ENDER MAGNOLIA: Bloom in the Mist é a aguardada sequência de ENDER LILIES: Quietus of the Knights. Expandindo os conceitos de seu excelente antecessor, este metroidvania de fantasia sombria apresenta novamente um mundo belo, cruel e instigante para ser explorado e conquistado, o que certamente agradará tanto os fãs do primeiro jogo quanto os amantes do gênero no Switch.
Um raio de esperança em meio à neblina
ENDER MAGNOLIA se passa no País dos Vapores, uma nação mágica onde a civilização se desenvolveu a partir de recursos subterrâneos. Neste sombrio, mas belo universo, um dos principais marcos de progresso foi a criação dos homúnculos, versáteis seres artificiais que logo se tornaram responsáveis por ajudar a humanidade em suas tarefas cotidianas.
No entanto, o surgimento de um estranho vapor fez com que, subitamente, todos os homúnculos se tornassem agressivos, levando ao colapso da sociedade como ela era conhecida. Anos após todos esses eventos, somos apresentados à protagonista Lilac: uma jovem sem memórias que desperta de um misterioso sono induzido para encontrar o seu mundo em ruínas.
Em pouco tempo de jogo, descobrimos que a menina possui o cobiçado poder dos Sintonizadores, o que a torna capaz de purificar homúnculos e, inclusive, usar os seus poderes de combate a seu favor. Reunida com Nola — uma homúnculo sem memórias encontrada em pilha de descarte —, as duas firmam um pacto de ajuda mútua que as levará a descobrir os segredos por trás da tragédia que assolou o mundo e, aparentemente, também as maneiras de revertê-la. Pronto para ajudá-las, caro(a) leitor(a)?
Uma jornada digna de ser explorada
Assim como ENDER LILIES, a jogabilidade de ENDER MAGNOLIA mescla ação e exploração, com uma sutil, mas demarcada, influência de RPGs no que tange à experiência e progressão de stats. Como em todo bom metroidvania, os jogadores podem esperar aqui uma estrutura complexa de salas interconectadas e exploráveis, com caminhos secretos, áreas ocultas ao primeiro olhar e vários desafios e rotas opcionais.
Da mesma forma, como é padrão do gênero, progredir na aventura significa ganhar acesso a novas habilidades, como o pulo duplo e o dash no ar, que tanto permitem alcançar locais inacessíveis previamente quanto performar melhor nas várias situações de combate do jogo.
Aliás, tocando nesse assunto, uma das grandes novidades desta sequência é a quantidade de “upgrades” disponíveis para Lilac e Nola: graças a mais de um ano de desenvolvimento no formato Acesso Antecipado no PC, ao todo temos aqui mais que o dobro de equipamentos, relíquias e colecionáveis do que no jogo anterior, além de dezenas de habilidades equipáveis por meio dos parceiros que são purificados.
Na prática, esse grande número de opções permite aos jogadores experimentarem várias combinações e definirem o seu próprio estilo de combate como desejarem — sempre um ponto positivo quando a jogabilidade de um título tende mais para a ação, como é o caso aqui.
ENDER… Soulslike?
Falando em ação, o elogiado sistema de combate de ENDER LILIES retorna aperfeiçoado em ENDER MAGNOLIA. Como Lily, Lilac é apenas uma criança, o que significa que seus golpes e manobras pertencem na verdade aos seus homúnculos, como Nola, que logo no início se torna a principal responsável pelos ataques e segurança da dupla.
Na prática, essa fragilidade da protagonista indica que, mais do que nunca, é fundamental analisar os padrões dos inimigos e realmente pensar antes de atacar ou esquivar para conseguir sair com a vitória. Como no primeiro jogo, é até possível curar os pontos de vida apertando o botão L, mas o limite de três usos seguidos (recuperáveis em locais de descanso) faz com que esse gesto seja mais um último recurso em momentos de desespero do que uma estratégia realmente confiável.
