“Sou uma mulher, preta e potiguar, vim de uma cidade do interior do RN (Macau). Nunca imaginei que poderia chegar tão longe, com um reconhecimento nacional. A felicidade não cabe no meu peito e sei que é só o começo de tudo”, relata Cecília Costa, vencedora do prêmio Intercom de Monografia 2024. Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte e ex-bolsista da Agência de Comunicação (Agecom/UFRN), Cecília conquistou a premiação concedida pela Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom).
A monografia produzida pela ex-aluna do Departamento de Comunicação da UFRN, intitulada Quem ama não mata: uma análise da cobertura sobre feminicídio no portal do G1 RN, foi selecionada para receber o prêmio após passar por uma comissão avaliadora composta por 24 pesquisadores de todo o Brasil. Cecília conta que já vem pesquisando sobre o assunto há muito tempo. “A temática da violência contra a mulher, com o recorte do feminicídio, é algo que já venho estudando desde 2018, mas de forma intuitiva e independente. O resultado da minha monografia é uma construção de muitos anos”, relata.
O prêmio, que tem como principal objetivo reconhecer e evidenciar a produção e a pesquisa científica ligada à área da comunicação no país, é dividido em 4 categorias: graduação, mestrado acadêmico, mestrado profissional e doutorado. Os trabalhos que recebem as premiações concedidas pela Intercom precisam atender a algumas exigências, são elas: relevância e atualidade do tema; qualidade do texto; contribuição para a área; e abordagem teórico-metodológica.
A jornalista fala que ouviu o termo “feminicídio” pela primeira vez em 2017, antes mesmo de ingressar na Universidade, e decidiu se aprofundar no assunto após começar a sua trajetória dentro da UFRN. “Direcionei o meu estudo para analisar a cobertura de casos de feminicídio realizada pela imprensa brasileira. A abordagem realizada pela mídia, muitas vezes, é romantizada, irresponsável e culpabiliza e revitimiza a vítima (e os seus familiares), com viés machista que reforça estereótipos de gênero. Nos primeiros semestres da minha graduação eu já sabia que esse seria o tema do meu TCC”, comenta.
Segundo Cecília, receber um prêmio de reconhecimento nacional, pesquisando sobre um tema tão importante, é fantástico e de uma representatividade enorme. Ela espera que o trabalho fure a bolha, alcance mulheres que não estão inseridas no contexto e na vivência acadêmica, e que sirva de inspiração para futuras pesquisadoras. “O meu trabalho foi escrito por uma mulher, com uma orientadora mulher e com a banca avaliadora toda composta por mulheres. Espero e torço que outras meninas se inspirem nessa conquista, sabendo que elas também podem ser pesquisadoras e que os seus sonhos são possíveis”, pontua.
Cecília irá receber o prêmio presencialmente durante o 47º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. O evento acontece na Universidade do Vale do Itajaí (Univali), localizada no município de Balneário Camboriú (SC), entre os dias 3 e 6 de setembro deste ano.
Imagem: Arquivo pessoal
Fonte: Agecom/UFRN