A Cidade Alta, importante região comercial de Natal, localizada na zona Leste da cidade, deve receber um novo empreendimento comercial no prédio onde funcionou a varejista Americanas até setembro de 2023. A informação foi divulgada pela Associação Viva o Centro (Avicen) e o anúncio já anima comerciantes e visitantes, que esperam aumento na movimentação e acreditam em um resgate do bairro histórico. O empreendimento, que deve funcionar como uma galeria comercial, surge na esteira da abertura de lojas de preço único, que têm atraído visitantes à Cidade Alta.
Ainda não há prazos para o novo shopping começar a funcionar, mas o presidente da Avicen Rodrigo Vasconcelos informou que o shopping será lançado “até o fim do ano”. A ideia é que o shopping ocupe os quatro pavimentos do prédio com lojas, praça de alimentação, estacionamento e uma escola que funcione o dia todo, diz Vasconcelos. “Fui procurar saber quem era o proprietário do prédio que ficou abandonado e era de um grupo de investidores. Depois de várias conversas eles decidiram investir e fazer um shopping”, comenta.
A busca para dar um uso ao prédio se intensificou após a estrutura ser alvo constante de furtos e arrombamentos, logo após as Americanas deixar o local. “Procuramos os donos para avisar mesmo o que estava acontecendo, como estava o prédio e sugerimos que fosse feito um shopping. Eles [investidores] demonstraram interesse e bateram o martelo que vão fazer sim um shopping na parte de baixo. Estamos tentando levar para um dos pavimentos uma escola para dar vida àquela região. O que podemos adiantar é que a procura tem sido positiva”, destaca Vasconcelos.
O prédio fica em frente ao Banco do Brasil e à Escola Estadual Winston Churchill, entre os bancos Itaú e Bradesco, com intensa movimentação de pessoas e veículos. O anúncio já tem repercussão entre representantes do comércio. A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio-RN) vê com otimismo a chegada do novo shopping à Cidade Alta. A instituição acredita que o empreendimento pode contribuir para a revitalização do comércio local e aponta a necessidade de um esforço conjunto.
“É importante ressaltar que a revitalização de uma área tão importante como a Cidade Alta requer um esforço conjunto e uma abordagem multifacetada. Além da introdução de novos empreendimentos, a Fecomércio tem participado ativamente de discussões e propostas de soluções para a região. Estamos acompanhando de perto as mudanças no perfil dos empreendimentos na Cidade Alta, que, assim como em grandes capitais, tem sofrido os impactos da pandemia e do crescimento do comércio eletrônico”, destaca Marcelo Queiroz, presidente da federação.
Quem se acostumou ao grande movimento da Cidade Alta no passado também se anima com a possibilidade do bairro ganhar um shopping. É o caso da aposentada Lourdes da Silva, 68, visitante frequente da Cidade. “Venho aqui tem muitos anos, sempre gostei de vir, hoje continuo vendo e saber que um shopping está chegando é muito bom. Para a gente que gosta de comércio de rua é uma alegria imensa, é preciso revitalizar. Essas lojas que chegaram aqui já deram um movimento muito bom”, conta.
Lojas de preço único movimentam a Cidade
Nos últimos anos, sobretudo após a pandemia, a Cidade Alta registrou diversos fechamentos de lojas. Além das Lojas Americanas, redes como Marisa, C&A, Zinzane, Magazine Luiza e Di Santino fecharam as portas no bairro, alegando pouco movimento e alto custo de manutenção dos pontos comerciais. No entanto, neste mês de junho, a abertura de lojas de variedades com preço único tem aumentado o fluxo de clientes nas calçadas da Cidade Alta.
O empresário Hélder Arnaud, dono de uma das lojas, diz que a abertura é “para somar” com o comércio local e se anima com a vinda do shopping. “Nós viemos para isso, percebemos que o comércio estava parado aqui mesmo, mas depois da loja aqui é perceptível que o fluxo aumentou bastante, até mesmo com os outros comerciantes que tenho conversado. Alguns até agradeceram pela iniciativa. Aqui é tudo por R$ 20 e tem tudo e isso chama a atenção do povo”, diz o empresário.
O aumento repentino no fluxo comercial da Cidade fez os responsáveis por uma loja de louças repensarem a decisão de fechar o negócio. Érika dos Santos diz que as vendas aumentaram cerca de 1.000% neste mês. “Baixamos os preços para fazer a liquidação já que existe essa perspectiva de fecharmos, mas a procura tem sido tão elevada que iremos ficar mais 60 dias para reavaliarmos a situação. Com certeza a chegada dessas novas lojas deram uma cara nova para a cidade”, destaca a vendedora.
Crédito da Foto: Luiz Freitas
Fonte: TRIBUNA DO NORTE