Paciente do Huol em cuidados paliativos usa arte como terapia durante sessões de hemodiálise

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As cores e os desenhos sempre foram uma importante parte da rotina de Leandro Souza, de 30 anos, acompanhado desde os 14 anos pelo Hospital Universitário Onofre Lopes (Huol/UFRN), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). Atualmente, em cuidados paliativos, ele vive com insuficiência renal crônica e, sempre que precisou passar por internações, as pinturas eram pausadas. Enquanto esteve no Huol/UFRN para tratar as complicações de um cateter infeccionado, entre setembro e dezembro de 2024, o seu talento ajudou no processo de tratamento. As sessões de hemodiálise renderam dois quadros que já foram instalados e eternizados no Serviço.

“Desde criança, eu sempre gostei de desenhar, mesmo antes de saber ler e escrever. Os desenhos significam vida para mim”, contou Leandro. A descoberta desta habilidade pela equipe aconteceu durante uma ação musical da Comissão de Humanização do Huol em outubro de 2024. Com o olhar atento, a enfermeira responsável técnica do Serviço de Hemodiálise, Érida Diniz, percebeu a interação de Leandro com essa atividade e, em uma conversa entre os dois, descobriu que ele gostava de desenhar. Érida, que também pinta, trouxe, então, um kit de lápis aquarelável e papel.

Ao ser perguntado sobre o que gostaria de representar, Leandro prontamente respondeu: “um beija-flor”. O paciente contou que escolheu a ave por sempre vê-la nas plantas de sua residência, localizada no município de Jardim de Angicos, distante cerca de 100 km da capital, mas, curiosamente, quando pesquisou o significado, descobriu que esse pássaro é associado à alegria e à leveza. “O beija-flor é visto como um mensageiro do céu. Incentiva as pessoas a seguir em frente e deixar o passado para trás, é um presságio de boa sorte e força”, disse ele. Foi assim que as sessões exaustivas de hemodiálise, com duração de cerca de quatro horas, passaram a ser um momento de criatividade. “O que impressiona é que, em um momento de fragilidade, ele conseguiu ver muita cor”, destacou a enfermeira.

Leandro disse ter se sentido acolhido e feliz por fazer o que mais gosta, mesmo no hospital. “Ajudou muito a superar as notícias que, muitas vezes, não eram animadoras. Primeiramente, a minha fé em Deus; em segundo, a minha família, os desenhos e a equipe que cuidou de mim”. O paciente tem dificuldades técnicas para o transplante, conforme esclareceu o médico da Comissão de Cuidados Paliativos, Juliano Silveira, que o acompanha. “Ele segue lutando pela vida com alegria e pinturas”, descreveu Juliano. O Serviço de Cuidados Paliativos busca melhorar a qualidade de vida e aliviar as dores de pessoas com doenças graves.

Arte como expressão e esperança

Conforme explicou Juliano Silveira, as expressões artísticas são importantes recursos para a assistência à saúde humanizada. “A arteterapia é uma ferramenta especial nos cuidados paliativos, oferecendo um espaço de expressão e alívio emocional para pacientes e familiares. Por meio da arte, é possível ressignificar a dor, promover bem-estar e fortalecer a identidade, mesmo diante da progressão da doença”, ressaltou o profissional. Também a enfermeira Érida complementou afirmando que a “arte permite ao ser humano esse momento de conexão com uma outra realidade e, principalmente, em momentos de dificuldade e sofrimento, é capaz de proporcionar satisfação, tranquilidade e bem-estar”. Foi assim, então, que Leandro não somente coloriu seus dias de internação, como também seus beija-flores permanecerão inspirando vida e esperança a quem contemplá-los.

Imagem: Ebserh

Fonte: Agecom/UFRN

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