O autor de mangá Akira Toriyama, criador de séries como “Dragon Ball” e “Dr. Slump”, morreu aos 68 anos no Japão.
Em comunicado escrito pelo Bird Studio, seu estúdio de produção, foi informado que o autor faleceu no último dia 1º de março devido a um hematoma subdural agudo. Splash detalha agora a importante carreira do autor de mangá.
Seu legado nos mangás
Nascido em Aichi, no interior do Japão, Akira Toriyama era fã de mangás e abandonou uma carreira de designer aos 23 anos para se dedicar aos quadrinhos. Ele se inscreveu em alguns concursos da editora Shueisha e logo foi descoberto pelo diretor Kazuhiko Torishima, um dos responsáveis por projetá-lo.
Após algumas histórias curtas, Toriyama começou a publicar uma série semanal na revista Shonen Jump, a comédia “Dr. Slump”. Ambientada na Vila Pinguim, a protagonista era uma robô superforte que deixava um rastro de destruição por sua falta de noção e personalidade brincalhona. A história se tornou um fenômeno, rendendo anime, brinquedos e emplacando os bordões da personagem entre as crianças.
Após 18 volumes encadernados, Toriyama desenvolveu uma outra série para a Shonen Jump, uma que mudaria sua vida: “Dragon Ball”. Originalmente criada para ser uma comédia leve com pitadas de artes marciais, Toriyama seguiu os conselhos de seu editor Torishima e focou na ação.
“Dragon Ball” foi publicado de 1984 a 1995, e depois do término da série Toriyama deixou de trabalhar sob o exaustivo esquema de produção semanal. Porém, o autor continuou fazendo algumas obras curtas, como a aventura distópica “Sand Land”, a comédia “Neko Majin Z” e histórias contidas como “Cowa”.
Arte nos games
Toriyama se envolveu em projetos no mundo dos jogos eletrônicos enquanto desenhava as páginas de “Dragon Ball”.
Em 1986 se tornou o artista responsável pelas artes e designs do RPG “Dragon Quest”. Rapidamente a franquia se tornou um fenômeno no Japão, e Toriyama seguiu desenhando os monstros e personagens dos episódios seguintes. Seu último trabalho lançado na franquia principal foi em “Dragon Quest XI”, lançado em 2017.
Outro título muito expressivo de Toriyama foi “Chrono Trigger”, de 1995. Além de criar o design dos personagens, seu próprio estúdio ajudou a Toei Animation a criar cenas em anime para o relançamento para PlayStation em 1999.
Toriyama continuou trabalhando em várias franquias dos games, como na série de luta “Tobal” e no RPG “Blue Dragon”. Ele também contribuiu criando personagens inéditos para os jogos de “Dragon Ball”.
De volta a “Dragon Ball”
Com o sucesso de Goku e seus amigos no ocidente, a franquia “Dragon Ball” ganhou uma sobrevida. Assim, Toriyama flertou com um retorno à sua série mais famosa. Em 2012 ele ajudou a desenvolver o filme “Dragon Ball Z: A Batalha dos Deuses”, criando personagens inéditos e contribuindo com o roteiro mais puxado para a comédia.
Em 2013 ele voltou à Shonen Jump com um mangá curto semanal, “Jaco, O Patrulheiro Galáctico”, que está conectado ao universo de “Dragon Ball”. Após o sucesso do filme “Dragon Ball Z: O Renascimento de Freeza” em 2015 ficou claro que a Toei Animation e a editora Shueisha tinham muito interesse em continuar com a série “Dragon Ball”.
Dessa forma, em junho de 2015, começou a ser publicado o mangá “Dragon Ball Super” na revista V Jump, a continuação oficial de “Dragon Ball”. Toriyama dessa vez contribuiu apenas com ideias para o roteiro e supervisão, porque o desenho ficou a cargo de Toyotaro, um mangaká que conseguia replicar o estilo icônico do traço de “Dragon Ball”. A continuação ganhou ainda um anime e dois longas-metragens.
E Akira Toriyama continuava sendo celebrado em vida. Para o ano de 2024 estava prevista muita festa, afinal se comemoraria os 40 anos da publicação original de “Dragon Ball”. A editora Shueisha vinha divulgando mensalmente uma exposição na qual 42 autores de mangás convidados recriavam capas das edições de “Dragon Ball”. Este ano ainda estava previsto o lançamento do anime comemorativo “Dragon Ball Daima”, desenvolvido pelo próprio Akira.
Seu trabalho influenciou autores de sucesso da atualidade, como Eiichiro Oda (“One Piece”) e Masashi Kishimoto (“Naruto”), e ajudou a popularizar o mangá fora do Japão. É bem possível que, se não fosse a mente de Toriyama, não teríamos um público tão fã de animes do lado de cá do globo. O falecimento de Akira Toriyama é uma grande perda para não só para o mercado de mangás, como para toda a cultura pop mundial.
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Fonte: Splash UOL