Análise: Princess Peach: Showtime! (Switch): uma amálgama de gêneros em forma de um lindo espetáculo

Princess Peach: Showtime! foi anunciado em setembro do ano passado, durante uma apresentação do Nintendo Direct. Desde então, esta nova aventura solo da princesa do vestido cor-de-rosa causou um grande burburinho na comunidade, tornando-se um dos principais lançamentos para o Switch — não é para menos, já que Showtime é, praticamente, o principal AAA da Nintendo neste início de ano.

Uma demo chegou a ser disponibilizada em 6 de março, algumas semanas antes do lançamento principal, porém não trouxe nenhum conteúdo significativo para ser chamado de “material prévio”; pelo contrário, causou preocupações quanto ao polimento do produto final. Com a queda do embargo, embora as críticas publicadas tenham sido relativamente positivas, muitos veículos reforçaram que Showtime era “fácil demais” ou ainda “para garotas”, por se tratar de um título protagonizado por uma mulher.

Acontece que, por trás das cortinas, os bastidores não são tão inóspitos para a querida Peach: mesmo que sua nova jornada deixe aparente a idade do console híbrido, temos aqui uma aventura de ótima qualidade, acessível a diversos públicos. É hora de começar o show!

O Teatro (sem) Esplendor

A história a gente já conhece desde o anúncio de Showtime: certo dia, Peach e seus Toads encontram um cartaz anunciando os espetáculos do Teatro Esplendor, um lugar que tem um quê de mágico. No entanto, parece que a chegada dos habitantes do Reino do Cogumelo também trouxe uma reviravolta inesperada: assim que chegam ao local, a maléfica “manda-uva” Rubi e seus capangas, a Trupe Uvaparsas, tomam conta do local, aprisionando todos os artistas do Teatro e separando Peach de seus súditos.
Isso resulta em um clima de muito caos e apreensão. Com a esperança e o esplendor tirados dos carismáticos Ribaltinos, cabe à princesa do vestido cor-de-rosa se aliar a Estela, a guardiã do lugar, para colocar um fim nos planos da vilã. Com os poderes emprestados da fadinha, Peach é capaz de se transformar na luz no fim do túnel para as criaturinhas de nariz brilhante.
Porém, só os poderes de Estela não são o suficiente para triunfar sobre a escuridão e o caos de Rubi. Desse modo, a heroína desperta em si o talento para atuar e, tendo contato com o Esplendor de dez diferentes mestres da atuação — os Esplendistas —, ela finalmente entra em cena e prova que, mesmo por meio da improvisação, grandes artistas podem surgir.

Tudo junto e (quase) misturado

Showtime, diferentemente das principais entradas da franquia Mario, não é um típico jogo de plataforma. Na minha opinião, sua jogabilidade se assemelha mais aos títulos de Kirby, sobretudo Kirby and the Forgotten Land, para trazer uma jogabilidade diversificada, ditada pelas diferentes transformações de Peach.
São ao todo incríveis 30 estágios, três para cada papel que a protagonista assume, divididos nos seis andares do Teatro Esplendor (subsolo, térreo e os pisos 1 a 4). Chamadas de Atos, as fases apresentam desafios até que lineares, mas com uma dificuldade que escala de acordo com nosso progresso na campanha; em suma, todos os primeiros Atos servem mais como uma introdução às capacidades das transformações, enquanto os outros dois já colocam à prova nossa maestria sobre os papéis.
Sendo assim, temos em Showtime uma grande variedade de gêneros misturados — do tradicional platformer de ação a stealth, passando por shoot ‘em up, ritmo e point-and-click, para nomear alguns —, deixando a aventura sempre com aquele ar de novidade. Digo isso porque não jogamos todos os atos de uma transformação em sequência; na verdade, com exceção do subsolo do Teatro, as outras 20 fases do jogo estão espalhadas pelos andares, sendo necessário enfrentar um chefão para seguir para o próximo.
Por exemplo, no térreo temos a introdução aos papéis de Espadachim, Ninja, Vaqueira e Confeiteira, mas só vemos o segundo ato da Ninja no terceiro andar, depois de passar por três chefes. Além disso, não há uma ordem específica para jogar as fases e podemos escolhê-las conforme nossa vontade; a única “restrição” é que precisamos jogar o primeiro ato da Espadachim como uma introdução a Showtime em si.

