Análise: Shogun Showdown foca totalmente na jogabilidade e entrega um roguelike difícil de largar

Shogun Showdown nos transporta de volta a uma época em que a jogabilidade era o total centro das atenções, enquanto a narrativa ficava em segundo plano ou era até mesmo inexistente. Ainda que algumas informações sejam gradualmente reveladas sobre os personagens jogáveis, o game não oferece uma trama propriamente estruturada.

Embora a ausência de uma narrativa mais elaborada possa ser considerada um ponto negativo para os padrões atuais, o game compensa essa falta com uma jogabilidade extremamente viciante. Além disso, os simples, mas belos visuais 2D adicionam muito charme aos cenários e personagens, os quais são inspirados no Japão Feudal. Por fim, vale ressaltar como um ponto positivo o fato de o jogo estar completamente legendado em português.

Falando em personagens, o título oferece cinco opções, com uma delas selecionável desde o início e as demais desbloqueadas durante as corridas. Além de serem visualmente distintos, cada indivíduo possui padrões de ataque bem diferentes, o que, combinado com outros elementos que discutiremos mais adiante, contribui para gerar um altíssimo fator replay.

Shogun Showdown é um daqueles jogos em que, apesar de as mecânicas principais serem simples, dominá-las exige esforço e repetição. No entanto, uma vez que se entende o funcionamento de todos os sistemas, é possível completar uma corrida em pouco tempo, tornando-o ideal para sessões de gameplay mais curtas.

O título incorpora vários elementos típicos de roguelikes com construção de baralhos. Sendo assim, temos um mapa que é dividido em áreas, no qual cada zona oferece batalhas ou oportunidades para adquirirmos novas cartas e itens consumíveis ou aprimorarmos ataques.

As batalhas são apresentadas em uma perspectiva side-scrolling, com uma arena lateral composta por poucos blocos de movimentação. Nesses cenários, somos capazes de andar para os lados, mudar a direção do personagem e atacar, com cada uma dessas ações representando um turno.

Com respeito aos ataques, existe uma boa variedade de opções, com cada um deles dispondo de diferentes níveis de força e alcance. Também é importante destacar que cada golpe tem seu próprio tempo de recarga, os quais são contabilizados em turnos.

Durante o combate, somos capazes de visualizar qual será a próxima ação de cada um dos adversários. Assim, somos encorajados a pensar estrategicamente, utilizando todas as particularidades de cada habilidade a nosso favor, com um foco especial no alcance e no tempo de recarga.

Como é comum nesse gênero, à medida que avançamos pelo mapa, adquirimos novas habilidades para personalizar a nossa build. Além disso, nas primeiras conclusões, a taxa de aparecimento de itens consumíveis é bastante alta, o que é especialmente útil enquanto ainda estamos ganhando experiência.

Shogun Showdown possui um ritmo de combate bem acelerado e dinâmico, fazendo com que as corridas possam ser terminadas em pouco tempo, o que, como já mencionado, é muito interessante para quando buscamos sessões de gameplay mais curtas. No entanto, devido à grande variedade de opções e à sensação de progressão contínua, é fácil se distrair e acabar jogando por horas a fio.

Com uma estrutura naturalmente repetitiva, o que geralmente distingue um bom roguelike de um menos interessante é a capacidade de manter o jogador engajado. Nesse aspecto, Shogun Showdown consegue se destacar, oferecendo um senso de progresso verdadeiramente recompensador.

Embora as moedas mais comuns obtidas durante o percurso sejam perdidas ao final de uma corrida, seja por conclusão ou derrota, o jogo oferece uma segunda forma de dinheiro, a qual é representada por caveiras. Com ela, somos capazes de adquirir aprimoramentos permanentes, especialmente novas habilidades que ficam disponíveis nas corridas subsequentes.

Outro ponto que tem peso em nossa progressão é o fato de o título possuir um forte fator estratégico, no qual o posicionamento e a compreensão dos benefícios e limites de cada talento, além dos padrões de movimento dos oponentes, são essenciais para a vitória. Graças a esse aspecto, a repetição acaba nos tornando cada vez mais habilidosos.

É importante destacar que, além dos já mencionados personagens adicionais, as corridas subsequentes introduzem restrições e alterações que aumentam significativamente a dificuldade, como limitações na aquisição de itens consumíveis e modificações nos ataques dos adversários.

Sendo assim, embora o jogo siga o tradicional ciclo de repetição, característica comum em roguelikes, a ampla variedade de elementos que podem ser inseridos ou alterados a cada nova sessão faz com que cada corrida seja verdadeiramente única. Ainda que Shogun Showdown não traga grandes inovações à fórmula dos roguelikes deckbuilding, seus sistemas são executados de forma impecável, garantindo que o título se destaque de maneira significativa dentro do gênero.

Shogun Showdown é uma notável adição ao catálogo de indies e uma das obras mais viciantes que joguei recentemente. Com uma combinação sólida de mecânicas de roguelike e deckbuilding, além de um forte fator estratégico, mesmo com corridas de curta duração, o título é capaz de fornecer boas horas de diversão.

• Visuais 2D simples, mas belos, que criam um ambiente charmoso inspirado no Japão Feudal;
• As batalhas são aceleradas e oferecem diversas opções táticas, tornando o jogo ideal para sessões de gameplay curtas ou longas;
• Oferece melhorias permanentes e desafios que se intensificam à medida que o jogador evolui, proporcionando uma experiência gratificante e viciante;
• Legendado em português.

• O jogo não apresenta uma trama estruturada, uma característica que não é tão compatível com os padrões atuais e que pode incomodar aqueles que se sentem menos conectados com obras sem um enredo definido;
• A despeito das mecânicas perfeitamente executadas, o jogo não traz grandes novidades para a fórmula tradicional do gênero.