Atuante na zona norte de Natal desde 2019, o Batuque de Mulheres tem ganhado espaço nas programações culturais da cidade, assim como em agendas de formação política. O projeto segue a proposta de musicalização de mulheres, sendo a maioria delas lésbicas, bissexuais, negras ou periféricas. Este público se justifica pela filosofia emancipatória do projeto. Com o Batuque de Mulheres, o Grupo Afirmativo de Mulheres Independentes tem o objetivo de oportunizar o acesso ao estudo da música e desenvolver aptidões no campo da arte e cultura abrindo novas possibilidades de atuação como ser artístico e musical expressivo e expansivo podendo ser uma grande porta de entrada para essas mulheres se interessarem por atuarem como profissionais da música, mas sobretudo, o propósito maior do projeto é fortalecer as mulheres através da arte, promover o acesso à cultural local e criar uma rede segura entre as mulheres para o enfrentamento do machismo, da LGBTfobia, da violência contra a mulheres, e todas as opressões impostas pela sociedade capitalista e patriarcal.
O Batuque de Mulheres vem construindo uma linda trajetória artística na cena musical local, já tendo lançado os singles “Mais Mulheres” (2022), um feat com Khrystal e participação de dezenas de mulheres, incluindo a cantora Daniela Fernandes, Rafaela Brito e alunas do projeto “Mais Mulheres na Cultura”, e “Saudade da Preta” (2023), uma colaboração entre Batuque de Mulheres, Rafaela Brito e a rapper Pretta Soul. Neste ano, com o EP “Amor, resistência e tambor”, o grupo reafirma a potência dos agrupamentos feministas, a partir de letras escritas pelas alunas do projeto sobre suas vivências enquanto batuqueiras e denunciando opressões. A estética sonora das faixas, foi inspirada nos jograis e nas palavras de ordem criadas e entoadas em atos públicos e tem a produção musical assinada por Camila Pedrassoli, e foi gravado e editado nas aulas de composição musical do projeto em parceria com Vitória de Santi, no GAMI e finalizado nos estúdios da Pólen Aceleradora. O processo teve a colaboração das professoras e equipe do projeto Vanuzia Damasceno, Luana Simplício, Vitória de Santi, Rafaela Brito, Luciara de Freitas, Karina Oliveira, Renata Graças, Cristina Diógenes, Michelle Galvão, Goretti Gomes, Marlene Silva e Tatiana Águida.
Durante esta etapa do projeto, foram escritos nas aulas de composição musical do projeto mais de 20 gritos de desordem — como o grupo prefere se referir às palavras de ordem — criando um acervo que deverá, em breve, se tornar um cancioneiro feminista. Dentre essas dezenas de canções, 4 foram selecionadas através de votação entre as alunas para compor o EP. Letras escritas pelas alunas Candice Azevedo, Lydianne Ribeiro, Larissa Carvalho, Vânia Pascoal e gravadas — vozes e percussão — por todo o grupo.
“Compor um dos Gritos de Desordem do Batuque foi, pra mim, motivo de satisfação e alegria! A minha fala vem com a intenção de dizer que somos coletivo e existimos no plural, apesar de nossas singularidades. Dentro do que nos difere, que pode ser nossa cor, posição social, orientação sexual, há algo que nos une, que é o nosso gênero. E na nossa sociedade capitalista e patriarcal, sabemos qual lugar o gênero feminino, sejam mulheres cis ou trans, ocupam. Sofremos diariamente diversos tipos de violência e eu não acredito em nenhum caminho possível, que não passe pela luta e enfrentamento coletivo. Nesse sentido, a arte é uma forte aliada, pois ela nos ajuda a gritar para os quatro cantos do mundo as nossas dores e nossos protestos, mas também pode evidenciar nossa força e união” (Vânia Pascoal, aluna do Batuque de Mulheres).
“Se a violência impera, nos quer paralisadas, saímos pelas ruas pra fazer a batucada”.
