O Centro de Convivência e Cultura, situado no Centro Integrado de Serviços em Saúde (CIS Pescadores), atua há dois anos focando na arte e na cultura como forma de trabalhar a inclusão social dos usuários da rede de atenção psicossocial do município.
Com uma série de oficinas, como dança criativa, inclusão digital e artesanato, o Centro trabalha de várias formas as potencialidades dos seus usuários, chamados carinhosamente de ‘convivas’ para, “Tirar um pouquinho desse estigma de usuário da saúde mental, então todos aqui são ‘convivas’, porque eles fazem parte do centro de convivência”, como explica Patrizia Daniela, psicóloga que compõe a organização e coordenação do centro junto com Júlia Monteiro, também psicóloga.
As potencialidades de cada um são despertadas através dessa forma de cuidado utilizando o serviço de promoção da saúde, que busca tratar os seus ‘convivas’ além de suas respectivas doenças e mostrando que eles possuem lugar na sociedade e que merecem ocupá-los. “A gente não recebe as pessoas olhando a partir de um diagnóstico, estamos querendo justamente ajudá-las a poder se notar de outros modos que não a partir da identificação com a doença”, comenta Júlia.
A psicóloga fala também um pouco mais sobre a maneira mais humanizadas adotada pelo espaço como forma de tratamento, “É um serviço que através da promoção da saúde, com as oficinas de arte e cultura tem um efeito que é terapêutico, então a gente entende que têm uma clínica sim que é desenvolvida aqui, mas que é uma clínica da desinstitucionalização”.
Além de atender esses usuários vindos da rede pública de saúde, o Centro é aberto à população em geral e incentiva essa integração entre a comunidade, pois este é um dos focos das atividades ali desenvolvidas, “O objetivo era a gente apostar em outros modelos de cuidados, em outros modos de se relacionar com essas pessoas e de ajudar a sociedade a mudar sua visão pra poder conviver melhor com a diferença.”, finaliza Júlia.
“Aqui todo mundo tem voz, todo mundo sabe falar”, comenta uma das ‘convivas’. No início receosa, hoje ela conta a vontade que tem de passar todos os dias da semana participando das oficinas ofertadas pelo Centro. Atividades como coral e teatro, que revelaram o lado artístico até então desconhecido por ela. “Quando tem uma apresentação que eu vou, parece que eu estou lá na lua, sentada”.
Com uma realidade bem parecida, outra ‘conviva’, que descobriu em uma das oficinas a paixão pelo crochê, ressalta o acolhimento oferecido pela equipe do centro “Às vezes a gente saí de casa, não sai nem tão bem, pelo motivo da nossa própria doença, mas quando chegamos aqui, temos um carinho tão grande, um aconchego, um calor humano tão grande que tudo aquilo vai passando”.
Já um outro ‘conviva’ ressalta os serviços de tratamento substitutivos com o incentivo de descoberta das potencialidades que o centro oferece como um dos grandes diferenciais, e comenta como esse afeto e visão humanizada é importante e causa uma melhora no seu tratamento. “Que bem faz um abraço, um aperto de mão, um sorriso, me faz tão bem”.
Hoje, potencializado por oficinas como zumba, teatro e percussão, ele conta, em um poema lançado em comemoração ao aniversário do Centro, um pouco sobre a sua vivência no local:
“O centro de convivência
É para mim um bom lugar,
Pois têm nele acolhimento
Para quem não têm no seu lar,
Além de transformação,
Sonhos, socialização,
E espírito familiar”
Imagem: SMS
Fonte: Prefeitura de Natal