Atos individuais que se transformam em histórias completas

Embora tragam jogabilidades diferentes, cada fase do jogo conta uma historinha com começo, meio e fim, nos passando a sensação de que estamos, no controle de Peach, encenando uma peça teatral. No entanto, quando colocamos os três atos de cada transformação lado a lado — sério, faça o teste aí —, temos uma trama ainda mais magnífica que gira em torno daquele papel.
Para quem prefere uma aventura mais casual, Showtime traz desafios justos em suas 30 fases lineares, mas complecionistas de plantão se deliciarão tentando encontrar todas as Esplendoritas escondidas nos atos, bem como as diferentes estampas para variar os visuais de Peach e de Estela dentro do Esplendor. Esses colecionáveis contribuem para um divertido fator de rejogabilidade que, aliado ao conteúdo pós-jogo, nos passa um gostinho de não querer ver o fim da campanha.
A única ressalva é que não podemos selecionar pontos específicos de cada ato para procurar os conteúdos extras perdidos, fazendo com que precisemos rejogar toda a fase, do início ao fim, para isso. Essa questão afeta também os diálogos, que não podem ser pulados; então, se você tiver boa memória, prepare-se para ter os scripts decorados em poucos minutos.
Para além das fases, temos batalhas contra chefões extremamente bem-feitas e empolgantes. Esses Chefes Sombrios também dão um show de diversidade, muitas vezes nos obrigando a estudar seus padrões de ataques antes de enfrentá-los, mas sempre respeitando a dificuldade equilibrada para todos os tipos de público-alvo.

Um espetáculo à parte

Um dos pontos altos da nova aventura de Peach, na minha opinião, é como o jogo leva ao pé da letra os elementos teatrais, com direito até mesmo à campainha que anuncia o início do espetáculo; nos bonitos e coloridos cenários, encontramos árvores de madeira, grama falsa, marionetes e muito mais. Até mesmo o medidor de progresso remete a um panfleto de programação teatral, nos mostrando quantas Esplendoritas encontramos em cada fase dos andares, por exemplo.
Além da incrível apresentação audiovisual, com destaque para as cativantes músicas que embalam as atuações de Peach, precisamos apenas do analógico esquerdo e dos botões A, B e ZL/ZR para realizar ações específicas em cada ato. Os comandos aqui não são complexos, deixando a jogabilidade simplificada para todo mundo; inclusive, se levarmos em consideração o fator acessibilidade, acredito que até PcD conseguem aproveitar este show.
Por falar em acessibilidade, temos ainda uma excelente localização para o português brasileiro, com expressões e trocadilhos bem-bolados e linguagem de fácil entendimento para todos os gostos. O único infortúnio é que o idioma do jogo está atrelado ao do Switch, então, caso você prefira usar seu console em outra língua por algum motivo, saiba que isso afeta Showtime.
Infelizmente, este é um título que deixa clara a idade do console híbrido da Nintendo, com telas de salvamento e carregamento um tanto quanto longas para a proposta do jogo, isso sem falar em alguns lags pontuais em cutscenes e ao explorar o Esplendor, mas que, para nossa sorte, não afetam a jogabilidade como um todo. Showtime, claro, é mais bonito no modo TV, mas é perfeitamente aproveitado no portátil, embora o visual fique ligeiramente mais borrado.

Ingresso para a primeira fileira, por favor!

Princess Peach: Showtime, com uma clara inspiração nos jogos de Kirby, traz uma aventura marcada por acessibilidade e diversidade. É, acima de tudo, um show de coreografias, músicas, figurinos e cenários de encher os olhos, sem cair no mais do mesmo ao sempre nos apresentar desafios justos e bem-bolados com seu extenso conteúdo.
Mesmo que o retorno triunfal de Peach aos holofotes seja afetado pelas marcas do tempo, que infelizmente chegou para o Switch, esta aventura teatral é uma boa pedida não apenas para fãs da princesa mais famosa dos videogames, mas também às pessoas que querem se divertir com uma jogabilidade casual e divertida.

Prós

  • Excelente localização para o português brasileiro, com linguagem simples, expressões atuais e trocadilhos bem-bolados;
  • Os controles simples garantem acessibilidade a todos os públicos;
  • As transformações garantem variadas sessões de jogatina, transformando-se em uma ode a diferentes gêneros dos videogames;
  • Os desafios trazem dificuldade justa, sem ser muito difíceis ou fáceis;
  • Extensa quantidade de conteúdo para explorar, especialmente no pós-jogo, aumentando o fator de rejogabilidade;
  • Batalhas contra chefes extremamente divertidas, bem-feitas e desafiadoras na medida certa;
  • Toda a composição audiovisual, das músicas aos cenários, é um espetáculo que faz jus à temática do teatro;
  • Os Ribaltinos são carismáticos e bonitinhos.

Contras

  • Algumas transformações poderiam ter sido mais trabalhadas em jogabilidade;
  • Telas de carregamento e salvamento lentas para a proposta do jogo;
  • No modo portátil, a arte é ligeiramente borrada;
  • Alguns momentos pontuais de lag, sobretudo em cutscenes e explorando o Teatro, mas nada que comprometa a jogabilidade em si;
  • Idioma do jogo atrelado ao do console;
  • Sem possibilidade de pular diálogos ou selecionar momentos-chave das fases na hora de refazê-las.

Princess Peach: Showtime! — Switch — Nota: 8.5

Análise feita por Juliana Paiva Zapparoli

Fonte: Nintendo Blast

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