Hospitalidade, maneira de receber ou de ser recebido, consideração. Esses são alguns dos sinônimos da palavra acolhimento que espelham como a Política de Qualidade de Vida da UFRN impacta a vida de várias pessoas que fazem parte da instituição. Alunos, professores, técnicos-administrativos, prestadores de serviços, todos eles são público-alvo da resolução, instituída em 2017 na Instituição.
Uma dessas pessoas que se sentiu acolhida em um dos programas de Qualidade de Vida na UFRN foi a estudante do curso de Ecologia, Nathália Duarte Cachina Cavalcanti. Em 19 de fevereiro deste ano, ela soube do ambulatório trans que seria aberto na UFRN. Nessa época, ela buscava especificamente o atendimento em endocrinologia. Contudo, acabou sendo encaminhada para psicóloga e psiquiatra, o que lhe agradou muito poder ter acesso a esses serviços dentro da instituição.
“Sou uma mulher trans. Esses programas impactaram positivamente na minha qualidade de vida como pessoa trans, me garantindo tratamento psicológico, psiquiátrico e endócrino. Eu já estou há oito meses utilizando os serviços e considero os profissionais que me atenderam competentes e acolhedores”, destaca Nathália.
Outra pessoa que teve a vida mudada ao participar das ações de Qualidade de Vida da UFRN foi Pedro Rodrigues, técnico de contabilidade que atua na Pró-Reitoria de Administração (Proad). Ele lembra que no primeiro semestre de 2016, ele tinha quase 100kg e com avaliações de exames fora do padrão. “Eu não era adepto de atividades físicas e comia de tudo”, revela.
A mudança de qualidade de vida veio quando passou por estresse com adoecimento de um familiar. “Foi um startpara com isso buscar alguma forma para liberar o estresse e transtorno de ansiedade gerado pelo adoecimento, bem como pelas minhas atividades no trabalho desenvolvido na UFRN”, explica.
Ele começou a participar de corridas e caminhadas a convite de uma irmã e no segundo semestre descobriu o Programa de Qualidade de Vida da UFRN. De imediato, se inscreveu na modalidade Corrida e Musculação. “No mesmo ano, já me inscrevi nas provas de corrida, lançamento de pesos, e outras que seriam desenvolvidas durante o Mês do Servidor. Numa delas, a Corrida, fui campeão, ocupando a primeira colocação da minha faixa etária”, recorda.
Para Pedro Rodrigues, é importante que a Instituição se preocupe com a saúde e qualidade de vida dos seus colaboradores, proporcionando um ambiente satisfatório para o público interno e externo que dela buscam os serviços. Além da corrida, Pedro Rodrigues participou do grupo de canto do programa, desenvolvido em parceria com a Escola de Música da UFRN (EMUFRN), durante dois semestres.
“Posso afirmar que o Programa é importante para a Instituição, fez diferença na minha vida e está fazendo também na vida de tantos outros que participam das atividades”, afirma. E complementa, “hoje, ainda mais feliz, me vejo ativo, condicionado, com disposição diariamente e com 74 kg”.
Saúde e equilíbrio
A servidora Adriana Oliveira Figueiredo de Lima encontrou no Programa de Qualidade de Vida da UFRN o auxílio necessário para cuidar de um problema de saúde. Ela passou cerca de um ano sem voz. Por questões de saúde mental, a auxiliar de enfermagem da Diretoria de Qualidade de Vida, Saúde e Segurança no Trabalho (DAS) sentiu o seu corpo externalizar toda preocupação e ansiedade que ocupava sua mente. Com uma recuperação lenta e desafiadora, ela sentiu, aos poucos, sua voz retornando. Ao contar a história, Adriana ressalta a importância de um elemento fundamental que trouxe equilíbrio e alívio durante o processo: a prática de yoga.
