Fundada em um dia de Natal e batizada pela fé católica, a capital potiguar se tornou um marco na história brasileira. Neste 25 de dezembro, a cidade celebra 425 anos. Do início como um pequeno povoado estratégico à atual referência turística do Brasil, Natal carrega em sua essência a mistura de história, fé e um cenário natural que encanta moradores e visitantes. A capital potiguar, batizada com o nome da data que carrega simbolismos de nascimento e renovação, é território de memória, fé e celebração.
Nesta quarta-feira (25), as comemorações estarão concentradas na Arena das Dunas e incluem shows de Padre Nunes e DJ Felipe BZ, além do espetáculo “Um Presente de Natal”, que integra a programação do Natal em Natal. Com quase 100 artistas no elenco, entre bailarinos, atores, cantores e crianças, a montagem revisita a obra “Nosso Quintal”, de 2013, narrando o nascimento de Cristo e propondo reflexões sobre a tecnologia e as relações humanas.
Mais do que a data de fundação, o que torna Natal especial é a história, marcada pela resistência e posição estratégica. Segundo o historiador François Fernandes, a cidade nasceu em um momento de disputa territorial entre Espanha e Holanda. “O Rio Grande não foi colonizado como capitania hereditária, e tivemos três tentativas frustradas de ocupação. A capitania foi incorporada à Coroa Portuguesa, tornando-se uma capitania real, para proteger o território de invasões”, explica.
Nesse contexto, em 6 de janeiro de 1597, iniciou-se a construção da Fortaleza dos Reis Magos, que se tornou o marco inicial do povoamento. “Com o forte estabelecido, surgiu a necessidade de fundar um povo, que não podia ser em cima do quartel. Muitos acham que Natal foi fundada a partir de Santos Reis, Rocas, mas foi onde tem a Praça André de Albuquerque. Assim, em 25 de dezembro de 1599, nasceu Natal, batizada em homenagem ao dia de sua fundação, uma prática comum de Portugal e Espanha, países muito católicos”, diz o historiador.
A fundação da cidade, entretanto, ainda gera debates históricos. “Há três possíveis fundadores de Natal: Jerônimo de Albuquerque, Manuel de Mascarenhas Homem e João Rodrigues Colaço”, pondera Fernandes. Ainda segundo Fernandes, Natal começou pequena, com as primeiras ruas localizadas na atual Cidade Alta. Foi ali que as raízes da capital potiguar começaram a se espalhar, ganhando corpo com o surgimento da Ribeira e, mais tarde, do Alecrim.
A capital potiguar guarda verdadeiros tesouros de sua história. A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Apresentação, conhecida como Antiga Catedral, é um desses marcos, juntamente com a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e a Igreja do Galo. “São símbolos muito fortes da nossa fundação, da nossa história. São verdadeiros patrimônios da evolução da nossa cidade ao longo dos séculos”, diz.
O professor de história François Fernandes destaca ainda que os 425 anos de Natal representam uma oportunidade para refletir sobre a cidade e seus desafios, mas também para projetar os próximos natais. “Queria que as gerações futuras soubessem que a gente teve, durante muito tempo, o ar mais puro das Américas, uma cidade aprazível, uma cidade que foi abençoada pela natureza e que eu espero que a gente cuide do que a gente tem e que a gente resgate alguns valores”, completa.
Imagem: Magnus Nascimento
Fonte: Tribuna do Norte