Especial: Museu do Videogame Potiguar completa 10 anos de atuação

O Rio Grande do Norte tem um museu do videogame. Iniciado em 2014, com sua primeira exposição no Sest/Senat, o Museu do Videogame Potiguar completa 10 anos, atuando sempre de forma itinerante, e o JOL RN preparou uma matéria especial contando a história do Museu.

O embrião do Museu já existia desde os anos 1990, no meio do boom das locadoras e dos videogames, 3 amigos apaixonados pelos consoles caseiros se juntaram para dar início a um sonho, a criação de um museu do videogame da cidade de Natal.

Eles eram Glídio Márcio, Ricardo Fox e Carlos Augusto. Fizeram algumas reuniões e definiram como seria o Museu. A partir daí, iniciaram a busca pelas peças, consoles raros e tradicionais. Porém, nessa época, a internet ainda era arcaica, consoles comuns como Master System, Nes, Atari 2600 eram fáceis de conseguir, mas complicado era obter as raridades como Atari Pong, Colecovision, Vectrex ou o Magnavox Odyssey, o primeiro videogame do mundo.

Além disso, a dificuldade financeira foi um revés a mais. O preço para trazer estes consoles era altíssimo (ainda hoje é), então, até a situação melhorar, a solução foi engavetar o projeto até surgir as condições favoráveis de se conseguir um acervo mínimo para o projeto.

Nesse ínterim, outro revés aconteceu. No início do século XXI, faleceu Carlos Augusto, então o projeto parecia que estaria fadado ao esquecimento. Em 2013, mais um golpe, o outro idealizador, Ricardo Fox, faleceu nesse ano. Porém, algo reacendeu a chama e o projeto voltou com uma grande força.

Com o falecimento dos seus amigos e co idealizadores do Museu, Glídio Márcio resolveu pôr o projeto em prática. Primeiro criando a U.P.G. – União Potiguar de Gamers – e, em parceria com sua esposa, Karina, foi atrás de parcerias com lojistas da cidade, fazendo vídeos de divulgação, e de colecionadores locais para agregar ao acervo do Museu.

 

Dentre os colecionadores, encontraram Alexandre Freitas, que complementou o acervo, dando mais cara de Museu. A Alternativa Games e, mais tarde, a Magic Games (duas lojas tradicionais da cidade), entraram como parceiras do projeto. No ano seguinte, com a cara e a coragem, se prepararam para a primeira exposição, e o projeto finalmente saiu do mundo onírico.

Em 2014, a U.P.G. realiza o primeiro “Natal Game Clube”, fazendo a primeira exposição do Museu do Videogame Potiguar, ainda com um acervo pequeno, cerca de 40 consoles, mesmo assim não deixou de ter raridades como o Atari Pong – segundo console caseiro do mundo, lançado em 1974 – e o Virtual Boy, considerado como o maior fracasso da Nintendo.

Primeira exposição do Museu do Videogame Potiguar

Ainda em 2014, aconteceu o 2º Natal Game Clube. Nesse evento, o acervo já havia quase duplicado com um pouco mais de 70 consoles. Também foi o escancarar de portas, pois, nele, o organizador de um dos maiores eventos geek do Estado, Daniel Garcia, do Yujô Fest, apareceu e se encantou com o projeto. Daniel logo fez o convite para o Museu participar de um evento especial, o Yujô Gamer Level Up – voltado principalmente para os jogos eletrônicos –, que ocorreria no ano seguinte, em novembro de 2015, no Centro de Convenções de Natal.

Nesse espaço de tempo, o Museu do Videogame Potiguar cresceu assustadoramente. Agregando mais alguns colecionadores ao projeto, o seu acervo chega a quase 200 consoles e mais de 1.000 itens entre jogos e acessórios, tornando-se o 3º maior acervo da Região Nordeste (atrás somente de Pernambuco e Bahia).

Exposição no Centro de Convenções

Novembro chega, o MVP entra em uma das maiores casas de eventos do Estado – O Centro de Convenções – e com o status de grande, afinal, naquele momento, o Museu já ostentava um dos maiores acervos do Nordeste.

“Aquele evento necessitou de um trabalho hercúleo de todos da equipe, porque queríamos mostrar o tamanho que o projeto atingiu, toda a estrutura que conseguimos construir em apenas dois anos de vida.

Então, nós, como equipe, levamos o máximo de consoles que podíamos para lá, os mais raros foram – desde o Atari Pong, Coleco Vision, Virtual Boy ao raríssimo PlayStation One (não aquele modelo baby, e sim um monstro gigante da Sony) –, cerca de 100 consoles ficaram para exposição, mais 30 para os visitantes jogarem. Puderam desfrutar ao vivo e a cores consoles como o Tele Jogo, Atari, 3DO e Dreamcast, até o Nintendo Wii.”

Após o Yujô Gamer Level Up, o Museu do Videogame passou a ser conhecido e respeitado em todo o Estado e fora dele. Passou a receber vários convites de grandes eventos pelo Nordeste. Em 2016, o Museu participa do Encontro Gamer de Mamanguape, na Paraíba, e também entra nas maiores casas de eventos do Estado como o próprio Arena das Dunas, palco de 4 jogos da Copa do Mundo de 2014, sempre figurando como uma das principais atrações desses eventos. Além de ser atração cativa da GG Con, maior evento de cultura pop do Estado.

Este ano, abrindo as comemorações de uma década de atuação, o Museu do Videogame Potiguar marca presença em dois grandes eventos da cultura pop. Nos dias 24 e 25 de maio o Museu vai estar com seu Gameplay retrô – no estilo das locadoras dos anos 90 – no Invasão Geek, evento promovido pelo Sesc RN em Natal, e ainda contará com uma roda de conversa com o Jornalista Lúcio Amaral – colecionador e membro do Museu do Videogame Potiguar – e o produtor cultural Daniel Garcia, criador do Yujô.

E no início de Junho, nos dias  8 e 9, o Museu do Videogame Potiguar será uma das atrações da GGCon de 2024, levando seu acervo de consoles raros, como o primeiro console caseiro da história, e um gameplay retrô com todos os consoles que marcaram gerações, desde o Atari 2600 aos mais modernos.

Manter um museu do videogame significa manter a própria história viva. Poder contar ao vivo e a cores a evolução daquilo que tanto amamos, o jogar videogames. O Museu do Videogame Potiguar nasceu com essa proposta, manter viva a história, não só nos livros, mas no próprio objeto.

Poder tocar e jogar esses consoles é fazer uma viagem no tempo. Temos a oportunidade de pegar o primeiro videogame do mundo – o Magnavox Odyssey – ligar ele e ter a mesma sensação que crianças e adultos tiveram em 1972. E não é só o jogar, é o sentir, o cheirar. Todos eles têm algo de especial e trazem consigo toda a história de vida, tanto dos que vivenciaram sua época como a do próprio console.

Magnavox Odyssey – Primeiro console caseiro do mundo em exposição pelo Museu do Videogame Potiguar

Essa é a maior importância do museu, manter viva toda essa história e um dia apresentar para os nossos filhos, nossos netos aquele jogo que passávamos horas para zerar, aquele recorde quebrado até o evoluir do que nossos filhos estarão jogando. Manter um museu e deixar um legado para as próximas gerações dessa arte fantástica que é jogar videogame.

*Com informações de GameBlast

 

Imagens: Divulgação

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