O que você quer, profissionalmente, afinal de contas?
Perguntado assim, direto, sem firulas, na lata, olho no olho. Porque a resposta tem que ser também direta, a primeira que lhe vier à cabeça. Sim, essa mesma que você está pensando. Essa é resposta que te move, acredite, o resto é pura distração, perda de tempo, frustração.
É preciso tentar responder a essa pergunta. Veja, ela é o ponto inicial para todo o resto. Sim, planejamento é fundamental, estratégia é fundamental, network é fundamental, ferramentas de gestão, curva de aprendizagem, tempo, estudos, treinamentos etc e tal. Mas tudo parte de um ponto: O que você quer de sua carreira, de seu trabalho, de seu negócio?
Podemos dourar a pílula um pouco mais, com variados salamaleques do tipo; “Qual o seu propósito de vida” (chique isso, hein?!), “Onde você almeja estar? ” (Talvez em uma mansão em Paris, menos homem) ou a existencialista: “O que você quer ser, enquanto indivíduo pertencente ao seu tempo? (Eeeeeita)”.
Mas prefiro ir direto ao ponto: “O que danado você quer, caramba? ”
Sabendo o que você quer, tendo uma meta bem definida, um objetivo, um ponto claro onde quer chegar, o que quer fazer, não se engane, não seja ingênuo, você vai passar por inúmeros obstáculos, dificuldades, barreiras, você pode até precisar parar por um tempo ou dar alguns passos para trás. Porém, assim que recuperar o fôlego, você voltará com carga total em busca daquilo que você quer de verdade.
Agora, vamos combinar, as vezes levamos a vida inteira para saber o que realmente queremos. Nos perdemos nos objetivos dos outros, nos distraímos com caminhos mais fáceis, armadilhas travestidas de atalhos, recebemos rasteiras dolorosas da vida (ah, essa danada), não paramos para pensar em nós ou, muitas vezes, sequer temos a possibilidade de fazermos as nossas próprias escolhas.
Além disso, não creio que saber exatamente o que se quer seja algo simples, tipo, levantei e sei o que quero na manhã de uma quinta-feira qualquer. É preciso maturidade, uma boa dose de perspicácia e tempo, algum tempo para se experimentar coisas, produzir, conhecer pessoas, enfim, viver.
Claro, há sempre aquele seu primo que já no ventre da mãe sabia o que queria ser, onde iria trabalhar, o que queria exercitar. Maravilha, que bom para ele. Mas, não sei, não. Uma vida sem diversidade, sem novos ares, tudo bem, tudo certo, se ele está feliz, afinal a vida é breve e uma vida inteira em um emprego infeliz deve ser duro de aguentar, além disso, somos únicos, subjetivos.
Por fim, e ainda provocando, aviso com alguma dose de prazer, no dia em que você realmente descobre o que você quer, profissionalmente, e no dia em que você pode exercer o que você quer, puxa vida, minha nossa, é um dia em que merece ser vivido!
Não há nada mais prazeroso, e poderoso, no sentido de felicidade total, do que se dedicar ao exercício de uma atividade que você deseje muito. Sim, você notará, se ainda não sabe ou vive o que deseja, uma enorme satisfação, um estado de prazer incrível, executando o que ama. Eu poderia passar horas aqui descrevendo essa sensação, mas é fato de que eu não conseguiria transmitir para você exatamente como ela é. Aos que já fazem isso, bem, sei que vocês estão sorrindo agora, vocês sabem do que estou falando, vocês vivem isso.
Assim, a única coisa que posso fazer é terminar esse texto torcendo muito para que você consiga, em algum momento de sua vida, responder à pergunta do título e mais anda, possa exercer inteiramente aquilo que responder.
Jean Tavares Leite é Psicólogo Organizacional e professor universitário.
Crédito da Foto: Guia da Alma