As micro e pequenas empresas (MPEs) do Rio Grande do Norte foram responsáveis por gerar seis em cada dez empregos formais entre janeiro e setembro de 2024, com um volume de vagas que já supera todo o ano de 2023. De acordo com o Mapa do Emprego do Sebrae-RN, até o nono mês de 2024, o Estado teve um saldo positivo de 31.488 postos, dos quais 20.732 (65,8%) foram gerados pelas MPEs. Os números indicam que o volume de todo o ano passado, quando as micro e pequenas empresas potiguares acumularam saldo de 18.382 oportunidades formais, já foi ultrapassado em 12,78%. No País, o acumulado deste ano é de 1,2 milhão de vagas criadas pelas MPEs.
No RN, segundo os dados do Mapa do Emprego, as três maiores cidades concentram pouco mais da metade da geração de novos postos em micro e pequenas empresas em 2024, com 10.980 vagas. Natal lidera o ranking, com a criação de 5.741 empregos, seguido de Mossoró (3.195) e Parnamirim (2.044). O superintendente do Sebrae/RN, José Ferreira de Melo Neto (Zeca Melo), avalia que os dados mostram a força dos pequenos negócios no Estado, os quais contribuem para diversificar a economia local e estimular novas oportunidades. “Os dados do Mapa do Emprego refletem a importância dos pequenos negócios para a economia potiguar”, ressalta.
“Os pequenos negócios não apenas representam uma parcela significativa do mercado, mas também atuam como motores de inovação e desenvolvimento local. Essa dinâmica contribui para a diversificação econômica e aumenta a resiliência diante de crises. Quando pequenos empresários se destacam, estamos diante de um ambiente propício para a criação de novas oportunidades de trabalho, geração de renda e, consequentemente, um fortalecimento da economia”, complementa Zeca Melo.
Na capital potiguar, a cozinheira Rosemary Souza, de 46 anos, e a locutora Rayssa Gomes, de 26 anos, são um retrato do cenário da geração de empregos pelas MPEs. Há cerca de cinco meses Rayssa conseguiu o primeiro trabalho com carteira assinada, depois de passar anos em trabalhos avulsos e de forma autônoma. “Já são cinco meses contratada e com carteira assinada. Estou achando a experiência incrível, não apenas pelos benefícios da CLT, mas também pelo relacionamento com os colegas e pelo senso de equipe que nós temos aqui”, conta a locutora, que trabalha em uma loja de acessórios eletrônicos no Alecrim.
“Este foi o ponto que mais me fez querer ficar em um emprego fixo, porque não é só pelo dinheiro ou pela segurança financeira, mas também pelo fato de me sentir bem no local em que estou como colaboradora. Além disso, faço o que amo”, ressaltou Rayssa, feliz com a nova fase. Já Rosemary está há bem menos tempo no novo emprego. “Entrei aqui no último dia 28 de outubro”, conta ela, que é cozinheira em um restaurante na Ribeira.
“O dono do antigo restaurante que eu trabalhava decidiu fechar, mas, felizmente fiquei sem trabalho por poucos dias. Estou gostando muito daqui, porque, desde criança, sou apaixonada por cozinha”, diz. Ela relata que já trabalhou em uma grande empresa como auxiliar de serviços gerais, mas admite que prefere estar em um pequeno negócio. “Nas grandes empresas tem muita gente fazendo cobrança e acaba sendo mais tumultuado. Aqui é bem tranquilo”, afirma.
Setembro: 2º melhor saldo em 10 anos
No Rio Grande do Norte, de acordo com o Mapa do Emprego, do Sebrae-RN, o saldo total de empregos por porte acumulado em 2024 até setembro é o seguinte: microempresas (18.382), pequenas (2.350), médias (1.129) e grandes empresas (9.627). Considerando apenas setembro, as 4.981 vagas formais criadas no Estado, entre negócios de todos os portes, estão distribuídas no seguintes setores: serviços: (1.898), construção (1.021), agropecuária (793), indústria (747) e comércio (522).
