Que Ninja Gaiden é uma inspiração para diversos títulos de ação e plataforma até os dias de hoje não é nenhuma novidade. O primeiro capítulo da saga de Ryu Hayabusa, lançado em 1988 para Arcades e posteriormente para o NES, trazia uma aventura casca grossa, de dificuldade elevada e exigência de precisão cirúrgica até para os tempos atuais.
Ninja 1987 traz de forma escancarada sua inspiração neste clássico, e até usa o ano anterior ao lançamento de Ninja Gaiden em seu título. Uma ótima maneira de homenagear o agora lendário “pai” dos shinobis virtuais — inclusive nós já fizemos uma lista de
dez ninjas dos videogames, e adivinhem só quem é o primeiro lugar? Pois é… Vamos à análise!
A esperança Shinobi
Ninja 1987 tem como vilão Keigo, um ninja das trevas que tem usado seus poderes maléficos para causar a desordem nas maiores metrópoles do planeta com diversos crimes e violência. A única salvação está em Yohei, um shinobi do clã rival que tem habilidade de sobra para combater os planos do ser maléfico.
Yohei tem a capacidade de dar saltos duplos, escalar paredes e arremessar um número limitado de shurikens, além do combate corpo a corpo. Como último recurso, limitado por uma barra de especial, ele também pode fazer uma investida letal contra os inimigos comuns, não importa o tamanho deles.
Ao longo das sete fases, o ninja azul enfrenta diversos tipos de inimigos, que vão desde soldados com bazucas e cavaleiros com escudos, até robôs que soltam lasers e punks que arremessam coquetéis molotov. Mesmo com essa variedade de ameaças, Ninja 1987 não é um jogo difícil, o que pode frustrar quem esperava algo no nível de Ninja Gaiden. Por mais que muito da progressão seja na base da tentativa e erro, dominar os controles de Yohei não são difíceis e a aventura pode ser concluída em pouco menos de uma hora.
Cada fase tem um chefe e nessas batalhas derradeiras, a dificuldade cai ainda mais. Não é difícil achar um ponto seguro na fase que te garanta uma vantagem para acertá-los ficando parado e só esperando a hora certa. Para um estilo de jogo que promove uma ação mais acelerada e baseada na precisão, é algo que também pode acabar desmotivando quem realmente esperava ser surpreendido ao final dos estágios
Entretanto, ter um nível de dificuldade mais brando não é demérito, ainda mais se você é o tipo de pessoa que gosta de títulos de ação retrô, independente da dificuldade. Ninja 1987 evoca muito bem o espírito dos jogos do final dos anos 80 e consegue balancear muito bem sessões de inimigos, plataformas e armadilhas. A curva de aprendizado pode ser simples, mas ela cobra a evolução e os reflexos de quem está no controle, principalmente nos dois últimos níveis.
O charme 8-bit
O visual 8-bit tem suas vantagens e desvantagens, e para a nossa alegria, Ninja 1987 trouxe a melhor parte disso, tanto no aspecto visual quanto sonoro. As fases são consideravelmente longas, mas não há aquele problema de repetição constante de padrões. Todo o caminho é composto para que o jogador realmente tenha que usar todas as habilidades de Yohei.
Nesse quesito, a única coisa que senti falta foi de algum colecionável, que me motivasse a explorar melhor cada cenário, ou até jogá-los novamente. É tudo bem trabalhado, mas bem direto ao ponto, indo de A a B exterminando todo mundo pelo caminho e é isso.
Já a trilha sonora traz uma familiaridade com outras lendas oitentistas dos games, como Mega Man e os jogos das tartarugas Ninjas. Ou seja, a música se adequa perfeitamente com os momentos em que a tela está cheia de inimigos te caçando e roubando preciosos pontos da sua barra de vida. É uma bela maneira de trazer a glória das melodias ao estilo chiptune.
Uma maneira adequada de se voltar ao tempo
Quem esperava que Ninja 1987 seria algo muito próximo à Ninja Gaiden, acabará se frustrando por causa do desafio mais ameno. Agora, se o seu desejo é uma aventura retrô que oferece ótimo level design em conjunto com visual retrô, então esta é uma excelente pedida. É um título bacana, acessível em qualquer console ou PC para curtir sem esquentar a cabeça.
Prós
- O design das fases é bem elaborado, dosando muito bem inimigos, plataformas e armadilhas, aproveitando bem as habilidades de Yohei;
- O visual 8-bit tem sprites bonitos e cenários bem trabalhados, com ambientes apresentando poucas repetições;
- A trilha sonora é muito boa e combina com o ritmo do jogo.
Contras
- Para quem busca algo mais complexo, é um jogo fácil;
- As batalhas contra os chefes são um pouco fracas;
- Poderia haver algum tipo de colecionável que aumentasse o fator replay.
Ninja 1987 — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PS5
Análise de Carlos França Jr.
Fonte: GameBlast
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