Com a chegada do mês de novembro, o mercado e os consumidores já começam a se preparar para o maior evento de compras do mundo, a Black Friday. No Brasil, a expectativa é que muitos aproveitem os descontos, mas com um olhar mais cauteloso. De acordo com uma pesquisa realizada pela Serasa, 78% das pessoas estarão mais atentas a golpes durante o período de ofertas. Além disso, 65% dos consumidores planejam buscar descontos reais nas lojas, enquanto 63% irão acompanhar de perto os preços dos produtos que desejam comprar, garantindo que as promoções sejam vantajosas.
Diante dessa cautela, muitos brasileiros também se preparam financeiramente para a Black Friday. Ainda segundo a pesquisa, cerca de 57% das pessoas não decidiram se vão comprar e afirmam que costumam economizar para a data, além de 44% delas já planejarem seus gastos com pelo menos um mês de antecedência. Isso demonstra que, apesar do apelo das ofertas, os consumidores estão cada vez mais conscientes de suas finanças, priorizando compras planejadas e seguras. Esse comportamento reflete uma mudança no perfil do comprador, que além de buscar bons preços, também quer evitar armadilhas e se proteger de possíveis fraudes durante o evento.
Segundo Anelice Costa, Diretora de Experiência do Cliente do Jusbrasil, maior plataforma de inteligência jurídica do Brasil, com as vendas e compras online em alta nesta época do ano, os golpes também aumentam consideravelmente e, por isso, é de extrema importância que o consumidor esteja atento ao histórico da empresa onde ele quer comprar ou do fornecedor que esteja negociando. “Na página do Jusbrasil, por exemplo, é possível realizar essa consulta processual ao inserir o Nome, CPF ou CNPJ, o que auxilia a checar se uma empresa ou pessoa tem algum problema legal pendente. Ter um processo não configura um crime, mas permite entender e tomar decisões mais embasadas. Essa pesquisa ajuda bastante na prevenção de fraudes, mas os compradores também precisam ficar atentos aos direitos do consumidor e entender melhor como agir em práticas abusivas durante a Black Friday”, afirma.
Pensando na forma de pagamento instantâneo, o famoso PIX, Renan Basso, especialista em tecnologia financeira e co-fundador do grupo MB Labs, explica que mesmo sendo extremamente seguro, é preciso se atentar antes de efetivar os pagamentos. Segundo ele, quando há problemas com o pagamento instantâneo, normalmente, tem um fator humano por trás, seja em tentativas de golpes ou roubos. “Diante do imediatismo do sistema de pagamento que pode comprometer a segurança em alguns casos, como em assaltos, o Banco Central tem iniciativas para evitar golpes e prejuízos dos usuários. No fim do ano passado, a instituição lançou o MED (Mecanismo Especial de Devolução), que facilita o reconhecimento de crimes feitos via PIX, auxilia nos processos de reconhecimento de crimes e possíveis ressarcimento das quantias extorquidas”, aponta. Basso também destaca que o Bacen criou soluções para quando o crime acontece de forma virtual, como o aviso de histórico de fraude, quando a chave pix recebe muitas denúncias de estar envolvida em golpes, e agora também permite que pessoas acusem chaves pix envolvidas em ações fraudulentas.
No mesmo sentido, os aplicativos das instituições financeiras, como bancos e fintechs, também disponibilizam diversas funcionalidades que operam na prevenção de golpes e fraudes, principalmente relacionados às compras e aos pagamentos. Mark Sze, head de prevenção à fraude em produtos e operações da Neon, principal fintech voltada ao brasileiro trabalhador, chama atenção para os recursos de proteção que estão na palma da mão, mas que muita gente desconhece ou não sabe como usá-los. “Os apps bancários têm várias funcionalidades de segurança que, quando bem exploradas, podem ser determinantes para proteger os consumidores”, explica o especialista. Algumas delas são: ativar notificações e alertas em tempo real para conseguir identificar uma transação fraudulenta no momento da ocorrência; ativar a geolocalização do seu dispositivo para o aplicativo, permitindo que transações sejam autorizadas apenas quando o dispositivo e o estabelecimento estiverem em locais de habitualidade do cliente; definir limites de transações e compras diários para limitar o acesso do crédito total em possíveis golpes; e usar cartões virtuais, que podem ser acessados apenas dentro do aplicativo e bloqueados em situações emergenciais, ou desbloqueados apenas durante o uso, protegendo os dados do cartão.