Não obstante, ENDER MAGNOLIA é realmente divertido nesse quesito. Consertando pontos de crítica do primeiro jogo, a mecânica de parry tornou-se mais eficiente e há uma maior variedade de inimigos e chefes (inclusive com múltiplas fases). Por várias vezes, tive a impressão de que eles foram colocados no jogo pelos desenvolvedores para, de fato, pôr à prova as minhas habilidades conseguidas durante a jornada.
Nos momentos mais intensos, confesso que esta obra da Adglobe e Live Wire Inc. até me fez refletir sobre como seria prazeroso jogar Dark Souls em 2D (acredito ser culpa da esquiva de Lilac, que agora parece aquele rolamento clássico da FromSoftware). Porém, se a dificuldade elevada não é algo que te agrada, não há com o que se preocupar: ao visitar os pontos de descanso, é possível alterar livremente a dificuldade do título.
É possível inclusive ajustar individualmente parâmetros como força, PV, resistência e frequência de ações dos inimigos, garantindo uma experiência acessível e, sobretudo, moldável aos desejos do jogador. Já quem quer um desafio ainda maior pode desfrutar de um bônus na quantidade de fragmentos recebidos, usados para desbloquear colecionáveis como trajes, modelos dos personagens e artworks.
Melancolia exuberante e apaixonante
Por fim, é impossível falar de ENDER MAGNOLIA sem citar a sua impecável direção de arte: da trilha sonora regada por piano e assinada pela banda indie Mili aos cenários desenhados à mão, há uma instigante melancolia presente em todos os momentos do título. Na minha opinião, esse é um feito que não pode ser subestimado, pois a verdade é que muitos jogos buscam transmitir essa sensação, mas poucos conseguem de fato — este sendo um desses.
Claro, de nada adiantaria todos os elogios acima se o título não tivesse uma boa performance no Switch, mas, felizmente, não é o caso: tanto no modo TV quanto no modo portátil, os jogadores podem esperar 60 quadros por segundo estáveis, sem compromissos na qualidade da imagem para isso (inclusive, os tons escuros do jogo garantem um verdadeiro espetáculo no modelo OLED).
No fim, se há uma única crítica a ser feita, é que, mesmo com todas as melhorias, ENDER MAGNOLIA ainda é bem similar ao jogo anterior, o que pode causar a impressão de uma sequência segura demais para os jogadores que esperavam ver novidades mais significativas entre um título e outro.
A meu ver, isso não é algo que compromete a qualidade do título (principalmente com o sucesso do antecessor), mas convém deixar claro que o que é apresentado aqui tem um caráter bem iterativo; em vez de revolução per se, temos evolução, e tudo bem. Afinal, em time que está ganhando, não se mexe (ao menos, não por mexer).
Uma excelente sequência que merece ser conferida por todos
Às vésperas de uma nova geração para a Nintendo, ENDER MAGNOLIA: Bloom in the Mist estreia como um dos melhores metroidvanias do Switch, expandindo o que foi visto em seu antecessor e provando que 2025 não será exatamente escasso de surpresas na biblioteca do console híbrido.
No mais, apesar de não ser revolucionária, aqui está uma excelente sequência que merece ser conferida tanto por quem está conhecendo a franquia agora quanto pelos seus fãs de longa data. Recomendado.
Prós
- Faz jus ao bom legado do jogo anterior, entregando um metroidvania que justifica sua existência acertando em todos os pontos fundamentais do gênero e refinando pontos comuns de crítica do antecessor, como a variedade dos inimigos;
- Visual e trilha sonora destacadas, que transmitem melancolia e decadência como poucos;
- Apresenta performance impecável no Switch, tanto no modo TV quanto no modo portátil;
- As adições de qualidade de vida, como a possibilidade de personalizar a dificuldade, garantem uma aventura acessível e divertida independente da intimidade com o gênero;
- Suporte a português brasileiro.
Contras
- Pode dar a impressão de ser uma sequência segura demais para quem esperava uma revolução entre os dois títulos.
ENDER MAGNOLIA: Bloom in the Mist — Switch/PC/PS4/PS5/XBO/XSX — Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: Switch
Análise feita por Alan Murilo
Fonte: Nintendo Blast
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