Em setembro de 2024 o RN teve, inclusive, o segundo melhor desempenho (resultado de 21.384 admissões e 16.403 desligamentos) no saldo total de empregos para o mês desde o início da série histórica do Mapa, iniciada em 2014. O volume perde apenas para setembro de 2021, que registrou 6.368 novos postos de trabalho. No Brasil, segundo levantamento do Sebrae feito a partir de dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), nos meses de janeiro e setembro deste ano o total de postos de trabalho criados pelas micro e pequenas empresas (1.231.276) também supera o volume de novas vagas de todo o ano passado (1.182.684).
“O fortalecimento da economia tem estimulado as micro e pequenas empresas a crescerem, gerando mais empregos e melhorando o nível de remuneração dos trabalhadores. Isso cria um ciclo virtuoso que estimula o surgimento de negócios, criando ainda mais empregos”, comenta Décio Lima, presidente do Sebrae. Zeca Melo, superintendente do Sebrae-RN diz que há uma valorização do empreendedorismo, o que estimula a geração de empregos.
“A crescente valorização do empreendedorismo, especialmente entre os jovens, tem levado a um aumento no número de novos negócios a cada ano. O desejo de ter o próprio negócio, aliado ao acesso facilitado a informações e ao suporte oferecido por instituições como o Sebrae, tem proporcionado um ambiente fértil para o crescimento de pequenas empresas”, destaca.
De acordo com o levantamento do Sebrae, no nono mês do ano foram geradas 247 mil vagas no Brasil, com destaque para as MPEs, que foram responsáveis por 152 mil empregos formais (62%), enquanto as médias e grandes empresas contabilizaram 95 mil postos de trabalho (40%). Ainda segundo os dados do Caged, entre as MPEs, os segmentos mais fortes em setembro foram os de Serviço (com aproximadamente 68 mil vagas), seguido de Comércio (40 mil) e Indústria (21 mil).
MPEs criaram 61,8% das vagas em setembro
O mês de setembro de 2024 registrou um saldo de 4.981 novos postos de trabalho no Rio Grande do Norte, dos quais 3.079 (ou 61,8%) foram gerados pelas micro e pequenas empresas. Zeca Melo, superintendente do Sebrae-RN, avalia que há uma série de fatores para o desempenho desses negócios ao longo do ano no estado, como capacidade de adaptação, inovação e valorização do empreendedorismo e que levam à criação de postos de trabalho.
“A capacidade de adaptação dos pequenos empresários permite que eles reajam rapidamente às mudanças do mercado, sejam essas mudanças demandas de produtos e serviços, ou condições econômicas. Essa capacidade de adaptação é crucial, especialmente em tempos de incerteza econômica, onde os grandes setores podem não ter a mesma agilidade, diz ele.
Além disso, segundo Zeca Melo, a proximidade dos pequenos negócios com as comunidades em que atuam resulta numa melhor compreensão das necessidades e preferências locais, permitindo que os empreendedores ofereçam soluções mais eficazes e personalizadas. “Esse entendimento fomenta um alinhamento com o que a população necessita, resulta em mais vendas e na consequente geração de empregos”, pontua. “Outro ponto importante é que os pequenos negócios são impulsionados pela inovação. Muitos empresários têm introduzido modelos de negócio criativos e serviços diferenciados, que atraem e retêm clientes, gerando assim mais postos”, analisa.
Rute Nascimento sempre frequentou o bairro da Ribeira por conta do marido, que tem uma loja de bombas e motores no bairro. Ela viu nas obras de requalificação que estão sendo executadas na região uma oportunidade para instalar o próprio negócio e decidiu abrir um restaurante há cerca de seis meses.
“No começo, éramos eu, meu marido e a nora dele, que nos ajudava. Depois, ela saiu e minha cunhada passou a dar uma força. Teve um período em que o movimento era muito fraco, e eu quase desisti do ponto. Mas as coisas começaram a melhorar e, recentemente, tive que contratar duas meninas, uma delas é Rosemary [personagem desta reportagem]”, descreve. Ela diz que a proximidade do restaurante com o Porto de Natal é estratégica e conta que já recebeu clientes de fora, que desembarcaram em um cruzeiro, pelo terminal marítimo.
Imagens: Adriano Abreu
Fonte: Tribuna do Norte