os dias, milhares de estudantes acionam uma rotina ritmada de acordar, se alimentar, sair de casa e se deslocar para a universidade. Para cada um que participa dessa sequência de ações automatizadas, existem diferentes expectativas, sonhos e medos; sentimentos motivados, em grande parte, pela dúvida sobre o futuro profissional. Na UFRN, movimentos que buscam incentivar a segurança e formação do discente para além do viés acadêmico vêm crescendo, sendo esse o objetivo de iniciativas como o Movimento Empresa Júnior (MEJ).
Desde os 16 anos, Maria Clara está inserida nessa rotina. Mas foi apenas ao ingressar na UFRN, no curso de Comunicação Social – Publicidade e Propaganda e, subsequentemente, na empresa júnior 59mil, que conseguiu passar a enxergar possibilidades de participação em posições de liderança, tanto dentro quanto fora dos muros universitários.
Hoje, presidente da 59mil e encabeçando consultorias e parcerias no mercado, a aluna enxerga a vivência empresarial como impulsionadora, especialmente dentro da própria história. “Enquanto pessoa preta, LGBT e periférica, estar inserida no mercado, vindo da minha realidade, é difícil. Tem uma frase que eu gosto que diz: ‘O importante não é ser o primeiro ou a primeira, o importante é abrir caminhos’. Estando na UFRN e na 59mil, eu pude perceber de fato a importância de estar aqui e de oportunizar para que outras pessoas como eu estejam”, pontua Maria Clara.
Na UFRN, são 40 empresas juniores, orientadas por aproximadamente 50 professores tutores que, juntas, mobilizam cerca de 800 discentes. Essas empresas promovem e facilitam serviços e soluções diversas, variando de consultorias à gestão de conteúdos e de inovações de processos a soluções para o mercado de trabalho. Para Elias Gabriel, presidente da Brasil Júnior, instância que representa o movimento a nível nacional, há um claro objetivo: que cada vez mais pessoas tenham acesso ao movimento e entendam suas possibilidades em primeira mão.
“É uma experiência totalmente diferente de um estudante que vivencia apenas a graduação”, destaca Elias, atualmente estudante do curso de Gestão de Políticas Públicas na UFRN. De acordo com o presidente, são cerca de 30 mil jovens espalhados por todo o país, unidos pelo propósito de impacto social e formação a partir do empreendedorismo. “São pessoas qualificadas, que compõem um banco de talentos para o mercado. Pessoas diversas, que têm um propósito e, além de competências técnicas, desenvolvem competências comportamentais e socioemocionais”, pontua.
Para Amábile Virgínia, fundadora da Gestarc, empresa do curso de Gestão de Políticas Públicas, e atual coordenadora de projetos e convênios do Governo do RN, há um papel inerentemente social no empreendedorismo dentro da universidade pública. Ele é encontrado nas devolutivas da produção de conhecimento, das tecnologias e do desenvolvimento, estando inegavelmente ligado às pessoas que fortalecem o movimento: os discentes.
“O movimento das empresas juniores possibilita que as pessoas engajem nessas causas, se entendam como cidadãos e profissionais, que realmente queiram se dedicar a trazer uma devolutiva para a população. Dentro dessa lógica do empreendedorismo, a possibilidade gerada por esses movimentos é fundamental para cumprirmos o nosso papel enquanto pessoas com acesso a educação pública de qualidade”, afirma Amábile.
É o que exemplifica a Lumus, empresa do curso de engenharia elétrica, em uma parceria com a Liga Contra o Câncer. Em duas unidades, discentes avaliaram a melhor utilização do uso da energia com recursos naturais (sistema fotovoltaico), proporcionando um tratamento mais efetivo e de melhor qualidade para os pacientes. “Em termos de formação, temos pessoas que nunca tiveram contato com o meio empresarial e saem preparadas para atuação no mercado, sendo profissionais em termos emocionais, técnicos e analíticos”, explica Caio Renan, vice-presidente da Lumus.
Crescer por meio da autonomia estudantil também foi um ponto focal para Guilherme Rosso, ex-membro da Eject, empresa júnior de Ciência e Tecnologia. Hoje, ele lidera projetos de inovação em saúde e é um dos coordenadores da Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação. Sobre sua passagem no movimento, Guilherme reforça dois pontos: o desenvolvimento profissional e o entendimento do poder das redes.
“O empreendedorismo é um desses caminhos de autonomia, escolha e decisão que não é trivial, precisa de muitas habilidades e competências para trilhar essa trajetória. Mas é um caminho possível para os estudantes que querem gerar soluções e inovações para a sociedade”, pontua Guilherme Rosso.
Plano de gestão 2023 – 2027
Incentivar práticas de inovação e empreendedorismo é um dos objetivos estratégicos do Plano de Gestão 2023–2027 da UFRN. O indicador 14 mede a participação dos discentes em atividades de empreendedorismo e empreendedorismo social, com a meta de aumentar em 8% o número de estudantes envolvidos em ações de extensão relacionadas a empreendedorismo ou inovação.
O Plano de Gestão estabelece as diretrizes para a gestão da UFRN no período de 2023 a 2027. De acordo com o reitor José Daniel Diniz Melo, as diretrizes para esse novo período reforçarão o compromisso institucional de avançar na qualidade acadêmica, na inclusão e na inovação. “. Em busca do fortalecimento contínuo do valor público da Instituição, o Plano foi estruturado com um Mapa Estratégico, que agrupa os desafios institucionais em três perspectivas inter-relacionadas – Sociedade, Desenvolvimento Acadêmico e Desenvolvimento Institucional –, compostas de objetivos estratégicos, mensurados por indicadores e metas.”, completa.
Ainda segundo o Reitor, as ações da gestão continuarão balizadas pelas lições dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), adotados em 2015, por ocasião da Cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável. “Esses objetivos reafirmam, a cada dia, o compromisso com uma gestão pautada pela ética, pelos valores democráticos, pelo respeito à diversidade e pela defesa da pluralidade de ideias e da formação cidadã”, completa.
Imagens: Divulgação
Fonte: Agecom/UFRN