O domingo de Páscoa começou diferente para os fiéis que já estavam habituados a irem à missa logo no início da manhã. Com a determinação de isolamento social por causa do coronavírus, eles não puderam ir às igrejas, mas nem por isso deixaram de acompanhar as celebrações que foram transmitidas pela internet. Durante a semana a Arquidiocese de Natal divulgou as redes sociais de todas as paróquias que fariam a transmissão das missas.
Desde o dia 20 de março as missas no Rio Grande do Norte são celebradas sem a presença de fieis para evitar a proliferação do novo coronavírus.
Na Paróquia de Nossa Senhora Aparecida, em Neópolis, umas das maiores de Natal, a igreja ficou vazia e os bancos foram ocupados por fotos dos fiéis que frequentam a igreja.
“Em 32 anos em que sou padre, nunca pensei que iríamos vivenciar uma Semana Santa do jeito que foi. Foi uma Semana Santa diferente. Mas somos conscientes do que estamos vivendo e acredito que a mensagem de Jesus é o amor”, disse o padre Nunes.
Mesmo com a igreja vazia, a celebração teve todos os tradicionais ritos e foi acompanhada pelos fiéis de casa, através da internet. Para a jornalista Jussara Correia toda a Semana Santa foi vivida de uma forma especial esse ano.
“Foi emocionante por ver o vazio da igreja por saber que em outros momentos a gente estava lá juntos, mas não deixou de ser bonito, não deixou de ser emocionante. Na verdade eu acho que foi uma das semanas santas mais emocionantes que a gente viveu porque pela primeira vez foi assim nessa distância, mas dentro de nós vivendo esse amor e essa alegria da ressurreição e, principalmente, acreditando que se Cristo ressuscitou a morte não tem vitória. Então a gente reza e acredita que isso vai passar porque nós somos vitoriosos, nós estamos aqui pra vencer tudo isso e Jesus está aqui pra nos mostrar esse caminho”, disse.
“As coisas estão diferentes, as celebrações estão diferentes mas Jesus é o mesmo e a força dele é a mesma e existem outras formas de viver essa celebração com o mesmo amor. Essas celebrações a portas fechadas lembram as celebrações dos primeiros cristãos, que, por medo da perseguição, se escondiam pra realizar as missas, partilhar o pão e a palavra. Hoje o “inimigo” é outro. Mas creio que isso vai nos fortalecer enquanto igreja. Vai nos ensinar sobre tolerância, respeito e partilha. A igreja católica e tantas outras religiões que também estão vivendo isso, esse isolamento. Que tudo nos ensine sobre liberdade e respeito, que cada um possa viver sua fé em paz”, concluiu Jussara.
Imagens: Douglas Lemos
Fonte: G1 RN