Um poeta na nau dos loucos – Desrazão

Em 1494, o poeta Sebastian Brant publicou o livro Das Narrenschiff, que em sua tradução seria algo próximo a Nau dos Loucos. O livro traz a representação de um navio cheio de pessoas insanas para criticar os vícios e a corrupção da sociedade de sua época em uma série de poemas que descrevem os diferentes tipos e seus comportamentos insensatos. Sem nenhum paralelismo direto, o poeta potiguar Jean Sartief lança Desrazão, um livro que aborda de maneira densa e pessoal, a insensatez dos dias atuais, mas sem apontar classificações. Para o poeta, vivemos em tempos que a polarização da sociedade caminha de mãos dadas com uma certa loucura e que é muito fácil ser tocado pela insensatez porque vamos perdendo, cada vez mais, os parâmetros do que é e do que não é confiável.

Poeta potiguar Jean Sartief

Deste modo, Sartief apresenta 107 poesias que além de abarcar seu universo de afetividade, explora questões políticas, sociais e discute esses mares de uma não-razão cotidiana em que somos tomados em sutis opressões que vão intensificando-se mais e mais. Em conversa sobre o livro, o autor se questiona até quando vamos fingir que não estamos em uma sociedade adoecida?

O pintor Hieronymus Bosch também retratou a Nau dos Loucos como um grupo de pessoas insanas e sem rumo. Michael Foucault retoma a imagem em seu livro História da Loucura na Idade Clássica (1961) para indicar a marginalidade com que os fora da razão eram tratados e colocados em barcos à deriva na Idade Média. O autor explicou que a opressão e dominação dos grupos de poder, via igreja e por via política, em ações punitivas e práticas discursivas (nada muito diferente de hoje) sempre exerceram mecanismos de controle social e qualquer um que seja considerado um desviante é um perigo quando a verdadeira ameaça são eles que negam a alteridade que desafia a homogeneização.

Conceição Flores, Doutora em História da Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, que atuou como professora de Literaturas de Língua Portuguesa na Universidade Potiguar, autora do prefácio do livro Desrazão, indica: “Neste livro, a travessia de Jean Sartief é pautada pelo sentimento de estar no mundo à deriva, por isso sente que navega “na nau dos loucos”. A separação e o isolamento com que se depara levam à desrazão e para sobreviver a esse estado de ansiedade em que se encontra é preciso pedir emprestada “uma lança de papel” para lidar com o cotidiano, referência ao papel fundamental que a poesia desempenha na sua vida.”

Já o Doutor em Letras, sergipano, Samuel de Mattos, ao escrever a orelha do livro, aponta: “Desrazão, de Jean Sartief, abraça o princípio de tudo: a tecelagem dos sentidos; o caos do que foi, do que é e do que virá. O poeta, ao pousar sua percepção sobre as intimidades humanas, os sentimentos vazios e os conflitos do mundo, colhe fragmentos e esboços difusos para tecer as grandezas do etéreo, a aspereza dos prazeres, os males da coletividade, os mistérios do gozo e os sabores do existir. Porque a razão não é território e a poesia é profecia.”

Desrazão é um livro de poemas em que Sartief descreve os tempos atuais e as opressões cotidianas, algumas causadas por nós mesmos tentando sobreviver a esta mesma sociedade às vezes tão próxima dos tempos medievais.

Para saber um pouco mais:

Título: Desrazão
Autor: Jean Sartief
Gênero: Poesia
Fotografia da capa: Jean Sartief
Editora: Selo editorial Giro
Páginas: 111 – Papel pólen, 90g
Vendas: @sartief e @giroseloartistico
Valor: R$45,00 + taxas de envio (Correios).

Imagens: Giro Selo Artístico

Fonte: Press Release/Assessoria de Comunicação

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