De dentro de um banheiro químico, com socos e gritos de “eu consegui!”, Ítalo Ferreira se isolou para extravasar toda a alegria pela primeira vitória da carreira no Circuito Mundial de surfe, em Bells Beach 2018 (confira no vídeo abaixo). Um ano depois e com mais três títulos de etapa no bolso, o brasileiro agora não tem como se esconder. A partir desta terça-feira, ele entra no mar para defender o caneco da segunda prova do Tour, na Austrália, com todas as atenções voltadas para ele. A chamada está prevista para às 17h30 (horário de Brasília).
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Depois da vitória na abertura, em Gold Coast, Ítalo vai competir com a camisa amarela de número 1 do mundo e líder na corrida por uma das vagas para a Olimpíada de Tóquio, em 2020. Na busca pelo bicampeonato em Bells, o surfista da Baía Formosa (RN) estreia contra o havaiano Ezekiel Lau e o brasileiro Caio Ibelli.
“Tem muita pressão e cobrança por trás, mas estou sabendo administrar esses fatos e quero usar como combustível para continuar na ponta, que será uma missão e tanto”
– Em todos esses anos, sempre comecei o Tour bem, mas este ano tem algo diferente. Estou me dedicando muito mais para alcançar meus objetivos, que não serão fáceis. Começar vencendo na Gold Coast só me deixa mais confiante e com mais sede de vencer! Camisa amarela, a tão cobiçada lycra de competição. Tem muita pressão e cobrança por trás, mas estou sabendo administrar esses fatos e quero usar como combustível para continuar na ponta, que será uma missão e tanto. Mas estou disposto e me dedico todos os dias para isso – garantiu Ítalo.
A final do evento de Bells do ano passado foi um dos momentos mais marcantes do circuito mundial dos últimos tempos. Não só pela primeira vitória do Ítalo, mas por ter sido a bateria de despedida de um dos maiores ícones do esporte, o tricampeão mundial Mick Fanning. O australiano queria se despedir do Tour tocando pela quinta vez o sino do troféu mais famoso do surfe e se tornar o maior vencedor da história em Bells. Quando a sirene anunciou o fim da bateria, e o título do brasileiro, Mick e Ítalo deram um abraço emocionante ainda no mar.
– É o meu ídolo e eu assistia aos vídeos dele todas as vezes que ia surfar com meus amigos em Baía Formosa. Isso há 15 anos. Nunca imaginei que iria ter o sino de Bells na mesa da sala. Quando venci, estava cheio de energia e com aquele peso de sempre ser um dos melhores do evento e nunca ter vencido uma etapa. Então, me preparei psicologicamente com o meu coach mental, Nuno Cobra Júnior. Foi depois das nossas aulas e treinos que minha mente abriu e hoje eu tenha uma missão ampla de tudo. Foi a vitória mais importante da minha carreira até hoje!
Das 11 etapas disputadas em 2018, Ítalo conquistou três e foi o surfista que mais venceu provas, ao lado de Gabriel Medina. Ele só não disputou o título com o bicampeão mundial até o fim porque teve um ano muito irregular, com seis 13º e um 25º.
– Foi um ano de muito aprendizado. Tive alguns problemas na vida pessoal e profissional. Acredito que isso me abalou muito e, sem dúvidas, contribuiu para uma queda de rendimento. Mas a culpa foi minha por não me posicionar e tentar empurrar as coisas com a barriga! Hoje eu me sinto super bem, feliz, mais profissional e pronto para qualquer desafio.
Gabriel Medina pega vendedor de loja
O quinto lugar de Gabriel Medina na Gold Coast não foi o resultado que o bicampeão mundial esperava. Mas se for levar em consideração o retrospecto do surfista de 25 anos em oito temporadas, esse foi o terceiro melhor desempenho dele na abertura do CT – ficou em 1º em 2014 e em 3º em 2017. Em Bells Beach, o melhor resultado de Medina foi no ano passado. Ele parou na semifinal, sendo eliminado justamente por Ítalo.
Em busca do primeiro título nas longas direitas do estado de Victoria, Medina vai enfrentar na estreia dois australianos: Ryan Callinan e Harry Mann, o campeão de uma triagem com apenas surfistas locais e que trabalha em uma loja de pranchas na cidade de Torquay, vizinha de Bells. O vencedor da outra triagem, para atletas do patrocinador do evento, foi o australiano Jacob Wilcox, que vai encarar na abertura o vice-campeão mundial Julian Wilson (AUS) e Joan Duru (FRA).
Sophia Medina disputa primeiro trials
Já as triagens femininas contaram com a presença da irmã mais nova do Gabriel, Sophia Medina, de apenas 13 anos de idade e que ainda compete na categoria sub-16. Foi a primeira experiência em um evento da WSL de Sophia, que não se classificou para a final do trials. A vencedora da disputa foi a australiana Kobie Enright, de 18 anos e que vai enfrentar a heptacampeã mundial Stephanie Gilmore (AUS) e Bronte Macaulay (AUS) na primeira fase do evento principal. Única brasileira em Bells, Tatiana Weston-Webb pega Malia Mannuel (HAV) e Macy Callaghan (AUS).
Confira as baterias da primeira fase:
MASCULINO
1- Owen Wright (AUS) x Jeremy Flores (FRA) x Jadson André (BRA)
2- Jordy Smith (AFS) x Adrian Buchan (AUS) x Jack Freestone (AUS)
3- Filipe Toledo (BRA) x Griffin Colapinto (EUA) x Kelly Slater (EUA)
4- Italo Ferreira (BRA) x Ezekiel Lau (HAV) x Caio Ibelli (BRA)
5- Julian Wilson (AUS) x Joan Duru (FRA) x Jacob Willcox (AUS)
6- Gabriel Medina (BRA) x Ryan Callinan (AUS) x Harrison Mann (AUS)
7- Conner Coffin (EUA) x Michael Rodrigues (BRA) x Leonardo Fioravanti (ITA)
8- Kolohe Andino (EUA) x Seth Moniz (HAV) x Soli Bailey (AUS)
9- Wade Carmichael (AUS) x Yago Dora (BRA) x Ricardo Christie (NZL)
10- Michel Bourez (TAH) x Sebastian Zietz (HAV) x Deivid Silva (BRA)
11- John John Florence (HAV) x Willian Cardoso (BRA) x Jesse Mendes (BRA)
12- Kanoa Igarashi (JAP) x Mikey Wright (AUS) x Peterson Crisanto (BRA)
FEMININO
1- Lakey Peterson (EUA) x Nikki Van Dijk (AUS) x Paige Hareb (NZL)
2- Carissa Moore (HAV) x Coco Ho (HAV) x Keely Andrew (AUS)
3- Stephanie Gilmore (AUS) x Bronte Macaulay (AUS) x Kobie Enright (AUS)
4- Caroline Marks (EUA) x Courtney Conlogue (EUA) x Brisa Hennessy (CRC)
5- Tatiana Weston-Webb (BRA) x Malia Mannuel (HAV) x Macy Callaghan (AUS)
6- Johanne Defay (FRA) x Sally Fitzgibbons (AUS) x Sage Erickson (EUA)
Texto de Breno Dines
Fonte: Globo Esporte