Realizada pelo projeto Viver em Harmonia, a yoga busca proporcionar refúgio, alívio, uma visão de autocuidado e a oportunidade de enxergar o mundo de uma forma mais leve e passional, aproximando o servidor de si mesmo e uma realidade acolhedora. Adriana é mãe, esposa e trabalhadora, e, hoje, reconhece a prática como fundamental em sua vida. “A gente tem um momento de relaxamento, de pensar mais na gente, coisa que eu nunca fiz, sempre pensei muito nos outros. Mas não é assim, você tem que estar bem para ajudar outras pessoas”, acrescenta.
Cuidar e mudar vidas
Há cinco anos, Mirian Dantas dos Santos, pró-reitora da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (Progesp), descobriu nódulos cancerígenos em seu corpo. Enquanto o câncer de mama se desenvolvia silenciosamente, alguns exames foram adiados. Quando, em busca de dar exemplo aos servidores, realizou o exame periódico, oferecido pela Divisão de Vigilância em Saúde e Segurança do Trabalho (Divist/Progesp), Mirian se deparou com o diagnóstico. Ao falar sobre a situação, a pró-reitora destaca a importância do diagnóstico precoce: “o desenvolvimento ainda estava no início, mas, se eu não tivesse feito na data do exame periódico, a situação certamente seria outra.”
Eventualmente, podendo variar de acordo com a idade e o ambiente de trabalho, os servidores da UFRN são convocados para a realização dos exames periódicos, oferecidos pela Divist. Consistindo em avaliação clínica e laboratorial, os exames avaliam o indivíduo segundo os riscos existentes no ambiente de trabalho e doenças gerais. O objetivo é preservar a saúde dos trabalhadores e, caso haja, identificar doenças ou atividades anormais no corpo, como aconteceu com Mirian Dantas.
Por meio destes exames, a Divist tem a oportunidade de cuidar e mudar vidas. Hoje, a pró-reitora usa de sua história para motivar os servidores à realização dos exames, enquanto ressalta a importância do diagnóstico precoce, que permitiu um tratamento menos agressivo e a oportunidade de impedir que a doença se agravasse. A promoção à saúde no trabalho é indispensável, pois proporciona a prevenção e uma visão de autocuidado aos servidores. “É fundamental, como gestora e política de promoção à saúde, o exame é essencial para a nossa saúde”, acrescentou Mirian.
Vinculada à Reitoria, a Progesp é o órgão responsável por administrar e gerenciar a Política de Gestão de Pessoas da Universidade. Os projetos são promovidos com o objetivo de melhorar o dia a dia dos servidores, proporcionando uma ouvidoria e programas especiais. Os exames periódicos são oferecidos pelo programa de Saúde e Segurança do Trabalho.
O programa de Qualidade de Vida oferece vários projetos, entre eles o Gestante ativa, Bebê saudável! Uma ação integrante do Projeto Saúde da Mulher, que faz parte do Programa Qualidade de Vida no Trabalho. O Grupo de Gestantes existe há cerca de 10 anos. Durante o período do curso de gestantes, que dura 10 semanas, temas variados são abordados.
O objetivo é dar apoio e auxílio aos futuros pais, explorando segmentos variados da maternidade, como segurança no trânsito, segurança doméstica, pré-natal, planejamento familiar e questões trabalhistas. Para a enfermeira Luciana Eduardo Fernandes Saraiva, coordenadora do projeto, o curso traz uma visão real sobre o período de gestação.
Joyce Figueiredo de Lima Marques, docente do Departamento de Odontologia (DOD/UFRN), está gestante de 26 semanas. Enquanto se prepara para a chegada da nova integrante familiar, Joyce aproveita o curso para se sentir mais próxima da maternidade e trocar conhecimentos com outras gestantes do programa. “O projeto tem sido fundamental, pois é uma nova etapa, com novos desafios. No projeto a gente tem a oportunidade de aprender de forma simples e prática”, acrescenta ao compartilhar a experiência.
Valorização das pessoas
Um dos objetivos estratégicos do Plano de Gestão para o quadriênio 2023-2027 da UFRN é a valorização das pessoas. Nele, consta dois pontos importantes voltados ao bem-estar e qualidade de vida dos servidores, a promoção de atividades voltadas à qualidade de vida, à saúde e à segurança no trabalho, e o desenvolvimento da prática do esporte, da arte e do lazer, como forma de revelação de talentos e melhoria da qualidade de vida. O Indicador 31 é o que relaciona o índice de qualidade de vida no trabalho como uma das metas da UFRN.
