O uso de medicações é um dos principais tratamentos contra a depressão. Para cerca de 30% dos pacientes, no entanto, o remédio por si só não é o suficiente para combater os sintomas. Com isso em mente, a pesquisa de doutorado de Deuel Tavares investigou o papel do exercício físico como um tratamento adicional de sintomas depressivos.
O estudo foi realizado ao longo de dois anos por meio do Programa de Pós-Graduação em Psicobiologia, do Centro de Biociências (Psicobio/CB) da UFRN, sendo finalizado em 2024. Participaram estudantes e servidores da universidade diagnosticados com transtorno depressivo maior. A pesquisa também foi vinculada ao Programa de Enfrentamento à Tristeza e à Unidade de Atenção Psicossocial do Hospital Universitário Onofre Lopes (Unaps/HUOL). A professora Nicole Galvão-Coelho, do Psicobio, foi a orientadora.
“Antes de iniciar o protocolo terapêutico, os voluntários participaram de avaliações que incluíam testes físicos, coletas de sangue e preenchimento de questionários sobre sono, ansiedade, humor e atividade física”, explica Deuel. No período de triagem, foi utilizado o aplicativo UPsaúde para monitorar os quadros. Posteriormente, os pacientes passaram a realizar atividades físicas em grupo, sendo acompanhados semanalmente. Foram avaliados os sintomas depressivos, a resposta ao tratamento e a adesão às ações propostas.
A atividade física se mostrou uma aliada ao uso de medicamentos, sendo eficaz para a melhoria do sistema cardiorrespiratório e contribuindo com os efeitos dos remédios. Os exercícios também tiveram uma boa adesão pelos participantes, colaborando com a medicação para melhorar os quadros físico e mental dos pacientes. Os pacientes também exibiram uma redução dos sintomas colaterais dos fármacos.
De acordo com Deuel, o estudo foi importante para evidenciar que, em alguns casos, o uso de medicações não é o suficiente para aliviar sintomas depressivos, e que a atividade física pode ser uma ferramenta colaborativa. “Daí entra o exercício, agindo especialmente para ajustar mecanismos fisiológicos, comportamentais e emocionais”, explica.
“Além disso, o Brasil apresenta desigualdades sociais e regionais significativas, o que torna importante implementar terapias complementares que tenham baixo custo”, complementa o pesquisador.
Hoje, Deuel faz pós-doutorado no Centro Compreensivo de Câncer Arthur J.E. Child, um dos principais hospitais de tratamento e pesquisa oncológicas no mundo. A instituição é vinculada à Universidade de Calgary, no Canadá. “A UFRN me proporcionou habilidades suficientes para hoje eu chegar onde estou”, afirma o pesquisador.
Imagem de capa: Javi Indy
Fonte: Agecom/UFRN
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