Lords of Exile, primeiro projeto da desenvolvedora Squidbit Works, foi lançado após uma bem sucedida campanha de arrecadação iniciada em 2020. Apesar de não ter conseguido alcançar todos os objetivos estipulados pela campanha, o jogo foi lançado com sucesso e nesta análise vamos conferir o que este interessante título de ação com estética retrô tem a oferecer.
As terras de Exilia sangram
Lords of Exile se passa no reino de Exilia, uma terra que está sofrendo com conflitos causados pela invasão de criaturas da noite e samurais impiedosos. Em meio a este verdadeiro caos, um cavaleiro amaldiçoado que tem a mesma sede de sangue dos invasores se torna a única esperança para enfrentar e banir o mal que invadiu a região, guiado pela sede de vingança contra Galagar, líder das forças malignas.
Lords of Exile é um game de ação em plataforma com estética 8-bit, mas com uma jogabilidade com qualidade e fluidez de títulos da geração 16-bit. No controle de Gabriel, um poderoso cavaleiro amaldiçoado capaz de usar habilidades sobre-humanas além de invocar e controlar entidades, devemos encarar uma campanha linear por 8 fases para derrotar as forças do mal e libertar o reino de Exilia.
Com comandos simples e precisos, Gabriel tem a sua disposição uma poderosa espada, sua arma principal na luta contra os mais ferozes inimigos. Além de sua lâmina sanguinária, o guerreiro faz uso de armas auxiliares como adagas, foices e lâminas com propriedades de bumerangues para abater seus adversários.
Gabriel é capaz de obter as habilidades dos chefes derrotados. A cada um que encontra o destino sob sua lâmina, o homem obtém uma nova técnica para ajudá-lo em sua jornada. São habilidades passivas que vão se integrando ao gameplay e tornam a jogabilidade cada vez mais divertida. Ao derrotar o primeiro chefe Gabriel obtém mais poder para sua lâmina. Ao derrotar o segundo ele obtém o salto duplo, e assim por diante. Ao chegar no oitavo à última fase do game, ambos personagem e jogador já estão aptos o suficiente para transpor um dos níveis mais desafiadores de Lords of Exile.
Outra habilidade, a oriunda da maldição de Gabriel, faz com que o guerreiro possa invocar espíritos para ajudar no combate e a transpor alguns obstáculos. Um samurai é capaz de lançar projéteis para atacar à distância e destruir barreiras específicas, e um monstro com uma corrente pode usar sua arma para projetar o guerreiro por pontos de engate e atravessar abismos ou atacar inimigos a uma média distância.
Cara de Castlevania, corpinho de Ninja Gaiden
O visual retrô e o tema com um aspectos de horror e gótico, combinado às habilidades básicas de Gabriel, nos fazem pensar já de imediato que Lords of Exile tem como inspiração o clássico Castlevania, da Konami. Entretanto, conforme vamos nos adentrando cada vez mais no mundo de Exilia, o que eu realmente senti é que a jogabilidade tem muito do DNA de Ninja Gaiden.
A jogabilidade é precisa e rápida, mas não chega a ser propositalmente impiedosa como no game da Tecmo. Na verdade, os níveis em si até apresentam um nível de dificuldade bem honesto. As vidas do jogo são infinitas, o que torna o desafio facilmente administrável. Os chefes, em geral, são um destaque na jogabilidade, o que traz confrontos formidáveis e dinâmicas únicas para cada algoz. Pontuo o último chefe, que possui duas fases e dá um considerável trabalho para ser derrotado.
Uma vez finalizado o jogo, alguns extras (resultado das metas adicionais da arrecadação do desenvolvimento) trazem uma sobrevida extra ao jogo, com a liberação de uma personagem adicional chamada Lyria, que tem uma jogabilidade bem diferente de Gabriel; um modo Boss Rush para lutar contra os chefes; e um modo Speedrun, pois esse tipo de jogo é sempre um deleite para a galera que adora correr contra o relógio.
Lords of Exile é o tipo de jogo feito por quem viveu a áurea época dos games da geração 8-bit e 16-bit. Essa nostalgia em forma de jogo é sentida nos gráficos pixelados muito bem trabalhados e na estupenda trilha sonora que conta com a colaboração de Dominic Ninmark (Blazing Chrome) e Pentadrangle (Cyber Shadow). Além da participação especial do lendário compositor Yuzo Koshiro na faixa de encerramento do game. De modo geral, é um produto que vai agradar muito quem tem apreço por, ou mesmo que viveu, essa época.
Contudo, mesmo com muitos méritos, Lords of Exile tem alguns tropeços em sua execução. O principal está na mecânica das entidades invocadas por Gabriel, já que possuem um uso muito específico e não se mostram tão eficientes exceto quando são obrigatoriamente necessárias, como citado no tópico anterior. Gabriel se torna tão hábil e poderoso que eles não passam de meras ferramentas nos momentos finais do game.
A falta de um ajuste de dificuldade, como o de ter vidas limitadas ou restringir algumas habilidades, seria interessante, principalmente para quem busca grandes desafios. Alguns modos adicionais não foram inseridos por não atingirem as metas da campanha de arrecadação, mas nada impede que eles possam dar as caras no futuro caso o jogo comece a ficar mais popular.
Venha pela nostalgia, fique pela qualidade
Lords of Exile oferece uma jornada empolgante através de seu mundo composto por um mix de gótico e medieval, combinando elementos nostálgicos com uma jogabilidade ágil e recompensadora. Com uma estética retrô bem elaborada e uma trilha sonora excepcional, o jogo cativa os jogadores que buscam uma experiência autêntica inspirada na era dos consoles 8-bit e 16-bit. É o tipo de jogo que valeria muito aquele aluguel do cartucho no fim de semana.
Prós
- Jogabilidade precisa e rápida, inspirado em Ninja Gaiden;
- Visuais bem trabalhados e detalhados, inspirados em Castlevania;
- Extras pós-jogo (novo personagem, Boss Rush e Speedrun) dão uma sobrevida bem-vinda;
- Trilha sonora excepcional.
Contras
- O uso das entidades é pouco aproveitado, além dos momentos em que eles são obrigatoriamente necessários;
- Sem ajustes de dificuldade (como desativar as vidas infinitas) para deixar o jogo mais adequado para jogadores que buscam desafios.
Lords of Exile — PC/PS5/PS4/XSX/XBO/Switch — Nota: 8.0Versão utilizada para análise: PC
Análise feita por Alexandre Galvão
Fonte: GameBlast