Uma pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) resultou na descoberta e criação de um produto na área de materiais. Trata-se de um filamento termoplástico com alta capacidade de biodegradabilidade, propriedades mecânicas melhoradas e aplicação na produção customizada de artigos ambientalmente amigáveis por impressão 3D.
O estudo contou com a participação de Isaac de Santana Bezerra, Edson Noriyuki Ito, Caroline Dantas Vilar, Carlos Henrique Rodrigues Milfont e Adriano Lincoln Albuquerque Mattos. Edson Noriyuki Ito, coordenador desse grupo de cientistas, frisa que a perspectiva atual é desenvolver produtos específicos desses materiais, os quais tecnicamente são denominados bioblendas. Bem como, produzir outros filamentos termoplásticos que promovam a sustentabilidade do processo de impressão 3D. O professor do Departamento de Engenharia de Materiais (DEPTO-EMAT) da UFRN salienta ainda que já foram produzidos filamentos com diâmetros entre 1,75mm e 3,00mm, os quais apresentaram processabilidade adequada para impressão 3D.
Isaac de Santana Bezerra destaca que os inventores partiram para a busca do patenteamento por observarem que o produto atendia aos requisitos de novidade, atividade inventiva e aplicação industrial, necessários para realização do depósito da patente. “A gente entende que o processo de patentear é academicamente relevante, pois estimula a pesquisa e a inovação, protege a propriedade intelectual e permite a recuperação de investimentos. Não bastasse, promove o compartilhamento de conhecimento científico e tecnológico que busca transformar o conhecimento adquirido em artigos úteis à sociedade”, defende o doutorando em ciência e engenharia de materiais.
Edson Ito acrescenta que o filamento inovador apresentado na patente tem a capacidade única de gerar artigos com alta biodegradabilidade, o que o torna atrativo em diversas aplicações ecológicas, incluindo, mas sem limitar, a fabricação de embalagens ecofriendly customizáveis por impressão 3D. “A capacidade de degradação acelerada associada ao baixo custo e grande disponibilidade de amido e PVA permite o uso da mistura desses materiais em filamentos biopoliméricos biodegradáveis de baixo custo, como também atenua o impacto ambiental em caso de seu mau descarte, uma vez que degradado, apresenta características de um composto que fornece nutrientes para o solo, tornando este filamento uma adição valiosa ao campo dos materiais ambientalmente amigáveis”, explica o docente.
O pedido, realizado pela UFRN para a proteção da tecnologia ocorreu no mês de julho, recebeu o nome de Filamento de bioblendas de amido termoplástico para uso em impressão 3D e método de produção, e o processo de verificação foi feito pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial, órgão no Brasil responsável. Esse é o segundo depósito vinculado ao grupo neste ano. O anterior, cujo nome foi Filamento biopolimérico expansível aplicado na produção de artigos porosos e seu método de produção, também foi tema de reportagem anterior.
A tecnologia passa a integrar agora a Vitrine Tecnológica da UFRN, grupo com quase 700 ativos, frutos de pesquisas realizadas no âmbito da Universidade ou com participação de pesquisadores da Instituição. Dessa lista, fazem parte tanto itens patenteáveis, como os registros dos Programas de Computador, e pode ser acessada no site.
Patentear
Fazer a notificação de invenção, por meio do Sigaa, na aba pesquisa, é o primeiro passo para os cientistas que têm interesse em patentear uma descoberta, fruto de alguma pesquisa com sua participação. Na UFRN, cabe à Agência de Inovação da Reitoria (Agir) propiciar o suporte aos inventores durante o pedido de patenteamento.
“Aqui na agência damos um suporte nesse aspecto, bem como, intermediamos participações de pesquisadores em mentorias do INPI. O apoio que oferecemos aos alunos, docentes e pesquisadores abrange orientações sobre o que pode ou não ser patenteado, de acordo com a lei 9.279/96, em seus artigos dez e dezoito. Além disso, ofertamos apoio para realizar a transferência da tecnologia desenvolvida para empresas interessadas na sua comercialização. Mesmo as tecnologias que não puderem ser patenteadas, podem ser transferidas por meio do licenciamento de know-how, conceito que abrange uma reunião de experiências, conhecimentos e habilidades voltadas à produção de um produto ou artefato”, lista o diretor da Agência de Inovação (Agir) da UFRN, Jefferson Ferreira de Oliveira.
Ele acrescenta que a unidade conta com a parceria dos inventores para a proteção dos ativos de propriedade industrial, aproveitando as listas de contatos dos cientistas e o natural conhecimento nas áreas tecnológicas em que atuam, o que os coloca em uma situação privilegiada na identificação de potenciais licenciados. “A Agir irá trabalhar para expandir a rede de relacionamentos nas áreas de interesse da UFRN, por meio do cultivo de uma boa relação com os parceiros e licenciados existentes, networking pessoal, pesquisas de mercado, eventos do setor, entre outras ações”, frisa Jefferson de Oliveira.
Imagens: Divulgação
Fonte: Agecom/UFRN