Suporte para amostras ‘nano’

Uma tecnologia que permite amostras com combinação mais pertinente para utilização em microscópios com diferentes particularidades. Esse é o resultado de uma pesquisa vinculada ao Programa de Pós-graduação em Ciência e Engenharia dos Materiais da UFRN, a qual gerou um dispositivo cujo pedido de patente para proteção intelectual foi feito no mês de agosto sob o nome “Suporte de amostra intercambiável para ultramicrotomia e microscopia”.

Uma das autoras da invenção, a cientista Alice da Costa Silva, pontua que o porta amostra é um suporte que possibilita um método fácil de preparação e caracterizações morfológicas de materiais poliméricos, eliminando problemas inerentes às técnicas, aumentando a produtividade dos resultados. Exemplos de materiais poliméricos do nosso cotidiano podem ser sacolas plásticas, canos hidráulicos, para-choques de automóveis, materiais para construção civil, panelas antiaderentes, colas, isopor, tintas, pneus, embalagens plásticas e silicone.

Grupo de pesquisa coordenado por Edson Ito depositou quatro patentes em um ano

“Esse modelo de utilidade que desenvolvemos refere-se a um porta amostra combinado para ultramicrotomia, ou seja, a amostra deve ser cortada em espessuras minúsculas, de 25 a 100 nanômetros, para posterior utilização em microscopia eletrônica de transmissão (MET), microscopia eletrônica de varredura (MEV) e microscopia de força atômica (AFM), que são, digamos, técnicas que permitem a observação de substâncias de maneiras diferentes, com focos particulares”, pontua a pesquisadora.

Edson Noriyuki Ito, orientador do estudo, explica que o dispositivo tem o potencial de agilizar e facilitar o processo de preparação e de análise morfológica de amostras poliméricas.

“Este suporte metálico diferencia-se dos demais, conhecidos no estado da técnica, pelo fato de ser uma única peça que funciona de forma intercambiável, de modo que ele permite ser colocado em uma superfície criogênica, ou seja, com variação de temperatura, para que as amostras poliméricas possam ser seccionadas e posteriormente possam ser colocadas no microscópio de força atômica”, descreve o professor do Departamento de Engenharia de Materiais.

Tecnologia computacional é aliada na análise das amostras nano

O microscópio de força atômica é um dispositivo que visa a obtenção de imagens detalhadas de superfícies e de outras características de um dado material. A ultramicrotomia, utilizada pelos pesquisadores, é um método para o corte em fatias ou seções extremamente finas, bem como uma ferramenta fundamental na preparação de amostras para MET. Sobre a tecnologia alvo do pedido de patente, Edson Ito acrescenta que há protótipos desenvolvidos e em utilização na otimização das análises envolvendo as técnicas de MET, MEV e AFM em trabalhos de pesquisa da pós-graduação. Além dele e de Alice, são autores Igor Zumba Damasceno e Juciklécia da Silva Reinaldo.

Patenteamento

Contando com a natural parceria dos inventores para a proteção dos ativos de propriedade industrial, aproveitando as listas de contatos dos cientistas e o natural conhecimento nas áreas tecnológicas em que atuam, o que os coloca em uma situação privilegiada na identificação de potenciais licenciados, a Agência de Inovação da Reitoria (Agir) é a unidade responsável dentro da UFRN por propiciar o suporte aos inventores durante o pedido de patenteamento. Esse procedimento tem início ao fazer a notificação de invenção, através do Sigaa, na aba pesquisa, primeiro passo para os cientistas com interesse em patentear uma descoberta, fruto de alguma pesquisa com sua participação.

Diretor da AGIR defende usar a legislação a favor da transferência de tecnologia

“Aqui na agência damos um suporte nesse aspecto, bem como intermediamos participações de pesquisadores em mentorias do INPI. O apoio que oferecemos aos alunos, docentes e pesquisadores abrange orientações sobre o que pode ou não ser patenteado, de acordo com a lei 9.279/96, em seus artigos dez e dezoito, além de apoio para realizar a transferência da tecnologia desenvolvida para empresas interessadas na sua comercialização. Mesmo as tecnologias que não puderem ser patenteadas podem ser transferidas por meio do licenciamento de know-how, conceito que abrange uma reunião de experiências, conhecimentos e habilidades voltadas à produção de um produto ou artefato”, lista o diretor da Agência de Inovação (Agir) da UFRN, Jefferson Ferreira de Oliveira.

A tecnologia passa a integrar agora a Vitrine Tecnológica da UFRN, grupo com quase 700 ativos, frutos de pesquisas realizadas no âmbito da Universidade ou com participação de pesquisadores da Instituição. Dessa lista, fazem parte tanto itens patenteáveis como os registros dos Programas de Computador, e pode ser acessada no endereço www.agir.ufrn.br.

Com o pedido propriamente, começa a caminhada para a concessão de uma patente, cujos trâmites exigem obediência a critérios temporais previstos em lei. Após o depósito, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) guarda o documento por 18 meses em sigilo. Em seguida, o estudo é publicado e fica o mesmo período aberto a contestações. Passados os três anos, o INPI parte para a análise em si. Por esse motivo, é comum a concessão ocorrer após quatro anos do depósito.

Imagens: Cícero Oliveira

Fonte: Agecom/UFRN

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