da ideia foi o irmão, que atualmente trabalha em um petshop porque teve a mesma iniciativa: pedir trabalho no semáforo.
“Conversei com meu irmão, ele é muito batalhador e me disse pra eu fazer isso. A gente vendia jujuba no sinal quando era criança e por isso ele me disse ‘Geovane, sei que você não vai ter vergonha de fazer isso porque era assim que a gente fazia quando era criança’. Ele conseguiu esse emprego e está lá até hoje”, diz.
O jovem que vivia de aluguel precisou entregar a residência para a proprietária porque não iria conseguir manter a mensalidade em dia. Ele se mudou para a casa da sogra, onde mora com ela e a companheira no bairro Guarapes, Zona Oeste de Natal. A família enfrenta dificuldades financeiras. Geovane só teve acesso a uma das parcelas do auxílio emergencial de R$ 600.
“Fui na Caixa pra receber as outras parcelas do auxílio, mas não resolveram e ficou tudo mais complicado. A minha sogra me chamou pra morar lá, mas ela também só recebe o bolsa família e tem sido muito difícil. As vezes a gente arruma um leite ali, um feijão acolá, mas não é nada certo. Vendo tudo isso e depois de ter conversado com minha família eu fui pro sinal porque em casa não tinha nada. Se Deus quiser as coisas vão melhorar, tenho muita esperança”, relata.
Maria Vilma Guimarães, mãe de Geovane, também foi uma das incentivadoras da ideia. É ela inclusive que o acompanha no semáforo. Com o pedido, o rapaz de 20 anos espera conseguir um emprego com carteira assinada – assim como o irmão – para realizar o sonho de construir a casa própria.
“Foi um conselho do meu irmão para pedir um emprego que seja com carteira assinada porque agora eu serei pai, então se eu adoecer ou tiver algum problema não vou ter meus direitos garantidos. Se minha filha um dia pedir alguma coisa, eu vou querer dar. Não é exigindo, mas é o meu sonho pra ter pelo menos o básico. Quero criar minha filha de forma digna e realizar o sonho de fazer minha casinha”, diz Geovane.
Fonte: G1 RN
Imagem: Lucas Cortez