O Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, em Natal, segue em uma situação de alerta devido à superlotação de pacientes diante da insuficiência de leitos e recursos. Considerado referência no atendimento de urgência e emergência no Rio Grande do Norte, o hospital sofre com a sobrecarga de pacientes encaminhados de municípios que não possuem estrutura para resolver casos menos complexos. De acordo com Carlos Alexandre, coordenador do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do Rio Grande do Norte (Sindsaúde/RN), cerca de 60 pacientes ainda seguem aguardando atendimento nos corredores durante a manhã deste sábado (16).
Em reportagem publicada nesta edição de domingo (17), a TRIBUNA mostra que o Estado tem a intenção de criar uma espécie de “barreira ortopédica”, em parceria com municípios, para diminuir a superlotação nos corredores. A proposta – enviada para a Justiça do Estado, em processo que visa retirar os pacientes dos corredores – é que casos de baixa complexidade ortopédica sejam resolvidos em outras unidades, evitando a superlotação do maior hospital do Estado.
“O Governo do Estado era para ter fechado algumas vagas, talvez com algum hospital municipal ou mesmo privado, para destinar esses pacientes. Aqui não para de chegar gente. Tem pacientes que poderiam resolver seus problemas em algum município. Alguns têm estrutura, recebem verba federal, mas não investem em saúde. Coisas básicas que dão para resolver lá, mas mandam para cá com fraturas simples ou luxações”, reclama. Segundo Carlos, esse volume de pacientes com problemas básicos compromete a qualidade do atendimento e também sobrecarrega os trabalhadores.
Isso é algo vivenciado por Rosângela Alves, irmã de um paciente em atendimento no Walfredo Gurgel, que demonstra angústia durante a espera por um leito de UTI para seu irmão. Ele sofreu um acidente ao cair de um cavalo em Santa Cruz, no interior do estado, durante a terça-feira (12), mas foi somente na tarde de sexta-feira (15) foi direcionado à UTI. “Ele quebrou a coluna e o pescoço, e precisava de UTI para fazer a cirurgia. Nesse tempo, ele contraiu pneumonia, o que agravou ainda mais a situação dele”, conta.
Com a espera prolongada e a nova contaminação, agora o irmão de Rosângela precisará esperar pela estabilidade da pneumonia para que seja possível a realização da cirurgia. “Ele já deveria ter sido operado. A demora causou a infecção, e agora o tratamento vai demorar mais ainda. É muito angustiante para a família. A gente fica sem saber o que fazer”, desabafa Rosângela.
Para Carlos Alexandre, a solução para os problemas contínuos do Walfredo exige medidas estruturais e investimentos robustos por parte do governo e dos municípios. “Faltam insumos básicos, como antibióticos e o álcool, que é primordial e acabamos usando uma solução que é mais indicada para procedimentos cirúrgicos, além de ser bem mais cara. O Ministério Público precisa adotar medidas. É um absurdo o que acontece aqui”, desabafa.
Imagem: Adriano Abreu
Fonte: Tribuna do Norte