Com um total de quatro cidades atendidas em uma semana, a equipe do projeto Caravana Espacial retorna a Natal, mais uma vez, com o sentimento de missão cumprida. O roteiro audacioso começou com uma manhã de atividades em Recife, seguiu para Olinda com programações à tarde e à noite. As ações também aconteceram durante todo o dia seguinte, em Palmares, Pernambuco. Por último, a Caravana Espacial parou em Queimadas, na Paraíba, com muitas atividades voltadas para a divulgação em astronáutica e astronomia.
Ao finalizar essa jornada, a Caravana Espacial completou 24 missões, fazendo o interior do Nordeste encontrar o “Espaço”. Foram diversas atividades lúdicas e educativas que atenderam crianças, jovens, adultos e idosos de todas as idades, e mostraram como o conhecimento científico aeroespacial é um tema comum ao dia a dia das pessoas.
Uma das ações que buscam informar e divertir as pessoas que passam pela missão é o planetário móvel. O equipamento, que foi emprestado e operado pela equipe do projeto irmão Cometa Nordestino, promoveu diversas sessões em todas as cidades visitadas, durante a jornada de missões, e encantou a todos.
O grupo de pesquisadores da UFRN busca tornar mais atrativas as carreiras nas ciências exatas, como Física, engenharias e Astronomia, que geralmente são temidas pelos estudantes. Parte dessa rejeição se deve ao fato deles não poderem vivenciar o conteúdo de maneira prática, muitas vezes, pela falta de materiais/equipamentos que auxiliem o trabalho didático do professor, por exemplo.
O Professor de física da Escola Estadual Assis Chateaubriand, Rafael Quintas, que já faz parte desse universo, nunca tinha participado de algo semelhante à missão da Caravana, e considerou o evento fantástico. “Uma maravilha. Adoramos o planetário e os foguetes. Eu não imaginava que íamos ter uma coisa dessas. Os alunos estão encantados”, disse.
Rafael participou da Missão Maracatu Espacial que ocorreu na Coordenadoria do Ensino de Ciências do Nordeste (CECINE), no campus da Universidade Federal de Pernambuco, em Recife. O evento contou com o apoio do colegiado da Rede Nordeste Aeroespacial (RNA) para receber turmas do Ensino Médio de escolas estaduais. No local, foram oferecidas palestras; oficina de foguetes de garrafa PET; experimentos científicos diversos; banners contando a história do desenvolvimento científico e tecnológico espacial; e sessões de planetário.
Durante as palestras, Samuel Justino sempre levantava a mão para responder os questionamentos dos palestrantes. O garoto de 17 anos gosta muito de estudar Astronomia e áreas afins. Para ele, é muito importante divulgar as potencialidades do Brasil no mercado aeroespacial, “Uma pauta que deve ser conversada também, porque é algo que está no nosso dia a dia e não percebemos. É algo que usamos diariamente, como internet e GPS.”
Motivada com a possibilidade de plantar a “sementinha” da curiosidade pela ciência em um número cada vez maior de jovens brasileiros, a equipe se deslocou até o campus do IFPE em Olinda para realizar uma missão espacial, inspirada na poesia da canção Táxi Lunar, interpretada pelo grande Alceu Valença.
E não foi preciso apanhar, na beira-mar, “um táxi pra estação lunar”, pois os participantes do evento puderam admirar o satélite natural da Terra, bem de pertinho, pelas lentes dos potentes telescópios do projeto, lá mesmo, no campus. Porém, a conclusão da oficina de foguetes se deu à beira-mar, simulando, mais de perto, uma base de lançamento real (como é o caso do Cabo Canaveral, na Flórida/EUA, e dos Centros de Lançamento de Alcântara e da Barreira do Inferno, no Brasil).
O campus de Olinda está sem Professor de física desde o início deste ano, por isso, a diretora geral, Luciana Tavares, agradeceu imensamente a escolha do local para realização da missão. Ela agradeceu também aos alunos pela participação ativa nas atividades durante todo o evento, que traz “temas tão distantes da vida da gente”, segundo ela.
Apesar disso, um grupo de estudantes do curso técnico em Computação Gráfica luta para vencer as barreiras estruturais e sociais. Paulo Dias, Carlos Vinícius e Miguel Queiroz conquistaram medalhas de ouro na Mostra Brasileira de Foguetes de 2023 (MOBFOG-2023), por ocuparem a décima colocação. Eles foram incentivados a participar da olimpíada por intermédio do Professor de física do IFPE – Campus Palmares.
Em Palmares, os alunos estavam ansiosos pela chegada da Caravana Espacial. Desde que Jadson Pereira, Jason Miranda e Ítalo Silva também foram premiados na MOBFOG 2023, os demais estudantes do campus se sentiram motivados a participar da competição, e enxergaram no evento da Caravana uma oportunidade de aprender mais sobre o assunto.
O Professor de física do Instituto Federal, Josiel Cunha, promove o estudo da física aplicada em projetos na área aeroespacial e astronômica. Um dos projetos que ele coordena é o LABMAKER, um laboratório completo e multiuso, que possibilita o desenvolvimento de habilidades e competências necessárias ao setor tecnológico e científico.
Dentro do laboratório têm surgido vários talentos para astronáutica e astronomia, como o Silvio Marques, que construiu um telescópio usando impressão 3D. Mas ele não parou nisso. Junto com o Professor Josiel, está executando o projeto AstroEducação: Despertando Estrelas nos Céus de Palmares. Iniciativa que lhe rendeu o primeiro diploma honorário de Cientista-mirim do Projeto Caravana Espacial.
O diploma é um reconhecimento ao mérito de jovens aprendizes vocacionados para as carreiras nas Ciências e Tecnologias Aeroespaciais. Como explica o Professor José Henrique Fernandez, coordenador do projeto Caravana Espacial, “O diploma foi instituído para destacar os jovens talentos locais, encorajando-os, ainda mais, a continuarem suas atividades na área e, ao mesmo tempo, estimulando seus pares a fazerem o mesmo”.
Saindo de Pernambuco, e entrando em território Paraibano, a Caravana parou em Queimadas, município próximo a Campina Grande, que é conhecido como Cidade das Pedras, pelo grande volume de formações rochosas presentes no local. Fator que é bem aproveitado pela população com o incentivo à prática de esportes de aventura (como down hill, rapel, montanhismo e trilhas).
Essa vantagem tem tornado a cidade atrativa para o turismo de aventura, mas além disso, recentemente, a gestão municipal decidiu investir em outro nicho desse mercado, que ainda é pouco explorado no Brasil: o Astroturismo. Uma vertente do turismo voltada para observação dos astros e fenômenos celestes em locais com menor poluição luminosa e atmosférica. Isto é, cidades com o céu privilegiado e que despertam a atenção de apaixonados pela astronomia observacional em todo o mundo.
Para saber mais sobre as missões, siga o Instagram oficial do projeto @caravanaespacial.
Imagens: Divulgação
Fonte: Agecom/UFRN