Mulheres que cuidam

O Laboratório de Estudo de Gênero e População (Laegep/UFRN), vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Demografia da UFRN (PPgDem/UFRN) promoveu, nos dias 19 de abril, 10 e 22 de maio, o evento Mulheres que cuidam de crianças com deficiência. Organizado no modelo de roda de conversa, o evento contou com a participação de mães do grupo T21 do RN, mães de crianças autistas da Associação de Pais e Amigos dos Autistas do RN (Apaarn) e mães da Rede de Apoio de Mãe Luiza Atípica (RAMLA).

O objetivo do evento foi promover uma conversa com mulheres que cuidam de crianças com deficiência. Isso para melhor compreensão da sobrecarga de trabalho relacionado aos cuidados e impactos na vida de quem cuida.

Roda de Conversa – Rede de Apoio de Mãe Luiza Atípica (RAMLA) – Foto: Kaline Lopes

De acordo com a professora Luana Myrrha, coordenadora do ciclo de rodas de conversas e do Laegep, apesar das mudanças ocorridas na sociedade brasileira, proporcionando às mulheres maior acesso ao mercado de trabalho e escolaridade, o trabalho de cuidado ainda é visto como um papel a ser exercido pelas mulheres. “Quando se trata de mulheres que cuidam de crianças com deficiência, o tempo dedicado aos cuidados é ainda mais elevado e pode se prolongar por toda a vida do filho”, reforça a professora. Durante as rodas de conversa, a grande maioria das mães reportou que o trabalho remunerado foi deixado de lado para cuidar dos filhos, relegando-as ao ambiente domiciliar e, em grande medida, afastadas do convívio social.

Uma das queixas, ainda, foi o acesso ao sistema de saúde, tanto para obter o laudo como para acessar as terapias necessárias. Muitas crianças ainda não têm o diagnóstico, porque não conseguem agendar consultas com médicos especializados na rede pública. Sem o laudo, as crianças não podem acessar o Benefício de Prestação Continuada (BPC) ou de transporte público, ter apoio especializado na escola, e muito menos as terapias, colocando-as em situação de maior vulnerabilidade econômica.

Outro problema muito reportado foi a dificuldade de vagas escolares para crianças autistas na rede pública e privada. Segundo Luana Myrrha, é importante o impacto nas relações sociais e afetivas dessas mães. A solidão e o cansaço físico e mental é muito presente na vida dessas mulheres, que geralmente abdicam de qualquer autocuidado para se dedicar aos filhos. “As redes de amigos antigas somem e dão lugar à novos amigos que compartilham das mesmas angústias. Mesmo dentro da família, há avós, tios e sobrinhos que rejeitam o contato com as crianças”, completou

Fonte: Agecom/UFRN 

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