Análise: Eleição impõe derrotas a Lula e Bolsonaro e deixa lições para 2026

À esquerda, o atual presidente do Brasil, Lula (PT,) e à direita, Bolsonaro (PL) - Foto: Reprodução

As eleições municipais foram aguardadas com a expectativa de que fossem um novo duelo entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), uma espécie de terceiro turno da disputa pelo Palácio do Planalto em 2022.

Os resultados deste domingo (27), contudo, impuseram derrotas a ambos e também para a polarização que representam.

Com uma vitória significativa aqui e outra acolá, petistas e bolsonaristas espremem o mapa eleitoral depois do fechamento das urnas para contar algum tipo de vantagem sobre o adversário.

Na análise fria e desapaixonada, porém, os dois maiores líderes políticos do país terminam com mais motivos para preocupações do que para celebrar.

Os partidos de Centro emergiram das urnas com a força política nos municípios. PSD, MDB, PP e União vão comandar mais da metade das cidades brasileiras. Os partidos de Gilberto Kassab (PSD) e do deputado Baleia Rossi (MDB) arremataram cinco capitais cada. Na prática, ganharam tônus para negociar mais caros seus apoios para 2026.

O PL, de Jair Bolsonaro, elegeu 517 prefeitos, 166 a mais que em 2020, e comandará quatro capitais. O resultado, porém, é aquém das 1 mil prefeituras que a legenda de Valdemar Costa Neto imaginava fazer tendo o ex-presidente rodando o país em busca de votos.

O PT, de Lula, conquistou 252 cidades, 68 a mais do que em 2020, e ficou com apenas um capital. Em Fortaleza (CE), a vitória apertada de Evandro Leitão sobre o deputado federal bolsonarista André Fernandes (PL) é o feito mais exaltado entre os petistas. O desempenho, no entanto, é tímido para um partido que está na Presidência da República.

Forças políticas nacionais, Lula e Bolsonaro tiveram seus desempenhos como cabos eleitorais colocados à prova. E o cálculo indica uma capacidade de transferência de votos para seus afilhados menor do que se supôs ao fim da disputa em 2022.

Em São Paulo, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), apadrinhado por Lula e com a campanha financiada pelo PT, foi derrotado por Ricardo Nunes (MDB).

O prefeito, por sua vez, foi reeleito apesar de Bolsonaro e tendo como principal fiador o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Tarcísio, aliás, não foi o único governador que testou seu capital político nestas eleições – e ganhou. Ronaldo Caiado (União), de Goiás; Ratinho Júnior (PSD), no Paraná, e Helder Barbalho (MDB), no Pará, elegeram seus apadrinhados na capitais dos estados em disputas acirradas.

No segundo mandato no executivos estaduais, os três já traçam os planos para 2026. Caiado não esconde que deseja concorrer à Presidência. Ratinho Júnior é o nome de Kassab caso o PSD se lance à disputa pelo Planalto. Enquanto Helder é citado como opção a vice de Lula.

São inúmeras as leituras possíveis a partir do desfecho dessas eleições municipais, mas os recados são inequívocos para os dois polos e deixa lições para a próxima corrida presidencial.

O eleitorado optou pelo pragmatismo, se distanciou dos radicalismos e buscou moderação. Como consequência, a direita se fragmentou, enquanto a esquerda saiu abatida. No embate direto entre Lula e Bolsonaro, que está inelegível, não houve um vencedor inconteste.

Em 2018, venceu o antipetismo. Em 2022, o antibolsonarismo. Em 2026, a julgar pelo resultado das urnas, será preciso ir além da ideologia.

*Por Jussara Soares – Em Brasília desde 2018, está sempre de olho nos bastidores do poder. Em seus 20 anos de estrada, passou por O Globo, Estadão, Época, Veja SP e UOL.

Crédito da Foto: Reprodução

Fonte: CNN BRASIL

 

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