Os potiguares Ottis Ferreira e Chimene Nunes, eleitos Rei Momo e Rainha do Carnaval de Natal 2025, respectivamente, compartilham uma semelhança para além do reinado na capital potiguar: a paixão pela arte desde a infância. Antes dos sete anos de idade, em lugares e contextos diferentes, ambos tiveram contato com a dança. Enquanto cresciam, o desejo de seguir uma carreira artística se tornou inquestionável e hoje se reflete em cada trabalho no qual deixam um pouco da arte que carregam.
Natural de Barra de Cunhaú, foi com dois anos que Ottis Ferreira começou a dançar. Na época, seu palco foi uma instituição filantrópica que atuou na oferta de diversas oficinas à comunidade local. Por volta dos 13 anos, o dançarino resolveu se voluntariar para ser monitor de artes na entidade. A experiência foi o ponto de partida para vários outros trabalhos que surgiram ao longo da carreira, incluindo a de professor de dança e teatro em academias e escolas.
“Eu trabalho com todos os ritmos e estou sempre disposto a trazer a arte para perto de mim. Então participar de carnaval, quadrilhas e espetáculos sempre foi a minha paixão. O palco, de fato, é o meu lugar”, compartilha o artista. Aos 26 anos, ele já passou por cinco academias, nas quais ministrou aulas de ritmo e zumba, além de ter trabalhado em uma escola.
Apesar da expansiva atuação na área artística, Ottis Ferreira ainda conseguiu abrir espaço para uma outra profissão: a de professor. Pedagogo formado e com especialização que o habilita a lecionar inglês para os anos iniciais, ele comenta que desde a adolescência já gostava de aprender a língua por meio de músicas. Atualmente, busca partilhar os aprendizados ministrando aulas para estudantes de 1 a 6 anos em uma escola de Natal.
Assim como o Rei Momo do Carnaval da capital, quem também cultiva múltiplas paixões é a cantora e dançarina Chimene Nunes. Influenciada pela família, de onde herdou a veia artística, a natalense compartilha que por volta dos cinco anos de idade começou a se apresentar com o pai e as irmãs em circos e festas infantis. “Sempre fomos de circo. Então sempre estava na ativa e com shows para se apresentar”.
Com o tempo, Nunes começou a se aperfeiçoar em suas áreas de atuação. Além de cantora e dançarina, ela também é bailarina e atriz. Em 2013, a artista foi eleita rainha do carnaval de Natal e iniciou uma turnê de cinco anos junto a um grupo de capoeira na Holanda. “Além de dançar, eu sou cantora. Eu canto nos bairros, em Natal, e tenho uma banda infantil que se chama Fun Fest”.
Aos 42 anos, a empolgação da dançarina se mantém a mesma de quando a carreira era prematura. Ao ouvir seu nome sendo anunciado para rainha do carnaval em mais uma edição, compartilha ter sentido que “tudo valeu a pena”. “O sentimento foi de gratidão, sonho realizado e de que Deus me honrou. Tive muitas pedras no caminho, muitas tribulações. Foi a sandália que torou um dia antes, maquiador que furou. Teve a luta diária, também, do cansaço físico ao ter que conciliar shows, ensaios e academia”.
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Expectativas para legado na folia
Para Ottis Ferreira, ser o Rei Momo para o carnaval de Natal representa um novo desafio e desperta um forte sentimento de satisfação: “É uma satisfação porque sempre quis ser rei em Natal. É uma realização estar vivendo esse sonho e essa vontade que eu tinha”. O artista compartilha, ainda, que a conquista foi precedida de muitos ensaios que iniciaram no ano passado.
Sem pensar duas vezes, aponta o legado que almeja deixar: “Independente da situação que estejamos passando, o carnaval vai acontecer e a alegria tem que prevalecer. Vamos levar alegria, folia e sorrisos. Vamos curtir com muita prudência e atenção, respeitando o não, e manter esse carnaval maravilhoso sempre vivo”.
Já Chimene Nunes, que ensaiou por pouco mais de um mês e define o carnaval como sinônimo de “alegria”, o objetivo nesta edição é refletir a dedicação que a acompanha na arte. ”Eu espero deixar o meu amor, a minha dedicação ao carnaval e ao samba que não começou de agora. Faz muito tempo que existe essa minha ligação com o samba e a arte em si”.
A definição do Rei Momo e Rainha do Carnaval aconteceu na noite da última terça-feira (18), por meio de concurso sediado na Fundação Cultural Capitania das Artes (Funcarte), e marcou o início das festividades em Natal. No total, quatro candidatos disputaram o título de rei e cinco concorreram ao de rainha.
A titular da Secretaria de Cultura de Natal, Iracy Azevedo, lembra que a seleção não é exclusiva em Natal e se expande para outros municípios potiguares. Segundo ela, o Rei de Momo e a Rainha do Carnaval representam a transmissão da alegria para uma festa popular, tornando a escolha fundamental para o sucesso da folia.
A partir do próximo dia 27, com a abertura oficial do Carnaval de Natal, a secretária esclarece que a agenda de Chimene Nunes e Ottis Ferreira será repleta de atividades em toda a extensão da capital. Entre elas, a presença em blocos independentes que são apoiados pela Lei Djalma Maranhão.
A abertura oficial acontecerá no Polo Petrópolis, com o tradicional Baile de Máscaras e a entrega simbólica da chave da cidade ao Rei Momo e à Rainha, realizada pelo prefeito Paulinho Freire. Com o tema “De braços abertos para a alegria”, o evento terá como destaque, na área de serviços, a operação do “Transporte Folião”, que oferecerá linhas especiais gratuitas para a população durante todos os dias da festa.
Neste “reinado de Momo”, a programação contará com atrações locais e blocos espalhados por diversos pontos da cidade, além de shows de grandes nomes da música potiguar e nacional. Entre os artistas confirmados estão Banda Grafith, Alceu Valença, Cavaleiros do Forró, Psirico, Lambasaia, Henry Freitas, Ávine Vinny, Ricardo Chaves, Márcia Felipe, Zé Vaqueiro, Sergynho Pimenta, Romero Ferro, Tatau, Parangolé, Xandy Harmonia e Cheiro de Amor.
Nas palavras de Iracy Azevedo, considerando que a programação está diversificada e dividida em horários diversos, a expectativa é que a festa alcance êxito em mais uma edição. Aliado a isso, enfatiza, espera que a folia transmita “aconchego para toda a população”.
Imagem de capa: Magnus Nascimento
Fonte: Tribuna do Norte