“Ao escrever o grito coloquei a potência de ser mulher e batuqueira pra fora, fico muito feliz que as minhas palavras tenham feito sentido para as minhas amigas de batuque que escolheram como um dos gritos de desordem para lançar em 2024. É emocionante saber que algo escrito por mim vai ecoar com a força e voz de outras mulheres como os gritos de desordem do Batuque de Mulheres” (Larissa Carvalho, aluna do Batuque de Mulheres).
“O trabalho de composição me fez concretizar politicamente o meu desejo enquanto batuqueira que entende a arte como ferramenta para a mudança da sociedade. Fico muito feliz de ter entoado palavras que representam vozes de muitas mulheres que, como eu, tentam ser resistência às violências que nos acometem. Sou feliz por esse lugar que tenho ocupado junto de minhas companheiras de luta. Sigamos! Todas em busca dessa voz cada vez mais coletiva e forte!” (Candice Azevedo, aluna do Batuque de Mulheres).
Além do EP, o Batuque de Mulheres estreia também o documentário “Amor, Resistência e Tambor”, que narra a trajetória do projeto desde a sua criação até hoje.
Com direção de Camila Pedrassoli, Larinha Dantas e Rafaela Brito, montagem e finalização de Marília Clara Albuquerque o documentário conta com uma equipe 100% feminina e trará imagens captadas por Luana Simplício, Talinne Freitas, Larinha Dantas, Mylena Sousa, Vitória de Santi, Michelle Galvão, Claudia Mariana, Juliana Furtado, Thamise Cerqueira e registros pessoais das alunas e integrantes do projeto. O filme é narrado pela professora e coordenadora geral do projeto Rafaela Brito que está desde o surgimento do Batuque mostrando momentos e relatos marcantes do início do GAMI e de como foram feitas as conexões para o surgimento do Batuque de Mulheres, as primeiras alunas, as primeiras apresentações, os primeiros instrumentos, o desenvolvimento da identidade visual e estética do grupo, depoimentos da equipe técnica do projeto, os grandes convites culturais e políticos e parcerias com diversos grupos e movimentos sociais que o Batuque de Mulheres participou durante esses anos de atuação, registros das aulas, das aulas-show, da chegada dos instrumentos do batuque sustentável, das rodas de autocuidado e formação política, das gravações, das participações especiais e parcerias artísticas e muita música.
“Estou muito feliz e realizada em poder fazer parte de todo processo de desenvolvimento musical, da produção das músicas autorais, de ver todo crescimento artístico e pedagógico do PDM programa de desenvolvimento musical.
Registrar nosso trabalho em música e vídeo nos possibilita acompanhar a trajetória de evolução do projeto e criar a memória do grupo para a posteridade. Neste documentário estamos contando como começamos, de onde viemos, quem esteve ao nosso lado para que estivéssemos aqui hoje e onde chegamos, é uma grande realização pessoal e coletivo. Gratidão a todas que fizerem e fazem parte dessa história, dando seguimento a esse trabalho de amor, resistência e tambor!” – Rafaela Brito, professora do Batuque de Mulheres e coordenadora cultural do GAMI/RN
O vídeo será um documentário musical e será entrelaçado pela trilha sonora autoral do projeto, com inserções dos lançamentos do Batuque de Mulheres até os dias de hoje. O lançamento acontecerá na Usina Feminista, sede do GAMI, no dia 21 de dezembro, a partir das 17h. A entrada é gratuita e aberta ao público geral.
O projeto Batuque de Mulheres do GAMI – Etapa 2024 tem o patrocínio do Governo do Estado do RN, da Fundação José Augusto, do Instituto Neoenergia e da Neoenergia Cosern, por meio da Lei Câmara Cascudo. A realização é da Cores Que Tocam Produções e do GAMI – Grupo Afirmativo de Mulheres Independentes. A produção é da Guria Produtora e tem o apoio da Pólen Aceleradora Musical e do Festival Camomila.
SERVIÇO
Lançamento EP e documentário Batuque de Mulheres do GAMI: “Amor, resistência e tambor”
Dia 21 de dezembro, a partir das 17h
Local: Sede do Gami/RN – R. Volta Redonda, 01 – Potengi, Natal – RN
Acesso gratuito
Mais informações: @batuquedemulheres @gamimulheres
Imagem: Luana Tayze
Fonte: Press Release
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