Ao comprar online os cuidados devem ser redobrados. Para Júlio Duram, Chief Technology Officer (CTO) da Certisign, a data é um prato cheio para os cibercriminosos agirem. “Não clique em links de fontes desconhecidas e antes de informar seus dados, verifique se o site está protegido por um certificado SSL. Para isso, clique no cadeado do navegador e confirme se ele foi emitido para o endereço em questão. Cuidado também com promoções espetaculares, mesmo se aparentemente forem de lojas famosas, pois uma das formas de roubar dados é enviar mensagens falsas em nome de empresas conhecidas. O recomendado é: recebeu uma promoção por e-mail, WhatsApp ou SMS? Em vez de clicar no link, acesse o site da loja e confirme se a oferta de fato existe”.
Tida como uma medida eficaz para impedir acessos não autorizados, a autenticação em dois fatores adiciona uma camada extra de segurança, capaz de proteger as contas online. “Atualmente, inúmeros golpistas utilizam das fragilidades do e-mail, ao passo que ele permite a recuperação de senhas de outras contas, incluindo as do e-commerce, por exemplo. Porém, com a autenticação, ele precisará de outras informações para invadi-las. Inclusive, é possível ter uma chave de segurança física ou usar um aplicativo de celular para gerar códigos de verificação e recebê-los via mensagem de texto ou voz. Isto minimiza a invasão por hackers e, consequentemente, significativamente o número de fraudes na Black Friday”, pontua Alexandre Assis, CTO da Social Digital Commerce, um dos maiores players do mercado de Full Digital Commerce do Brasil.
Fernando Malta, Head de Segurança da Informação da Evertec + Sinqia, também reforça a importância de que o consumidor fique atento a promoções que ofereçam descontos muito expressivos e que estejam muito abaixo do preço normalmente praticado, porque muitas delas podem ser falsas. “Desconfie de ofertas com preços extremamente baixos, principalmente em datas comemorativas, como a Black Friday, pois ofertas extremamente vantajosas podem ser usadas por fraudadores para atrair vítimas. Esteja sempre em alerta”, afirma.
Mesmo que o consumidor tome todos os cuidados mencionados, é fundamental que, antes de tudo, identifique a veracidade do portal em que efetuará a compra. O especialista de Segurança da Informação dá algumas dicas:
Já Luiz Couto, Executivo de Tecnologia do Digio, banco digital do Bradesco, chama atenção para os golpes financeiros que costumam ser comuns em épocas de grande volume de vendas, como é o caso da Black Friday. Há a clonagem de cartões, por meio de dispositivos instalados em caixas eletrônicos ou máquinas de cartão para copiar informações de cartões de crédito e débito. Aplicativos e sites falsos, com a criação de apps e web links que parecem legítimos para coletar dados financeiros dos usuários também podem ser muito comuns neste período. Já golpes de “phishing”, com o envio de e-mails, mensagens ou links fraudulentos, muitas vezes usando o tema do Black Friday para obter dados pessoais e financeiros das vítimas, bem como os boletos falsos, nos quais um boleto é enviado à vítima supostamente com dados reais, mas que uma vez pago, o valor é transferido diretamente para a conta do criminoso, também são reportados por clientes.
“Como é possível perceber, a criatividade não tem limite para os criminosos quando o assunto é aplicar golpes financeiros. Por isso, é de extrema importância que consumidores deem preferência por comprar em locais e sites de confiança e ter como regra sempre conferir mais de uma vez todas as informações antes de concluir qualquer transação. Já nos casos em que foi identificado um golpe ou uma fraude é imprescindível realizar o quanto antes o boletim de ocorrência e contatar a sua instituição financeira para obter as orientações sobre como proceder em cada caso”, explica Luiz.
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Fonte: Assessoria dê Comunicação