Mas, o porque investir em qualidade de vida? O Programa de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) da UFRN consiste em práticas individuais e coletivas de trabalho, gestão organizacional e promoção à saúde, que proporcionem satisfação, reconhecimento socioprofissional, relações interpessoais harmoniosas, ambiente laboral saudável e equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal.
Para Mirian Dantas, o grande desafio da gestão de pessoas é trabalhar as pessoas. “A essência da gestão de pessoas são as pessoas. Para você cuidar do que é o mais importante para a instituição, nós temos que pensar em trabalhar a questão do bem-estar dentro da instituição”, afirma.
Mirian pontua ainda que a qualidade de vida por si é muito subjetiva para cada pessoa, com isso, a UFRN, por meio da Progesp, busca desenvolver ações e políticas que possam ter esse papel, transformando e conseguindo criar este ambiente de bem-estar. “Nossas políticas pensam no todo, técnicos-administrativos, alunos, professores, terceirizados”, complementa.
O pró-reitor adjunto, Joade Gomes, diz que a qualidade de vida do servidor é a política principal da UFRN. “Tudo se conecta a essa política. A UFRN é feita por pessoas, e se olharmos para nosso processo final é também formar pessoas. Pessoas formando pessoas e temos que cuidar dessas pessoas. E a política traz esse aspecto, em pensar as pessoas de modo multilateral”, frisa.
Joade pontua que a UFRN conta com mais de 5.500 servidores, entre técnicos e docentes, isso sem contar com alunos, prestadores de serviço e aposentados. “Nosso objetivo é levar essa política a esse pessoal, garantindo a qualidade de vida. Estamos nos dedicando a avançar em ações”, acrescenta.
Programa Viver em Harmonia
Histórias como as contadas no início desta matéria compõem o ambiente diário da DAS, incentivando continuamente o desenvolvimento de projetos e ações que visam melhorar a qualidade de vida dos servidores. Cada relato expressa o impacto direto na vida pessoal e profissional daqueles que estão inseridos no âmbito universitário.
A Diretoria de Qualidade de Vida, Saúde e Segurança no Trabalho (DAS) é o órgão responsável por desenvolver ações e conhecimentos em Qualidade de Vida no Trabalho, necessários para evitar danos ou agravos à saúde do servidor, em decorrência do ambiente, processos de trabalho e hábitos de vida; bem como contribuir na promoção e assistência à saúde a grupos prioritários da comunidade acadêmica.
Gilvânia Morais, diretora da DAS, coloca que, no trabalho realizado na UFRN, com vistas a qualidade de vida dos servidores, é adotado o conceito da Organização Mundial da Saúde (OMS), no qual a saúde não é apenas a ausência de doenças, mas sim um bem-estar físico, biológico, psicológico e social.
“Isso sempre nos motivou a trabalhar. Queremos que o servidor se sinta bem quando está na UFRN. O que nos motiva a fazer tudo que fazemos é que ele viva uma experiência muito agradável aqui. Nas avaliações, os servidores mostram ter muito orgulho em trabalhar na Instituição e se sentem valorizados”, ressalta.
Ela destaca que um elemento muito importante nesse processo é a participação do servidor, que contribui para a construção das políticas de gestão de pessoas. “A participação coletiva é um índice muito importante de promoção de bem-estar no trabalho. A partir das pesquisas e diagnósticos, acabam direcionando nossas ações de maneira assertiva”, explica.
Segundo Gilvânia, tudo que a Progesp faz é pensando no bem-estar dos servidores. E se reflete em reconhecimento como a UFRN ser referência, por dois ciclos consecutivos, no quesito governança em Gestão de Pessoas, conforme avaliação do Índice Integrado de Governança e Gestão Públicas (IGG) do Tribunal de Contas da União (TCU).
Fonte: Agecom/UFRN