É potiguar o advogado que ameaçou de morte o jornalista Carlos de Lannoy, da rede Globo, na noite de domingo (7). Erik Procópio de Moura, 37 anos, agora deve ser processado pelo repórter, mesmo após ter pedido desculpas, também pelo Instagram.
O caso aconteceu logo após o programa Fantástico exibir reportagem feita por Carlos de Lannoy sobre a morte do músico Evaldo dos Santos Rosa, de 51 anos. Ele estava com sua família na Zona oeste do Rio de Janeiro quando supostamente seu carro foi confundido. Militares dispararam mais de 80 tiros contra o veículo.
Evaldo morreu na hora. No carro estavam outras quatro pessoas, incluindo a esposa e o filho de 7 anos do músico. Além dele, que morreu, seu sogro se feriu. Os outros passageiros não foram atingidos. Um pedestre que tentou ajudar também foi baleado. Mas nenhum dos feridos corre risco de morrer.
Para a Polícia Civil do Rio de Janeiro, o Exército fuzilou o veículo por engano. Nesta segunda-feira (8), o Exército determinou a prisão de dez dos 12 militares que estavam na guarnição envolvida no fuzilamento que matou o músico de 51 anos.
“Sua família vai pagar. Aguarde cartas”
Por volta das 21h30 do domingo, após assistir a reportagem feita por Carlos de Lannoy, Erik Procópio entrou no Instagram, foi até o perfil do jornalista e postou o seguinte comentário: “Se você escolher falar merda e defender bandido; é escolha sua! Seu merda! Se for errado paga com a vida! Mexeu com o exército, assinou sua sentença! Sua família vai pagar! Aguarde cartas!”.
O jornalista respondeu de imediato: “Você vai responder por essa ameaça. O que você fez não é apenas uma afirmação vergonhosa, infeliz e lamentável, mas um crime previsto em lei. Aguarde”.
Além disso, Carlos de Lannoy fez o “print” da conversa e postou no twitter, com a seguinte informação: “Minutos depois de fazer reportagem no #showdavida sobre mais uma morte em blitz do @exercitooficial recebi essa ameaça no meu Instagram. Não ficará assim”.
Após isso, o advogado potiguar tentou pedir desculpas, também pelo instagram. “Minhas sinceras desculpas! O comentário foi apagado!. Completamente desmedido e descabido! @carlosdelannoy é um grande profissional e fica meu respeito e pedido de desculpas”. Mas já era tarde.
A ameaça já havia sido vista por muitas pessoas. Tanto no Instagram quanto no twitter o jornalista recebeu uma enxurrada de mensagens de solidariedade. No twitter, a postagem teve 2,8 mil retuitadas, 584 comentários e 9,2 mil curtidas. No Instagram, foram 311 comentários e 405 curtidas.
Após ameaças, advogado apaga contas em redes sociais
Após ver o tamanho da confusão que havia acabado de se meter, Erik Procópio apagou os dois comentários na postagem de Carlos de Lannoy e também suas redes sociais. Mas também já era tarde.
Tanto as redes sociais dele quanto a de membros da sua família já haviam sido rastreadas por pessoas que se incomodaram com a ameaça ao jornalista. E passaram a divulgar informações sobre ele, incluindo data de nascimento e telefone para contato.
Por conta da declaração contra o repórter da Globo, familiares do advogado – que não tem nada a ver com o caso – acabaram sendo alvo de críticas e comentários ofensivos também.
A única rede social mantida por Erik Procópio foi o perfil no Linkedin. Lá, ele informa ser atualmente coordenador de comunicação na Câmara Municipal de Nísia Floresta. Neste mesmo município, o advogado já foi candidato a vereador, pelo PPS em 2012.
Segundo informações capturadas antes dele apagar suas redes sociais, ele é militante de direita, apoiador do governo Bolsonaro e do ministro Sérgio Moro. Antes de ocupar cargo na Câmara de Nísia Floresta, o advogado trabalhou no Departamento de Trânsito do RN.
O Portal OP9 tentou contato com o advogado para ouvir a sua versão sobre o que aconteceu. mas ele não respondeu as mensagens enviadas. O OP9 também tentou contato com Carlos de Lannoy, mas até a postagem deste texto ele não havia respondido a mensagem.
Ameaçar alguém como o advogado Erik procópio fez é crime previsto no artigo 147 do Código Penal. “Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave” pode resultar em detenção de até seis meses, mais multa.
Fonte: OP9 RN
Imagem: reprodução/Instagram