Campo do Medo é a mais nova aposta da Netflix no campo do horror e suspense. Baseado no conto de mesmo nome de Stephen King e seu filho Joe Hill, o filme conta a história da grávida Becky (Laysla de Oliveira) e seu irmão Cal (Avery Whitted) que, durante uma viagem, ouvem o pedido de socorro de um garoto vindo do meio de um matagal. Ao entrarem no lugar acabam perdidos em meio a um labirinto que não obedece às leis do tempo e do espaço. Lá eles acabam encontrando o pequeno Tobby (Will Buie Jr.), seu pai Ross (Patrick Wilson) e Travis (Harrison Gilbertsson), que tem um relacionamento complicado com Becky.
Apesar da premissa interessante, Campo do Medo raramente entrega o que promete. Seu maior pecado é o roteiro raso, principalmente no que diz respeito a apresentação dos personagens. São todos jogados de uma forma tão ríspida e apressada que não dá tempo para simpatizamos com ninguém ali. E em um filme de terror e suspense, quando não nos importamos com o destino das pessoas que estamos acompanhando a missão de passar qualquer desconforto fica muito mais difícil.
Há algumas cenas que até tentam desenvolver uma certa tensão e empatia, mas tudo é feito através de diálogos expositivos tão qualquer coisa, que a única sensação que conseguem passar é tédio, outro problema é a duração. Com uma hora e quarenta minutos a história se mostra muito cansativa e arrastada.
O longa é repleto de ciclos temporais e apresenta uma não linearidade que faz sentido no contexto do local. É um ideia interessante até, só que como basicamente não há um primeiro ato o desenvolvimento da história ganha ares de interminável, o que mina muito da atenção do expectador.
O diretor Vicenzo Natali, do clássico cult O Cubo, até se esforça para gerar um clima incômodo, com um ambiente claustrofóbico, uma fotografia competente e uma evolução narrativa que se mantém coesa do início ao fim. Mesmo assim ele não parece muito seguro quanto ao tom da obra. Ora investe em um terror psicológico, ora volta-se a jump scares forçados e extremamente previsíveis, por sorte não são muitos esses momentos.
Quanto à atuação, o jovem Buie Jr manda muito, ora se apresentando como uma frágil criança assustada, ora como uma figura bizarramente apavorante. Já a atriz brasileira Laysla de Oliveira convence bem. Mas, sem dúvidas, o grande destaque vai para o veterano Patrick Wilson que consegue passar um descontrole cativante, o que já era esperado por um especialista no gênero, com franquias como Sobrenatural (Insidious – 2010) e A Invocação do Mal (The Conjuring – 2013). Quanto aos demais, se não se destacam, ao menos não atrapalham.
No fim das contas Campo do Medo é um terror fraco, que mesmo com boas sacadas e um conceito interessante, não consegue mostrar a que veio. No fim, não assusta, não incomoda e não cativa. Para uma adaptação de Stephen King, é bem inofensiva.
O filme está disponível no catálogo da Netflix.
Fonte: O Barquinho Cultural