Carnaval inclusivo: terapeuta ocupacional dá dicas para incluir crianças com autismo na folia

O quebra-cabeça foi o símbolo escolhido para a conscientização em relação ao autismo - Foto: Getty Images

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Durante o carnaval é comum a passagem de blocos, batuques e estímulos visuais e sensoriais que podem ser processados com maior dificuldade por crianças com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Isso, no entanto, não significa que essa população deva ser excluída das celebrações: há uma série de ações que podem ser adotadas por familiares, amigos e pela sociedade em geral para garantir uma celebração inclusiva.

De acordo com a terapeuta ocupacional do Instituto Santos Dumont (ISD), Jardany Barros, a primeira estratégia que pode ser adotada pela família é a preparação antecipada para a celebração. “Essas pessoas frequentemente apresentam um padrão de rigidez comportamental, tornando eventos que fogem à rotina desafiadora”, explica a terapeuta ocupacional.

“Proporcionar à pessoa uma compreensão prévia do que ocorrerá durante um determinado período é crucial. O uso de estratégias visuais, como imagens que representem simbolicamente esse período, calendários visuais e histórias sociais, pode ser eficaz”, orienta.

Ela ressalta, ainda, a importância de adotar uma linguagem simples, integrada aos métodos visuais, para garantir a efetividade na comunicação.

Além disso, é recomendável que as famílias procurem locais que ofereçam também espaços reservados, que possibilitem que a criança se retire do ambiente mais movimentado caso for necessário.

“Evitar fontes de estímulo aversivas, como fogos de artifício ou barulhos altos, contribui para minimizar potenciais desencadeadores de crises. Respeitar as preferências sensoriais da criança é fundamental, seja em relação à vestimenta, texturas de alimentos ou a oferta de dispositivos de acomodação sensorial, como abafadores auriculares ou óculos escuros, conforme as necessidades individuais.”, destaca.

Acolhimento

Todas essas estratégias, no entanto, não garantem que uma crise sensorial não possa acontecer. Portanto, é importante que acompanhantes de pessoas autistas estejam atentos aos sinais verbais e não-verbais que possam indicar algum desconforto. Nesses casos, a terapeuta ocupacional destaca que é importante respeitar a tolerância e o limite do indivíduo, redirecionando-o para um espaço mais calmo e com menos estímulos sensoriais.

“O ponto de partida essencial é o respeito e a compreensão. Reconhecer que a maneira pela qual uma criança autista busca diversão pode diferir consideravelmente do convencional.”, afirma Jardany Barros.

Ela destaca ainda que é possível que essas pessoas se movimentem de maneira singular, emitindo sons variados, principalmente na infância, e abordando as pessoas de forma mais direta, ocasionalmente com a repetição de palavras ou frases de forma mais insistente.

“Entender que essas expressões representam a forma delas de se relacionarem com o mundo é o alicerce para favorecer a compreensão e diminuir os olhares julgadores e comentários desagradáveis e impactam na participação social. É fundamental estar atento às necessidades individuais da pessoa autista. Respeitar suas escolhas em relação à participação em eventos festivos e como desejam participar”, completa.

Crédito da Foto: Getty Images

Fonte: G1 RN

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